Entrevista: Glue Trip

Uma das revelações nacionais de 2013 nos contou um pouco de como foi seu ano e também dos seus planos para 2014

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Me lembro que no começo do ano duas figuras me surpreenderam. Afinal, não é sempre que se vê dois mascarados fazendo música psicodélica, não é? Vim a descobrir que os mascarados eram na verdade Felipe Augusto e Lucas Moura, amigos paraibanos que formaram a Glue Trip.

Desde então, a banda já foi destaque em nosso Ouça:Bandas, participou de nosso Monkey Listening, resenhamos seu primeiro EP e a primeira apresentação em São Paulo. Então já era hora de conversarmos um pouco com a dupla sobre como foi 2013 e quais são os planos para o futuro.

Trocamos alguns emails com o duo e resultado você pode conferir logo abaixo:

Monkeybuzz: Uma das maiores qualidades de suas faixas é o hibridismo de gêneros que escolhem para direcionar sua obra,chegando às vezes a trabalhar com três ou quatro estilos diferentes em uma só canção. Como é para vocês lidar com esses rótulos?

Felipe e Lucas da Glue Trip: A forma como a música começa a ser criada é bem natural, surgem os primeiros acordes com alguma batida e linha de baixo já em mente, tudo vem em conjunto. Aí começamos a preparar a evolução da música e dos arranjos sem apego a estilos ou direcionamento. Acho que temos uma base musical muito boa e que facilita o desprendimento principalmente na hora de acrescentar algum elemento à música.

Monkeybuzz: E, ainda sobre isso, como é o processo de amalgamar tudo isso e ainda atribuir a sua própria personalidade ao projeto?

Glue Trip: A mistura acontece de uma forma bem natural, começamos sempre com algo puro: algum arranjo, sintetizador, batida, linha de baixo, enfim, alguma base que nos apegamos e a partir disso deixamos a música fluir. Essa preocupação com os elementos que vão fazer parte dela é o que torna a música distinta.

Monkeybuzz: A dificuldade de categorizar o seu som dentro desse ou daquele gênero faz com que muitos criem suas próprias explicações. Já houve algum caso que surpreendeu vocês?

Glue Trip: A surpresa maior veio no primeiro rótulo mesmo: Chillwave. Nem tínhamos conhecimento geral do que circulava musicalmente nesse estilo, tirando Toro Y Moi. Isso foi uma surpresa porque direcionou um pouco os ouvidos pra esse estilo.

Monkeybuzz: Fruto também deste hibridismo, notamos em sua música um desprendimento estilístico que gera grande liberdade ao trazer novas ideias, instrumentos e timbres e, no geral, climas bem diferentes. Como é lidar com essa liberdade sem descaracterizar o som do projeto?

Glue Trip: O projeto está amadurecendo com o tempo, tudo que está acontecendo com a gente só aconteceu porque nos desprendemos de vários conceitos. O método que utilizamos é gerar uma expectativa no ouvinte após os primeiros acordes. Não dá pra saber onde a música vai chegar, cada arranjo cria uma sensação de surpresa. Aí é onde o projeto não se descaracteriza e chega a ser mais uma mania nossa de fazer música.

Gluetrip

Monkeybuzz: No show que vimos aqui no começo do ano, nota-se que a experiência de ouvir as faixas e de se ver uma apresentação são bem distintas, por mais que sejam as mesmas músicas sendo tocadas. Como é transportar o que foi feito em estúdio para os palcos?

Glue Trip: Ficou muito claro que as nossas ideias são direcionadas para a produção musical. Todas as músicas são produzidas em nossos home studio, antes mesmo de pensarmos no ao vivo. Transportar as nossas músicas para um show gera uma experiência completamente nova, tanto pelos músicos que apresentam uma visão diferente do que fazemos como para a própria música que tende a se transformar.

Monkeybuzz: Qual o papel do EP Just Trippin na carreira do Glue Trip? E como esta obra tem sido recebida pelo público?

Glue Trip: A aceitação do público está sendo ótima, mesmo das pessoas que já conheciam algumas das músicas lançadas no decorrer do ano quanto das pessoas que estão conhecendo o som pela primeira vez. Just Trippin representa a finalização de um ano bastante produtivo e proveitoso para a Glue Trip. Além de apontar para o rumo que iremos tomar em 2014, o ano em que queremos triplicar a nossa produção.

Monkeybuzz: Como é fazer música Psicodélica em João Pessoa? E como enxergam a cena musical nordestina?

Glue Trip: João Pessoa possui uma cena psicodélica bem legal, muitas vezes misturando com Afrobeat, Stoner, MPB, mas com a psicodélica sempre presente. A única coisa que fizemos foi juntar a nossa onda mais Pop com esse experimentalismo que rodeia a cena musical nordestina e brasileira. O norte e nordeste do Brasil é muito rico. Possuímos muitos artistas que só poderiam ter saído daqui, mesmo assim ainda é uma cena que não está sendo muito bem escutada, tirando Recife que sempre foi enxergada como celeiro criativo, as bandas de outros estados precisam de um esforço a mais para serem ouvidas. Mas isso é ótimo porque faz com que as bandas daqui trabalhem mais e produzam sempre um material de qualidade.

Monkeybuzz: Quais são os planos para 2014?

Glue Trip: Produzir e lançar muito! Vamos continuar a lançar as nossas músicas como single no Soundcloud, também queremos lançar nosso vinil e realizar um lançamento mais completo das músicas, com clipe e conceitos visuais para cada faixa. 2013 foi o nosso ano de teste, onde experimentamos bastante e criamos um caminho a ser traçado para 2014. Agora estamos muito mais organizados e concentrados no projeto, e esperamos que 2014 seja tão bom quanto 2013. Também queremos viajar muito com o novo show que estamos organizando!

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ARTISTA: Glue Trip
MARCADORES: Entrevista

Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts