Do Punk, Nasce uma Cena Independente

A ideologia “Do It Yourself” desse movimento da década de 1980, com bandas como Primal Scream (foto), foi fundamental para o surgimento de um cenário Indie e ainda hoje é relevante

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Fotos: Na foto: Primal Scream

Indie Music, Independent Music, Música independente – nada melhor do que falar sobre o surgimento desse cenário do que nas vésperas do dia da Independência. Bom, mesmo esse seja o tema da época apenas no Brasil, e não a na Inglaterra, país onde tudo deu início, o simbolismo é o que marca as datas de libertação de um território colonizado para com seu reino. No caso da música, libertação dos músicos para com as gravadoras.

Como dito, tudo começou na Inglaterra e a base foi o movimento “Do It Yourself”(DIY)(“faça você mesmo”) que foi um marco da cultura Punk que tomou conta do país no final dos anos 70. A ideia anárquica de que cada indivíduo deveria exercer seus desejos e criações, desde que pautadas na ética, é claro, sem que houvesse algum órgão ou organização que censurrase, influenciasse ou limitasse tal ação, também era olhada com bons olhos pelos músicos que se viam oprimidos pela Indústria Cultural.

O primeiro marco do início da independência do cenário musical se deu com uma fita cassete lançada em 1981 pela revista NME. Com o nome C81, em referência ao ano de seu lançamento, ela continha artistas do underground da época e que eram conhecidos apenas pelos leitores de revistas especializadas. Nessa fita, a maioria das bandas era Punk como a Buzzcocks, isso devido ao recente período do estilo no mundo da música, mas já apresentava um pouco de Post-Punk – que seria o principal do movimento da música independente.

Dava-se assim, mesmo que simbolicamente, o início do selo independente. Cinco anos depois, viria a C86 que resultaria na confirmação da proposta. Dessa vez, os artistas já apresentavam uma outra sonoridade, mais branda, um Pop independente: Indie Pop.

Primal Scream e The Pastels são os destaques desse cassete, que foi responsável por dar mais força para o Pop/Rock Alternativo e o Indie Pop/Twee Pop que viriam a formar uma legião de bandas sucessoras nos anos seguintes e até os dias de hoje.

Sabemos que, antes, lá no final dos anos 60/começo dos anos 70, bandas como Beatles, Rolling Stones e Elton John já haviam criado seus próprios selos, a Apple Records, Rolling Stone Records e Rocket Recrods, respectivamente. Porém, isso se deve ao fato de que tais artistas já apresentavam um relevante tempo de carreira e, consequentemente, verba muito maior que dos iniciantes, e por isso conseguiam dar seus próprios passos na produção.

A oportunidade dada pelos cassetes da NME foi um passo importante para mostrar para os artistas underground que havia sim como ser divulgado sem precisar cair em contratos de interesse apenas das grandes gravadoras. Se hoje temos bandas independentes divulgando seu material em MySpace, Soundcloud e Bandcamp, entre outros, muito deve-se a essas iniciativas de antigamente, que deram um passo importante para a produção e divulgação própria, à sua maneira, que mesmo que um pouco mais trabalhosa garante que é o artista que comanda a si próprio. Afinal, o artista é e tem que ser livre.

C86 by Vitor Ferrari on Grooveshark

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Autor:

Marketeiro, baixista, e sempre ouvindo música. Precisa comer toneladas de arroz com feijão para chegar a ser um Thunderbird (mas faz o que pode).