Emo: Afinal, você conhece o verdadeiro Emo?

Influenciado pelo Post-Hardcore, estilo surgiu como uma vertente de temática mais sentimental e pessoal, porém ao ir para o mainstream caiu em estereótipo

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Um dos estilos musicais mais polêmicos e contraditórios da música, o Emo até hoje causa divergências sobre seu nome, sua correta ou incorreta rotulagem, e ainda possui um certo preconceito, mesmo que bem menor do que o visto no momento de seu ápice – principalmente devido o estereótipo que acabou sendo criado em virtude de sua exposição um pouco deturpada e caricaturada por algumas bandas do mainstream. Por isso, vamos tentar explicar o que é o “verdadeiro” Emo, de onde veio, quais rumos tomou, e como e onde podemos encontrá-lo hoje. Conhecido por muitos por banda que víamos em clipes na televisão por volta de 2003 e 2006, com seus integrantes usando roupas pretas, franjas cobrindo o olho, usando lápis de olho, com músicas de temática extremamente depressiva e melódicas, na verdade esse não é o verdadeiro Emo, o Emo “raiz”.

O verdadeiro Emo surgiu na metade da década de 80, com maior foco em Washington D.C e San Diego. Originado do Hardcore e do Post-Hardcore, algumas bandas faziam um som ainda nos moldes desses estilos porém com temáticas mais pessoais, sentimentais, como desilusões amorosas ou com a vida no geral. Por ter esse viés, ganhou o rótulo de Emocore – um hardcore emotivo. Nome esse que gerou discussões, onde não houve uma boa recepção de parte das bandas que o ganharam. Entretanto, ganhou força, ainda mais por representar bem em palavras do que se tratava desse estilo que surgia no underground do país com a tidas bandas pioneiras, como Embrace, Rites of Spring, One Last Wish e After Words.

Ao poucos, o Emo – que nessa altura já havia tido seu nome reduzido para o jeito que acabou ganhando mais notoriedade e conhecimento – ganhava força no underground, e no início dos anos 90 começaram a surgir mais bandas, como Sunny Day Real Estate – tida como uma das mais importantes do estilo -, The Get Up Kids, Idian Summer e Cleons Down.

Com essa notoriedade do estilo crescendo, mesmo que no underground, a gravadora Deep Elm Records resolveu criar uma compilação de faixas de artistas emo independentes. Tratava-se de Emo Diaries, uma coleção de vários volumes que hoje somam-se onze e teve seu último volume lançado em 2011. Nomes como Jimmy Eat World e a brasileira Hateen figuram nessa coletânea.

Chegando aos anos 2000 o Emo veio ao mainstream. Muito disso deve-se ao lançamento do MTV Unplugged da banda Dashboard Confessional, de 2002, que fez o mundo conhecer o estilo. Entretanto, a roupagem que se via aparecendo na televisão era outra que se ouvia nos porões e casas de shows dos anos 80 e 90. Agora, o Emo ganhavam uma cara Pop, e os estereótipos que conhecemos hoje começavam a surgir. A partir de influências de gravadoras, como a Fueled by Ramen (tida como um berço do Emo Pop e responsável por artistas como Panic! at the Disco, Paramore e Fall Out Boy) e os canais de TV especializados em música, viram no estilo um estilo para se vender para além do musical, e sim de comportamento.

O resultado disso foram bandas como Good Charlotte, Simple Plan e My Chemical Romance, que se boas ou não, fugiam do que era o Emo original, aquele surgido nos anos 80 e com influencias de Fugazi, At the Drive In entre outras bandas do Post Hardcore, e caiam para o lado Pop e comercial.

Muito preconceito se criou em cima dos ouvintes de música Emo, principalmente esta veiculada pela mídia. Além disso, a estereotipação de ser uma música de suicidas, homossexuais e pessoas que se mutilavam por depressão, começou a surgir fazendo a reputação do estilo original se deteriorar. Porém, com o tempo passando, hoje muitas dessas bandas não são mais vistas com tanta frequência nos veículos de comunicação. O “hype” do Emo de lápis no olho se foi, e aos poucos algumas pessoas começaram a “confessar” que ouviam essas músicas.

Todavia, infelizmente com tudo isso, a história do estilo original acabou não sendo explicada, e o rótulo Emo ainda hoje é visto como algo negativo, e turvo, sem as pessoas saberem explicar do que se trata. Mas, felizmente, ainda temos bandas como Yage, The Pine , Lumber Lung e This Thown Needs Gun que seguem fiéis ao estilo original, o que mostra que temos uma geração que não se pedeu em meio a essa bagunça que a ida do Emo ao mainstream causou. E enfim, esperamos que todos consigam identificar e diferenciar ambos os sons, que, possuem em si suas qualidades individuais, e que devem ter seus ouvintes respeitados porém não confundidos.

Discografia Básica:

EmbraceEmbrace

Rites of SpringRites of Spring

One Last Wish1986

Sunny Day Real EstateDiary

Discografia Intermediária:

The Get Up KidsSomething To Wrote Home About It

Idian SummerIndian Summer

Cleons DownI Got a Plan

HateenDear Life

Jimmy Eat WorldJimmy Eat World

Dashboard ConfessionalDusk and Summer

Discografia Atual

Yage- Anders Leben!?

The PineDays Slipping By

Lumber LungLumber Lung

This Town Needs Guns13.0.0.0.0

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Autor:

Marketeiro, baixista, e sempre ouvindo música. Precisa comer toneladas de arroz com feijão para chegar a ser um Thunderbird (mas faz o que pode).