Entrevista: Far From Alaska

Banda de Natal nos contou mais sobre os passos largos que está dando em seu começo de carreira e como esta sendo essa receptividade do público

Loading

Com uma sonoridade hibrida de diversos estilos e influências, sempre roqueiras, a Far From Alaska tem alcançado um público cada vez maior, e isso com menos de um ano de projeto. Exemplo disso é que após somente um EP, Stereochrome, o quinteto de Natal já estava subindo aos palcos do Planeta Terra.

Conversamos com a banda que nos contou sobre suas influências, como surgiu a ideia de montar o grupo e também um pouco sobre a cena potiguar que tem se revelado cada vez mais ao mundo. Ouça o EP no player e acompanhe a entrevista abaixo:

Monkeybuzz: Um intervalo muito pequeno separou a formação da banda e gravação do primeiro EP, Stereochrome, e já neste primeiro trabalho nota-se grande maturidade e ligação musical entre os membros do grupo. Como foi para vocês formarem a banda e em tão pouco tempo já estarem em estúdio? Far From Alaska: Em primeiro lugar nós somos amigos há muito tempo então a coisa já flui mais fácil, né? Em segundo lugar, na verdade, essa banda é nova, mas já tocamos uns com os outros em outros projetos. Emmily toca com Cris que já tocou com Lauro, que já tocou com Rafael, que era da mesma banda do Eduardo e por aí vai. Fora isso, foi muito desprendimento. O fato de a banda ter começado sem qualquer definição acabou ajudando no processo de composição. Ficou tudo muito livre, a gente não precisava ser uma banda de Stoner Rock ou de Indie Rock ou de qualquer rock, a gente só precisava curtir o que estava fazendo, seja lá a cara que isso tivesse. Essa liberdade, no nosso caso, ajudou a maturar as músicas mais rápido e a termos vontade de registrar isso logo, sem esperar um número de músicas suficientes pra um CD, por exemplo.

Mbuzz: A Far From Alaska parece ter nascido como um projeto paralelo, já que cada um tem uma banda, mas que virou projeto principal. Como vocês lidam com isso e com a outras bandas das quais fazem parte? FFA: É complicado colocar dessa forma, como “projeto principal”, “projeto paralelo”. Quando as meninas estão com o Talma&Gadelha ou Rafael está com o Calistoga, naquele momento aquilo é o projeto principal, e vice versa. Todos sempre tivemos mais de uma banda e é difícil sim, mas dá! É só querer pagar o pato. Precisa de muita organização pra equalizar datas, tours e etc. A gente perde fins de semana com amigos, com família, às vezes até se complica no trabalho, mas é isso aí! É o rock! E a gente adora!

Mbuzz: Para mim, um dos elementos que mais chama a atenção na sua música é a voz de Emmily e como ela se projeta em cima dos arranjos criados pela banda. Primeiramente, como foi sair da bateria do Talma&Gadelha para assumir o microfone? E como você vê presença de um vocal feminino em um estilo que é dominado por homens? FFA: Pra mim está sendo muito bom e muito diferente. Nos shows do Talma&Gadelha eu fico lá atrás na bateria, é muito bom, mas mesmo assim eu não posso me movimentar, dançar, interagir com as pessoas. Agora com o FFA eu posso estar na frente, coisa que eu não posso no T&G! É ótimo ver as pessoas de perto, sentir o que elas estão sentindo, pular, dançar… É a melhor sensação que eu já senti na vida. Quanto ao vocal feminino, achamos que isso é uma vantagem, já que não gostamos de nada muito comum. Sempre procuramos fazer as coisas de uma forma diferente, que não fique igual a tudo que já existe. As pessoas nos olham no palco com uma expressão de “wow”, isso é sério?’, (risos), e nós gostamos, bastante até.

Mbuzz: Qual foi o papel de Chuck Hipolitho na produção e mixagem de Stereochrome? Como foi trabalhar com ele? FFA: O Chuck não tinha ideia do que a banda se tratava até a gente mandar o bruto das gravações com pouquíssimas recomendações (na verdade eram mais explicações) pra ele! Ele ouviu, curtiu, e, no fim das contas, fez pós-produção pra gente. Logo nas primeiras versões das mixagens percebemos que ele tinha feito várias mudanças artísticas: tirou vocais, mudou métrica, enfatizou coisas que não tínhamos dado muita atenção e putz, a gente pirou MUITO! Nada como alguém de referência e que está de fora pra ouvir seu trabalho por outra perspectiva e acrescentar arte naquilo. Não poderíamos ter ficado mais felizes com essa ponte Natal-SP para mix e master do EP. Chuck, seu lindo, te amamos <3!

Mbuzz: Uma banda nova acaba mostrando suas principais influências nos primeiros trabalhos e algumas das suas ficam muito claras, como Queens of Stone Age e Rage Against The Machine, por exemplo. Quais foram outras das influências para este EP e como foi o processo de juntá-las? FFA: Vixe maria, essa é difícil, viu? (risos) No geral, as influências para o EP foram bem inconscientes, foi essa coisa da salada musical que são os integrantes mesmo, sabe? Não houve esse momento de “juntar influências”. As músicas foram tomando o rumo delas e a gente foi se deixando levar. Meio hippie isso, né? Mas foi tipo isso, mesmo porque, cada um gosta de uma coisa completamente diferente e todos ouvem de tudo. Imagine tentar agradar cinco pessoas assim. Só podia sair um troço bem estranho! Mas para não ficar sem responder essa, vamos tentar mesclar os gostos de cada um. Tem QOTSA, claro, Rage, Mars Volta, um pouco de Turbowolf, Warpaint, The Dead Weather, todas as bandas do Jack White, aliás. Um pouco de Jazz, de Blues, de Lana del Rey, de Incubus. Ih, vamos parar por aqui se não esse papo vai longe.

Mbuzz: O seu som pode ser descrito de várias formas e transitar entre diversos públicos, desde o Indie até o roqueiro mais casca grossa. Como vocês lidam com os rótulos e tags que as pessoas colocam em suas músicas e em vocês? FFA: Por incrível que pareça ainda não nos colocaram nenhum rótulo. Acho que as pessoas que ouviram estão digerindo isso ainda, como nós também estamos. No máximo a gente vê a galera fazendo associações a misturas malucas de banda, tipo “parece Rage Against com Juliette and The Licks e uma pitada de QOTSA”. A gente acha o máximo isso, porque na real o som é uma salada mesmo, às vezes nem a gente sabe de onde surgiu referência X ou Y pra alguma música, aí quando as pessoas falam a gente se diverte refletindo “Nossa, Será? Aonde a pessoa viu Madonna aqui?” (risos)

Mbuz: Banda e EP tiveram boa aceitação com público e crítica, isso sem nem mesmo completar um ano de vida. Como é ver que o projeto está decolando tão rápido? Existe algum tipo de pressão por conta dessa notoriedade alcançada tão rapidamente? FFA: É incrível, de verdade. A gente não tinha pensado em nada disso ainda, de público, de crítica e etc. Primeiro estávamos muito imersos em compor e em fazer alguma coisa que fosse legal para nós cinco, e, logo depois, em registrar o resultado direitinho na gravação. Aí meio “out of the blue” aconteceu tudo isso! É muito bacana! Quanto a existir pressão, não sei, pode ser que isso role mais tarde, acho que ainda não caiu a ficha direito. Por enquanto, tudo que está acontecendo é como um “bônus”: a gente fica muito grato de receber, mas sabe que amanhã pode não ter mais as mesmas oportunidades. Então continuamos a fazer o que já estávamos fazendo antes, que é compor algo que todos os integrantes curtam tocar. Se continuar agradando geral vai ser lindo!

Mbuzz: Como foi para vocês serem a atração de abertura de festivais do porte de Planeta Terra (SP) e DoSol (RN)? FFA: No Planeta Terra foi aquela coisa, né? Fora a experiência em si, que foi a primeira de todos nós num festival daquele porte fora do circuito independente a que estamos acostumados, teve também o lance de não sabermos o que esperar do público, se ia ter alguém para nos ver, e se iam nos dar atenção ou não, por sermos totalmente desconhecidos, mas foi uma surpresa, fomos muito bem recebidos pelo público presente, muita gente veio falar conosco no pós-show. Vendemos até merchan! (risos) Já no Festival Dosol, que há tantos anos participamos (como público e banda), a surpresa ficou por conta da quantidade de gente que tinha às 15:30h pra ver nosso show. Foi uma vitória, poxa, Natal em novembro já é quente demais! Imagina conseguir tirar alguém de casa essa hora, e ainda mais pra um festival cujo line up é extenso (o último show começou 1 da manhã) e incrível! Acho que tinha muita gente curiosa pra ver o show ao vivo.

Mbuzz: Como vocês avaliam o cenário potiguar do Rock que vocês fazem parte? FFA: Ah, vocês vão achar que a gente tá puxando a sardinha pra cá, mas, sinceramente, against all odds, Natal está virando a capital do Rock no Brasil. O Far From Alaska é mais uma dentre tantas bandas legais que tem aqui. As pessoas cada vez mais se movimentam, se agilizam, se profissionalizam e têm lançado trabalhos muito relevantes. Estamos num momento muito bom e grande parte disso se deve ao Dosol e à movimentação que esse combo cultural faz na cidade.

Mbuzz: Quais os próximos passos da Far From Alaska? FFA: A gente é tão novinho que nossos próximos passos são todos os possíveis (risos). Queremos lançar um clipe no próximo semestre, compor mais material, gravar, participar de festivais, rodar por aí. Essas coisas de banda de Rock, sabe?

Loading

MARCADORES: Entrevista

Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts