Entrevista: Beach House

Alex Scally comenta o ponto em que banda está, que gerou o disco “7”

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Se alguém já parou para pesquisar, ainda que de leve, sobre Dream Pop, certamente esbarrou no nome Beach House, banda norte-americana que ajudou a popularizar o gênero desde que Victoria Legrand e Alex Scally se juntaram em 2004. Catorze anos depois, seu recém-lançado 7 nos relembra que o duo segue com sua criatividade bastante viva, trabalhando pela primeira vez com Peter Kember na produção e entregando um novo rumo para seu som.

“Estamos felizes com o disco, sentimos que fizemos algo bom e honesto”, contou Scally ao Monkeybuzz por telefone, “é uma sensação boa, agora ele é do mundo. Sinto que a missão está cumprida. Ainda tem turnê para fazer e tudo o mais, mas já concluímos uma parte”. Veja a seguir o que mais o músico comentou sobre o álbum e sua carreira.

Monkeybuzz: A primeira pergunta é inevitável ao se tratar de 7: Como foi a decisão de trabalhar com um novo produtor desta vez?
Alex Scally, Beach House: Foi tudo muito natural. Sabe quando você come a mesma coisa por dias seguidos e chega uma hora que fala “não vou comer isso hoje”? (risos) Aí você vai em algum lugar e come outra coisa. Foi natural. Vimos as músicas que tínhamos e falamos “vamos fazer de outro jeito desta vez, o de antes já não nos agrada tanto”.

Mb: Penso que estar na estrada há catorze anos te dá a segurança para tomar uma decisão dessas, que pode ser arriscada. Alex Scally: Sim, você tem total razão. A única coisa legal sobre envelhecer… o seu corpo fica uma merda, você não consegue ficar acordado a noite toda, tem que se cuidar e tudo isso (risos), mas o que é legal é que você já sabe muito bem o que quer e o que não quer, como quer fazer as coisas. Há uma paz maravilhosa em se conhecer e saber o que gosta e o que não gosta. Foi isso o que aconteceu na hora de fazer esse disco. Se estamos no estúdio e alguém tá querendo impor alguma coisa, a gente só fala “ok, chega”. Não rola nem uma dúvida.

Mb: E depois de todo esse tempo trabalhando, como você explica o que é Beach House para alguém?
Alex Scally: Fazemos música imersiva. Acho que é isso. É difícil nos olhar do lado de fora, mas, se tem uma coisa que sempre tentamos fazer, é uma música em que você consegue entrar. Seja fazendo uma faixa ou um disco, rola uma intenção de algo pelo qual você não vai apenas passar reto, mas que te dá as boas vindas para você morar aqui dentro. Podemos não ser uma banda popular como outras são, mas temos um número considerável de pessoas que gostam do nosso som, e acho que isso acontece porque elas se sentem à vontade para estar dentro dele.

Mb: Aqui do lado de fora, ao ouvir você dizer isso, esse número de fãs se justifica também por parecer um projeto artístico mais consistente – há toda uma intenção de experiência, enquanto outras bandas apenas “fazem música”. Como você vê isso? Alex Scally: Eu entendo o que você tá falando, mas eu não acho que isso seja algo que a gente consegue definir. Acho que há razões diferentes para coisas diferentes. É assim que a gente trabalha, mas eu não vou falar que música Pop não é arte. Para mim, conseguir criar algo que fica na cabeça e agrada 40 milhões de pessoas é arte também. Tudo tem seu papel, seu propósito, sei lá. É assim que a gente trabalha, é tudo muito natural, mas ninguém é melhor que ninguém.

Mb: Conversando com outras bandas, daqui do Brasil e de fora, não é difícil alguém citar Beach House como influência. Como você lida com isso?
Alex Scally: Honestamente, eu não ouço muito isso. Mas é louco, acho que estamos começando a chegar naquele ponto em que alguém nos ouvia aos 15 anos e agora está aí fazendo música. Pra mim, Beach House é tão influenciado pela música dos anos 1960, 70 e 80 que, quando alguém diz que é influenciado por nós, provavelmente está dizendo que é influenciado por aquelas mesmas coisas.

Mb: Para terminar, conta um pouco sobre seu processo criativo para criar os discos?
Alex Scally: Acho que tanto eu quanto Victoria nos inspiramos pelos sons dos instrumentos. Às vezes, durante a turnê, escrevemos uma progressão de acordes e uma melodia. Isso pode começar uma música que surge só cinco anos depois. Gostamos de colecionar ideias por alguns anos, daí nos reunimos no estúdio e começamos a tocar para ver o que sai.

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ARTISTA: Beach House
MARCADORES: Entrevista

Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.