Entrevista: Daughter

Banda é atração do Popload Festival em novembro

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Daughter é uma das bandas de recomendação mais garantida que você pode dar a alguém. Um nome que o Monkeybuzz vem acompanhando com atenção desde o início do site, o trio britânico viu suas músicas tão introspectivas e emocionais, como Youth, ganhar um enorme público ao redor do mundo e até mesmo o status de “hit”.

Com passagem garantida para São Paulo, onde se apresenta no próximo Popload Festival em 15 de novembro, o músico Igor Haefeli falou ao site por telefone por alguns minutinhos para contar sobre algumas das experiências que teve com a banda, seja a conexão com os fãs, a trilha do jogo Life Is Strange: Before the Storm ou tocar em grandes palcos, como o que se apresentará no Brasil.

Monkeybuzz: É interessante notar o envolvimento que Daughter consegue ter com o público em um nível tão emocional. Como vocês enxergam essa dinâmica?
Igor Haefeli, Daughter: Acho que tem a ver com a honestidade que Elena coloca nas letras, tem a ver também com o quanto nos dedicamos a isso e fazemos apenas o que acreditamos. Dá para ver que as pessoas se conectam à música em um nível bastante pessoal, mesmo quando elas se identificam por conta de uma história que viveram que é bem diferente do que aquela canção está dizendo, mas, de alguma forma, se apegam àquela emoção. Isso é muito bonito.

Mb: O som de vocês tem uma personalidade bastante própria. Como vocês chegaram nessa sonoridade? Igor: Cada um de nós traz referências bastante distintas. Todos nós crescemos ouvindo coisas diferentes, de Hip Hop a Rock, passando pelo Pop. Acho que conectamos toda nossa bagagem com uma carga sentimental genuína, verdadeira. Para mim, isso é fazer música, ou mesmo produzir arte, é deixar alguém ser tocado, é fazer você se sentir mais conectado aos outros e ao que você sente. Tentamos sempre fazer algo autêntico, gostamos de criar atmosferas.

Mb: Tenho a impressão que isso é sempre orgânico, é a maneira com que vocês conseguem transmitir sua mensagem, ao invés de apenas um exercício estético. Igor: É exatamente isso. No segundo disco, por exemplo, nos preocupamos em não fazer as coisas exatamente como no primeiro. No fim das contas, tivemos que ter cuidado para que essa decisão não fosse forçada. O que eu quero dizer é que, ao fazer música, não queremos escolher coisas só para ir em uma direção, ou para ir na direção contrária. É um trabalho de dar-se liberdade para criar o que você acha melhor.

Mb: E como foi o trabalho em Before the Storm, a experiência de criar música para um propósito muito específico?
Igor: Tivemos sorte de termos sido convidados para o projeto, e da produção ter confiado que faríamos algo bom para a trilha. Não nos deram muitas direções, mas sabíamos que estávamos fazendo música para a visão de outra pessoa, então tínhamos que ter esse cuidado de servir ao propósito. Em uma perspectiva musical, o que fizemos foi encontrar temas que conectavam-se à história. No fim, foi um trabalho de unir nossa sensibilidade com a história e os personagens.

Mb: Antes disso, Daughter já teve diversas músicas em trilhas sonoras, mas sempre eram músicas já gravadas. Como é ver algo sem inserido em um universo muito diferente de sua ideia inicial?
Igor: É como você falou, a música não foi feita para estar ali. É incrível ver o que você fez ser ressignificado por alguém e perceber que a faixa pode cumprir também esse propósito. É sempre interessante colocar algo no mundo e ver como as pessoas o recebem.

Mb: É o tipo de oportunidade que faz uma banda crescer muito em termos de público, eu imagino. Como você percebe a dimensão disso?
Igor: Não faz bem para um artista pensar muito em seu tamanho ou sua relevância em um meio ou um mercado. Não faz bem para sua saúde mental ou para sua criatividade. Eu fico muito feliz por ter feito tudo o que já conseguimos fazer. É claro que precisamos pensar em como viver disso, como pagar as contas e tudo o mais, mas minha experiência me ensinou que você se dedicar a cumprir o seu papel faz as coisas darem certo também nesse sentido.

Mb: E, para acabar, como é levar essas canções tão sentimentais para um palco de um evento grande, como o Popload Festival?
Igor: Ficamos de olho em como o evento vai ser. Temos algumas músicas mais agitadas, outras mais roqueiras, e mesclamos essas com algumas mais introspectivas. Decidimos isso no dia. Tentamos montar um repertório para os shows grandes que satisfazem esses dois aspectos e que agrade os diferentes públicos que estão ali. Costuma dar certo.

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ARTISTA: Daughter

Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.