Elas: A Música de Hoje em Vozes Femininas

Algumas das boas e promissoras artistas em atividade por aí

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Fotos: Mario Testino

O que seria da música popular sem as mulheres? Há bastante tempo, ainda nos meados do século 20, as vozes femininas começaram a aparecer em grande número, oferecendo uma opção de suavidade/sentimento diferente do que podiam transmitir os cantores. Com o tempo, sua presença se tornou permanente, incorporando também as funções de compositoras, musicistas e criando obras totalmente calcadas na condição de ser mulher neste mundo. A partir da segunda metade da década de 1960, as demandas por igualdade de direitos, a questão feminista, entre outras situações, se incorporaram ao ideário das vozes das mulheres na música. Sua presença e multiplicidade só fez crescer exponencialmente, oferecendo um leque enorme de opções. Cantoras românticas, cantoras sentimentais, cantoras insinuantes, cantoras com palavras de ordem, não há quase distinção entre o poderio midiático que um artista masculino pode deter em relação ao que pode conseguir uma mulher no mesmo nicho.

E a gente, aqui do Monkeybuzz, como fica? Somos fãs das mulheres, em todos os campos da sociedade, não seria diferente com a música popular. Dentro do que acreditamos como valioso e interessante, separamos uma listinha de nomes para você conhecer, procurar, ouvir e amar. Não necessariamente nesta ordem, mas todas elas têm o selo Monkeybuzz de qualidade, podem confiar.

Ellie Goulding

Cantora e compositora inglesa que tem na capacidade de mesclar sonoridades contemporâneas e interpretação apaixonada seu maior trunfo. Sua voz transmite doçura e um travo amargo quando necessário. Lançou um bom álbum no ano passado, Delirium. Um bom começo para se encantar por ela.

Alessia Cara

A jovem canadense tem 19 anos e chegou como um raio na cena musical no ano passado. Com um álbum lançado pelo prestigioso selo Def Jam, Alessia transita pelos terrenos da música negra contemporânea, mas tem um pé afetuoso nos anos 1990, algo que ela demonstra ao reeditar o sample de Ike’s Rap, de Isaac Hayes, o mesmo usado por Portishead e Tricky em canções passadas. Ouçam o primeiro álbum da menina, Know It All.

Little Simz

Nascida Simbi Ajikawo, esta rapper inglesa adotou o nome de Little Simz e vem despertando interesse dos que militam na seara das sonoridades negras subterrâneas. Afiançada por Jay-Z e com EPs e mixtapes lançandos nos últimos dois anos, a menina chegou com força em 2015, com o primeiro disco A Curious Tale Of Trials + Persons.

Carla Morrison

Esta mexicana de voz desesperada e entristecida é uma das mais interessantes cantoras/compositoras em atividade e isso não é exagero. Carla tem um romantismo vintage misturado com a rapidez e independência dos nossos tempos. Seu último álbum, Amor Supremo tem várias canções memoráveis. Você precisa conhecê-la.

Sofia Freire

Ela é uma jovem cantora pernambucana com grande desenvoltura ao piano,vocais leves e canções com pé firme na obra de gente como Fiona Apple e na junção da música brasileira dos anos 1970 com visão de hoje. Seu primeiro trabalho, Garimpo, foi um dos melhores álbuns de estreia em 2015.

Mahmundi

Marcela Vale, também conhecida como Mahmundi, é cantora e compositora. Tem amplo trânsito por uma música mais independente e eletrônica, porém, seu último single, Eterno Verão, acena para um abraço a uma canção mais solar, dourada e que lembra algumas composições de Marina Lima nos anos 1980. Promessa de grandes emoções em 2016.

Sara Não Tem Nome

A banda de uma menina só, no caso, a mineira Sara Braga, é, no mínimo, surpreendente. Sara tem habilidade incontestável na composição, tem apreço pelo Folk mais clássico, porém não hesita em adentrar sonoridades que gente como Death Cab For Cutie poderia perpetrar. Seu primeiro álbum, Ômega 3, é quase um diário sobre como ser adolescente e sobreviver a isso.

Adele

Sem dúvida, uma das grandes vendedoras de discos da atualidade, Adele é inglesa e tem 27 anos. Fez sucesso desde cedo, com aquele que ainda é seu melhor trabalho, 19, no qual apresentou sua voz solene e versada na linhagem clássica de cantoras como Dusty Springfield e Whitney Houston para o mundo. Muitos a acusam de ser chata, mas a moça só está cantando Pop clássico, com baladas e grandes arranjos. O novo álbum, 25, já está no topo das paradas há algum tempo.

Courtney Barnett

Esta australiana de 27 anos é uma das mais interessantes cantoras surgidas no que se entende por Rock em 2016. Courtney tem apreço igual por algum senso Folk de verdade e por guitarras crocantes e estridentes, que podem vir lá dos anos 1990. Seu novo álbum, Sometimes I Sit And Think, Sometimes I Just Sit, tem na simplicidade seu grande trunfo, misturando narrativas do cotidiano desfavorável de hoje com senso de humor e barulho. Que venham mais canções de Courtney em breve.

Grimes

Claire Boucher, a cantora e compositora canadense que grava e se apresenta como Grimes, é, no mínimo, uma pessoa esquisita. Faz parte da experiência que oferece ao público dar uma boa cutucada no senso comum, com muita maquiagem diferente, penteados extravagantes, perucas sinistras e tudo que pode quebrar a noção de beleza mais consensual, privilegiando novas opções. Além disso, Grimes pratica uma música eletrônica moderna, ganchuda, de amplo espectro, que contrasta com seu visual estranho. Seu novo álbum, Art Angels, é prova desse contraste.

Seinabo Sey

Com 25 anos de idade e uma ascendência que mescla Suécia e Gâmbia, a cantora é uma das mais interessantes por aí. Sua música é negra, moderna, tem influência que vai de Lauryn Hill a Beyoncé. Seu segundo álbum, Pretend, foi lançado ano passado e a a faixa-título foi parar no FIFA 2016, uma das grandes vitrines de música nova para o público.

Willow

Sim é a pequena Willow, filha caçula do ator e ex-rapper Will Smith. Desde os doze anos ela realiza e divulga suas gravações, com frequência, num estilo que evoluiu do Rap mais usual para uma música eletrônica minimalista com ênfase em seus vocais. O primeiro álbum da menina, Ardipithecus, foi lançado há menos de um mês e aponta para uma carreira promissora, seguiremos de perto.

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Autor:

Carioca, rubro-negro, jornalista e historiador. Acha que o mundo acabou no meio da década de 1990 e ninguém notou. Escreve sobre música e cultura pop em geral. É fã de música de verdade, feita por gente de verdade e acredita que as porradas da vida são essenciais para a arte.