Entrevista: Kithkin

Com um ritmo incrível das batucadas, a banda faz um som bem diferente do estamos acostumados, sendo taxados por alguns como Tribal Indie. Veja o que o baixista Kelton Sears nos contou sobre a carreira até agora

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Quatro garotos de Seattle com interesses bem incomuns, como misticismo e criaturas mitológicas, deram à sua banda o nome Kithkin, um humanóide pequenino que lembra muito os hobbits do Tolkien, o que combina bem com uma sonoridade nada comum que eles têm. Com um EP lançado, Takers & Leavers, a banda consegue transportar esse mundo místico para as gravações.

Pela sua sonoridade não tão comum, o quarteto já foi classificado como Tribal Indie. Com fortes batucadas e tambores ecoantes, o som do Kithkin pode parecer o encontro bombástico entre Holger e Vampire Weekend. A percussão é o cargo chefe da banda, que conta com um baterista e um percussionista responsáveis pela batucada frenética. As guitarras suingadas comandadas por Alexander Barr também dão um toque especial à mistura.

Se você também gosta de um vocal quase gritado e uma música muito agitada e enérgica, você tem grandes chances de se tornar um fã. Canções como Move Slow dão um toque tribal à festa indie, com direito a pinturas no rosto (à la Merril Garbus) nas boas apresentações ao vivo que nunca deixam o “caos” fugir de controle

A banda já começou muito bem, tendo participado da EMP Sound Off!, uma competição de bandas novas, e ganharam a Seattle University’s Battle of the Bands ainda com seu antigo nome, Chinook Jargon. Como isso não fosse o bastante para uma banda novata, eles abriram alguns shows do Los Campesinos!. Confira o que o baixista Kelton Sears nos contou sobre o som da Kithkin.

Monkeybuzz: Como vocês se conheceram e resolveram formar a banda? Kelton Sears do Kithkin: Nós quarto somos de cantos diferentes dos Estados Unidos – Nova Iorque, Virginia, Arizona e Washinton. Nos conhecemos na Universidade de Seattle, onde existe um lugar chamado “sala das bandas” no porão de um dos dormitórios. É uma sala pequena, quente e sem janelas com um esqueleto de Hallowen, e um escrito AntiChrist Warzone na parede, provavelmente uma banda de metal que já passou por lá. E basicamente todos os calouros que gostam música na universidade ficam na sala conhecendo outras pessoas que também gostam de música, e foi ai que nos conhecemos. Depois de tocar em varias bandas diferentes, nós resolvemos formar o Kithkin no nosso segundo ano.

Mb: Vocês têm planos pra mais um EP ou até mesmo um disco? Kelton: Com certeza! Já estamos escrevendo para o nosso primeiro álbum e esperamos gravá-lo no meio do mato durante o verão. Ele vai ser ainda mais batucado que antes – nós temos um par de bongôs, sinos agogô e estamos tendo aulas de tambores Taiko.

Mb: De onde surgiu essa mistura das guitarras e batuques? De onde vocês tiram suas inspirações? Kelton: A ideia do Kithkin veio ouvindo The Dodos. Nós gostamos muito da percussão africana e, quando montamos a banda, queríamos que esse fosse o elemento principal. Ao invés de ter uma bateria lá atrás, nosso baterista está na frente com a gente. Ao invés de vários solos de guitarra, temos vários solos de bateria. E mais, nós realmente gostamos de bater nas coisas com baquetas.

Mb: Como foram as gravações do EP Takers and Leavers? Kelton: Se lembra daquela pequena sala com o esqueleto? Nós começamos a gravações do EP lá, enquanto ainda morávamos no campus. Sempre tínhamos que carregar nossos instrumentos dos nossos dormitórios até o prédio onde ficava a sala e nós só conseguíamos gravar durante pouco tempo, enquanto não tinha ninguém batendo na porta nos falando pra acabar com o barulho ou que era hora de outra pessoa usar. Então por isso o som não ficou tão bom. No último verão, nos mudamos para uma grande casa roxa que tinha um mural do Bob Marley fumando um baseado de arco-íris e graffitti no banheiro. Nós pintamos as paredes e começamos a converter a casa no “quartel-general do Kithkin”. Gravamos no porão com nosso amigo Wes no comando e as coisas ficaram infinitamente melhores. Nós desencanamos das gravações antigas, começamos do zero e nos divertimos tocando bem alto na nossa própria casa. Ninguém nos incomodava, exceto na vez em que acendemos fogos de artifício para gravá-los. Os vizinhos acharam que alguém tinha levado um tiro.

