Entrevista: Girl Band

Guitarrista Alan Duggan conta sobre seu primeiro álbum, “Holding Hands with Jamie”

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Depois de três anos arrancando elogios a cada show que fazia, o grupo irlandês Girl Band lançou seu primeiro álbum, Holding Hands with Jamie, há cerca de um mês.

Para contar mais sobre o disco, o guitarrista Alan Duggan falou ao telefone com o Monkeybuzz diretamente de sua casa em um bom humor que pouco tem a ver com o som tenso e ruidoso que o quarteto faz.

Monkeybuzz: Vocês entraram em estúdio para gravar Holding Hands with Jamie logo após uma turnê nos EUA, certo?
Alan Duggan, Girl Band: Sim, foram três semanas pelos EUA, daí menos de dois dias em casa e já estávamos no estúdio. Isso foi ruim, porque acabamos dormindo no meio das gravações (risos). Estávamos muito cansados, mas acho que deu tudo certo.

Mb: A turnê por lá influenciou o disco de alguma maneira?
Alan: Não diretamente. Turnês em geral influenciam suas músicas. Nós compomos, depois experimentamos as faixas ao vivo, um improviso no palco pode acabar sendo parte de uma música… É, tocar bastante ao vivo pode desenvolver melhor uma canção.

Mb: Girl Band conseguiu muita atenção antes de ter um álbum lançado. Agora que ele saiu, aonde você acha que ele pode levar a banda?
Alan: O lado prático de ter lançado um álbum é que ele torna a banda mais legítima, de certa forma. A forma com que olhamos para a questão é que um disco apóia uma turnê. Se ele for um álbum completo, há mais chances de resenhas e reportagens em diferentes veículos, o que dá mais atenção e mais chances de turnês. Então, esperamos que ele nos leve a mais shows.

Mb: Como é a experiência de passar pela transformação de “banda local” para um nome conhecido em diversos cantos do mundo?
Alan: É esquisito. Quando começamos a banda, nunca quisemos estar limitados à nossa área, então sempre insistimos em fazer shows no Reino Unido e no resto da Europa, lugares longe de casa. E as coisas aconteceram aos poucos, porque já estamos tocando há três anos, mas ainda é estranho quando muita gente vem ao show e quer tirar fotos conosco.

Mb: O álbum é uma experiência bem intensa do começo ao fim. O que vocês tinham em mente enquanto trabalhavam nele? Como queriam que as pessoas respondessem a ele?
Alan: É difícil dizer, porque muitas das faixas foram escritas em períodos muito diferentes. Não foi uma questão de “ok, vamos fazer o álbum, então temos que escrever dez ou onze músicas”, foi algo que acontecue naturalmente. Ele foi gravado ao vivo em uma sala grande e aberta, com um posicionamento muito particular dos microfones para que o som fosse sempre muito grande. E nós queríamos que ele fosse dinâmico, então brincamos bastante com frequências, mas muito disso foi no próprio processo de composição. Foram várias pequenas decisões, mas todas de uma maneira áspera. Quando todas as músicas estavam escritas, vimos que fazia sentido tê-las todas juntas no disco, aí entramos em estúdio.

Mb: É interessante ver o esforço que as pessoas fazem pela Web tentando definir o som que Girl Band faz, com tags como Noise-Rock-Post-Industrial, ou Post-Post-Rock, ou o que for. Essas definições são importantes para vocês?
Alan: Não, nem um pouco. É sempre engraçado, essa coisa de Post-Rock-Avant-Gard-Indie, eu não faço ideia o que isso quer dizer (risos). Mas é mesmo interessante observar como isso é levado a sério por muita gente. Cada resenha do disco traz um aspecto novo sobre ele, o que é muito legal para nós. Mas as pessoas tentam nos definir enquanto nós não tentamos nos definir. Nós sabemos mais ou menos como queremos que seja o som, mas não é em palavras assim.

Mb: Há também a questão que não é só a mídia que tenta encaixar os músicos em pequenos conceitos, mas muitas bandas tentam se limitar nessas palavras também. O álbum de vocês é agressivo, mas é também uma brisa, porque ele flui com liberdade.
Alan: É verdade. Quando começamos, havia um ou outro gênero com os quais nós não queríamos nos associar, mas todo o resto estava livre. Tentamos pegar referências do maior número de lugares que podemos. É a vantagem de hoje em dia, tudo está muito acessível na Web. Então, pegamos referências de gêneros muito diferentes porque ouvimos muita coisa diferente.

Mb: Essa é difícil, mas quero perguntar: Na sua opinião, quais são as melhores características da banda?
Alan: Nossa melhor característica? (pausa) Adam! (risos) Nosso baterista é a pessoa mais estranha que você vai conhecer na vida e é uma parte essencial do que Girl Band é. Ele leva as coisas a sério, é muito inteligente também. Espero que ninguém se ofenda com isso, mas acho que ele é a melhor parte do grupo (risos).

Mb: Para acabar, o que você acha que as pessoas fazem enquanto ouvem sua música e, se você pudesse escolher, o que elas estariam fazendo ao ouvir o disco? Alan: Acho que você vai a um lugar às vezes e tem uma música potente e hipnótica, daí, sem saber por que, percebe que está dançando. Achamos que, se as pessoas começarem a dançar ouvindo o disco, seria algo bem estranho, mas legal. Algumas pessoas gostam de mosh (risos), eu não gosto, mas tem gente que acha que tem tudo a ver com nossa música.

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ARTISTA: Girl Band
MARCADORES: Entrevista

Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.