Entrevista: Grimes

Em uma conversa por email, a artista Pop mais hypada de hoje em dia nos contou sobre sua sonoridade e impressões sobre as cenas alternativa e mainstream

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A canadense Claire Boucher tem se tornado cada vez mais conhecida na cena alternativa com seu codinome Grimes. Seu terceiro álbum, o ótimo Visions, alavancou sua carreira para fora de seu país com um som Pop livre e bem construído nos sintetizadores, que parece não ter medo de classificações.

Sua espontaneidade criativa a coloca frequentemente como figurinha carimbada em colaborações com diversos artistas, todos encantados com sua voz característica, seu visual freak e uma agradabilidade natural que ela consegue imprimir em todos os seus trabalhos.

Conversamos com ela por email sobre criatividade, sua sonoridade e música alternativa. Veja a seguir o que ela nos contou, após o clipe de seu hit Oblivion.

Monkeybuzz: Como é ser conhecida por um nome artístico e não por seu nome de nascença? Ser Grimes já virou algo maior do que ser a Claire? Grimes: Grimes é apenas um nome, mas dá na mesma. Sou eu, acho meu nome chato, então prefiro usar Grimes.

Mb: Você já fez tanto em tão pouco tempo. De onde vem ambas inspiração e produtividade para você? Grimes: Eu me entedio fácil, então trabalho muito. Percebo que trabalhar com arte é meu modo favorito de passar meu tempo, então a minha tendência é fazer mais disso quando tenho tempo livre.

Mb: Como você encontrou sua própria sonoridade? Grimes: Não tenho certeza, ela veio naturalmente.

Mb: Você tem uma voz muito característica, que soa orgânica dentre tantos sons eletrônicos. Você acha que isso ajuda a expressar emoções tão humanas em meio a sonoridades tão “artificiais”, como Genesis ou Skin? Grimes: Eu acho que a música eletrônica é extremamente humana e expressiva. Acho que qualquer “artificialidade” implica nela ser ainda mais humana, por que diferente de outros sons, a música eletrônica precisa de uma pessoa para que ela exista. É produto de inteligência humana. Acho que as pessoas que não conseguem encontrar emoção na eletrônica não estão acostumadas com ela e não reconhecem que ela está extremamente amarrada à humanidade.

Mb: O que você acha que significa ser parte de uma cena musical “Alternativa” hoje em dia? Grimes: Acho que “música alternativa” simplesmente se refere à música que não é corporativa, mas eu não sei se acredito no uso dessa distinção. Acho que implica que a música mainstream é algo para irmos contra, ou que não pode ser considerada inovativa, o que eu acho que não é verdade. Também pode significar que artistas independentes são uma alternativa aos do mainstream, enquanto eu acho que os dois tipos podem co-existir bem. Há muitos artistas “alternativos” como Korn que são super mainstream, e pessoas como Adele, que são bem independentes em questão de selo, mas que encontraram sucesso no mainstream. Então, acho que é irrelevante.

Mb: Você recebe cada vez mais atenção internacional. Por que você acha que agora é o seu momento? Grimes: Acho que, agora, o mundo quer música Pop porque ela é otimista, sensual e universalmente entendida, mas acho que as pessoas também querem alguém que seja genuína e fácil de se identificar, ao invés de apenas um produto da Sony ou Interscope. Acho que o fato de estarmos fazendo música Pop, mas “de baixo para cima”, é muito legal para as pessoas.

Mb: Seu trabalho é maior do que sua música, sendo também muito visual e performático. Por que você acha que sua arte cresce em todas essas direções? Grimes: Acho que a arte não tem limites. A única diferença entre, por exemplo, pintura e música é as ferramentas. Eu usarei a ferramenta que me vier para fazer o que eu puder, mas eu não acho que o processo é diferente entre os meios.

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ARTISTA: Grimes
MARCADORES: Entrevista

Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.