Entrevista: Secchin

Cineasta e, agora, produtor musical, o carioca destrincha seus objetivos para 2013 e conta mais sobre seus projetos

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Fotos: Divulgação

Julio Secchin é um artista carioca em ascenção que mostra qualidade refinada, independentemente de qual for seu objetivo final. Seja como diretor de seus próprios registros, ou através de seu mais novo projeto musical que atende pelo próprio sobrenome. Aos 25 anos, o rapaz é completamente autodidata em todo o processo relativo a sua filmografia, do manejo de câmeras a edição final.

Os sete anos de guitarra e o contato frequente com músicos deram confiança e margem para que Secchin estrelasse em 2013 uma nova proposta eletrônica, que despertou a curiosidade da mídia especializada através do primeiro single Night Lights. Saiba o que mais ele tem a dizer e o que esperar de Julio para este ano na entrevista a seguir:

Secchin – “Night Lights” (ft. Maria Luiza Jobim)

Monkeybuzz: Enquanto um profissional multiplataforma, o que você vê como vantagem e como obstáculo dentro de suas ambições e objetivos, e o que facilitou e dificultou na sua trajetória até então?

Secchin: Uma das maiores vantagens é estar cercado por profissionais e parceiros talentosos. Além disso, a gente tem conseguido imprimir uma qualidade superior à expectativa de orçamento nos nossos projetos. “Ficar com cara de que custou muito mais” é sempre um objetivo (risos). O único obstáculo mesmo atualmente é a quantidade de trabalho em relação ao tempo disponível, preciso sempre administrar a agenda para as coisas não se atropelarem.

MB: Seu único single até então, “Night Lights”, foi uma grande (e boa) surpresa para os admiradores da música eletrônica em ritmo downtempo. A partir de quando você resolveu investir nesse novo viés e como foi processo de amadurecimento até seu lançamento?

S: A gravação dessa música começou muito por acaso. Eu estava cortando uns samples e brincando até criar o riff do começo. Na verdade, nem me lembro direito como a harmonia e as outras coisas entraram na história, mas lá pelas tantas chamei a Maria Luiza Jobim pra cantar e aí que a música tomou forma. Algumas versões foram feitas a partir de então e alguns meses depois (até mais do que eu gostaria) a música foi lançada. Meu irmão, Gabriel Secchin, fez a capa do single à óleo sobre tela. Não sei ainda se é um viés comum com as outras músicas, mas foi certamente uma boa forma de chamar atenção.

MB: O que você ouve hoje? O que te inspira a criar na música, no cinema e o que te serve apenas como válvula de escape?

Eu tenho escutado pouca música, mas sempre volto para a galera de sempre: Radiohead, Sigur Rós, Arcade Fire, Kanye West, e mais recentemente Jai Paul. Eu não faço a menor idéia do que me inspira a fazer música ou cinema, mas sei muito bem o que me faz fazer: Não adianta você ficar criando projetos e ter ótimas idéias se você não executá-los. Realizar as coisas é a única forma que eu sei de como lidar com o processo criativo. Para válvula de escape? Segue a receita: Porto Tônico, duas medidas de vinho do porto branco, três de água tônica, gelo e casca de limão.

MB: Recentemente, apresentamos no **Monkeybuzz uma matéria sobre um Lado B do Rio de Janeiro, que transpõe o Funk e a MPB pura. Como você vê o crescimento de bandas como Mahmundi, Dorgas e Apollo em meio aos demais gêneros já tradicionais do Rio?**

S: O crescimento dessas bandas acontece no lugar mais improvável do universo. O Rio de Janeiro não tem um interesse natural pelo tipo de música que nós fazemos, mas por algum motivo as coisas parecem ir para frente a despeito disso. De qualquer forma, ainda que todos esses projetos tenham uma base local no Rio, acredito que a saída mais adequada seja através da distribuição para outros mercados no mundo também. De qualquer forma, o surgimento desses artistas num ambiente como o Rio demonstra o quanto a qualidade musical supera as barreiras do mercado local.

MB: Secchin vem como prova de que cinema e música podem ser complementares. Como você pretende trabalhar nesses dois nichos em seu futuro? Quais os planos?

S: Meu trabalho como diretor passou por curtametragens, videoclipes, e mais recentemente, comerciais. Futuramente, a ideia é se voltar para a realização de longametragens e programas de TV, mantendo o mesmo estilo de direção que eu desenvolvi nos últimos anos. Ainda assim, nesse momento tenho tido muitos pedidos por clipes (risos). Depois do Sniper Queen (produção audiovisual para Leo Justi que saiu na Noisey) o telefone não parou de tocar.

A música acabou herdando um trabalho visual bem desenvolvido, utilizando uma série de recursos na apresentação ao vivo. Não se trata da complementaridade entre as duas coisas, mas da criação de uma identidade visual forte. A utilização do Kinect para projeção volumétrica em tempo real é um bom exemplo, mas é só o primeiro passo.

MB: Ficamos empolgados com a faixa e esperamos por uma continuação dela: Um EP (ou um álbum) sai ainda neste ano? Clipes dirigidos e estrelados pelo próprio Secchin?

S: Um EP com quatro músicas está quase pronto e sai em junho. O lançamento vai incluir o clipe de Night Lights com a Maria Luiza Jobim. Nesse caso eu só dirigi, tenho certeza que meu trabalho é muito mais eficiente por trás das câmeras. As imagens estão fantásticas, mas ainda falta um trabalho na pós-produção. No dia 13 de julho vou tocar no Studio RJ, abrindo o show da Banda Teresa. Vai ser a primeira apresentação com banda mesmo, incluindo as participações da própria Maria Luiza e Apollo. Como aperitivo, mando um frame do vídeo ao Monkeybuzz (veja em nossa galeria, no final desta página!).

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ARTISTA: Secchin
MARCADORES: Entrevista

Autor:

Jornalista por formação, fotógrafo sazonal e aventureiro no design gráfico.