Mb: Vocês pensam em vir ao Brasil em algum momento da carreira de vocês? Kelton: Não tem nada que a gente gostaria mais de fazer do que tocar no Brasil. Vocês têm algumas das melhores percussões no mundo. Nós assistimos muitos vídeos de percussionistas brasileiros na época em que estávamos formando a banda e ficávamos babando com o quanto eles eram incríveis. Nós temos conversado sobre comprar um apito de Samba para começar a usar em algumas das nossas músicas.

Mb: O que mais vocês têm ouvido? Kelton: Todos nós ouvimos coisas bem diferentes. Bob, o tecladista, tem ouvido muito Funkadelic e Dr. Dog recentemente, e ele literalmente idolatra Bruce Springsteen. Ian tem ouvido música psicodélica dos anos 60 e 70 sem parar, muito Captain Beefheart e também um pouco de jazz. Alex está praticamente sempre ouvindo ou LCD Soundsystem ou Prince. Eu tenho ouvido o catálogo da Congotronics sem parar, Kasai Allstars, Konono No 1 e muito Black metal.

Mb: Chinook Jargon tinha um tom tribal que está bem presente nos batuques da banda. Por que mudaram de nome? Kelton: Chinook Jardon e o Kithkin são a mesma banda – nós mudamos nosso nome porque não queríamos ficar presos à cultura nativo-americana, já que nenhum de nós é descendente de povos nativo-americanos e percebemos que isso poderia vir a ser um problema.

Mb: Vocês tem algum tipo de ritual antes de entrar no palco? E por que pintam a cara nos shows? Kelton: Na verdade, nós paramos de pintar nossos rostos, em parte porque nós transpiramos muito quando tocamos, daí pinga por todos os lados, incluindo nas nossas roupas e instrumentos. Nossa percussão ainda tem manchas de tinta de um ano atrás. Em matéria de ritual antes de entrar no show, nós costumamos conversar sobre como seria legal se nós cerimonialmente matássemos uma pomba. Na verdade, nosso ritual envolve apenas todo me zuando porque eu faço muito xixi.

Mb: Como foi tocar no festival Sound Off? E qual foi a resposta do público? Kelton: Sound Off é a razão de estarmos onde estamos. Conhecemos muitas bandas incríveis com quem ainda fazemos shows e somos amigos justamente no Sound Off. Bob está fazendo um estágio lá agora. O festival nos deu uma catapultada e nós somos incrivelmente agradecidos pela chance que tivemos de fazer parte dele. Nós estávamos nervosos porque: 1. Nós tínhamos decidido que trocaríamos oficialmente de nome no palco e 2. Foi praticamente nosso primeiro show. Mas as pessoas curtiram.

Mb: Com tantas outras criaturas mágicas, porque escolher o Kithkin pra batizar a banda? Kelton: Três de nós quatro jogam Magic: The Gathering e o Kithkin era a criatura favorita do Ian no jogo. É engraçado, as pessoas ou não conseguem pronunciar o nome, ou já chegam conversando sobre Magic. Um cara, em um show que estávamos abrindo para o Los Campesinos!, veio e nos contou que ele tinha colecionado mil dos cartões do Kithkin originais no jogo e estava feliz que esse era o nome de uma de suas bandas favoritas. É por pessoas assim que a banda tem esse nome, pessoas que jogaram muito Skyrim e às vezes curtem participar do Dungeon and Dragons.

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ARTISTA: Kithkin
MARCADORES: Entrevista

Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts