Entrevista: Unknown Mortal Orchestra

Por telefone, Ruban Nielson comenta sobre novo disco, música vintage e Caetano Veloso

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“Sou viciado em fazer música, não há nada mais divertido”, diz Ruban Nielson, a mente por trás do projeto Unknown Mortal Orchestra, durante um papo rápido por telefone com o Monkeybuzz.

O músico encontra-se no processo de divulgação de seu terceiro disco, Multi-Love, que tem a missão de dar continuidade aos elogios abastados que ii (2013) recebeu. Pelas pistas lançadas até agora, o novo álbum continuará trabalhando a estética vintage do grupo, mas em um aspecto mais dançante e menos Lo-fi do que antes.

Com o lançamento cada vez mais perto (ele sai em 25 de maio), Ruban diz estar nervoso para que o dia chegue logo e contou, em suas breves e bem humoradas palavras, um pouco sobre o novo trabalho e sua relação com Caetano Veloso.

Unknown Mortal Orchestra – Multi-Love

Monkeybuzz: Qual é a sensação de ter um novo disco saindo?
Ruban Nielson, Unknown Mortal Orchestra: Não vejo a hora que ele saia! Estou um pouco nervoso, já faz um tempo que estou esperando o lançamento.

Mb: Nervoso por que?
Ruban: Não sei! (risos) Acho que porque todo mundo também quer que ele saia logo.

Mb: Você é desses que se envolvem emocionalmente com o trabalho e ficam esperando a reação das pessoas?
Ruban: Sim, mas é mas uma questão de você colocar muito de si em um trabalho e ter vontade que as pessoas também curtam ele. Mas é só isso, o resto é tudo prático, tipo, quero que ele saia logo pra eu fazer turnê (risos).

Mb: Lançar um terceiro álbum é diferente de um primeiro ou segundo?
Ruban: Este próximo é bem diferente porque mudei algumas coisas, expandi outras e fiz coisas que nunca tinha feito em um disco. Acho que fui mais ambicioso com ele.

Mb: Sobre essa ambição, suas novas escolhas foram feitas por estética ou porque agora você tem acesso a mais recursos do que antes?
Ruban: Acho que, se eu não tivesse os recursos, eu não poderia fazer a estética, então… Eu pensei que se eu tivesse a oportunidade, deveria tentar fazer algo inédito.

UMO

Mb: Como você mantém a identidade do projeto mesmo com tantas mudanças?
Ruban: Minhas músicas começam todas do mesmo jeito. Acho que as do terceiro disco surgem a partir de uma forma acústica, tem uma estrutura especial. Mas o jeito de compor é o mesmo em todos os álbuns.

Mb: Então você observa ter um estilo específico em Unknown Mortal Orchestra?
Ruban: Sim, percebo que eu revisito o mesmo jeito de escrever as letras, as do novo disco são similares às dos anteriores. Não é algo que eu busque, que eu faça de propósito, as coisas saem desse jeito.

Mb: Sobre as letras, elas parecem residir em algum lugar entre a alegria e a depressão. É algo que você busca?
Ruban: Sempre sai algo assim, entre o feliz e o triste, o que eu gosto. Sempre que escrevo novas músicas, as letras parecem trazer luz e sombra ao mesmo tempo. Como eu curto, vou mais atrás disso.

Unknown Mortal Orchestra – Can’t Keep Checking My Phone

Mb: É inegável que seu som tem uma qualidade vintage, mas você não é o único fazendo isso hoje. Por que você acha que os artistas tem olhado tanto para trás na hora de compor?
Ruban: Acho que perdemos muitas das qualidades que faziam a música ser gostosa de ouvir no passado. Eu quero abraçar o presente e até o futuro e misturar tudo isso, mas me concentro sim em trazer algo do passado, porque é minha própria referência do que é boa música. Quando penso no Brasil, penso em Caetano Veloso e Os Mutantes, não nas coisas recentes. Essas são minhas referências. É assim que eu sou e é como eu tenho trabalhado nos últimos anos.

Mb: Essa era minha próxima pergunta, se você conhece música brasileira.
Ruban: Eu amo música brasileira, principalmente a Tropicália. Caetano Veloso é provavelmente uma das minhas maiores influências. Ouço muito ele e Gal Costa, acho que eles fizeram algumas das músicas mais bonitas já feitas.

Mb: E você tem planos para vir tocar aqui?
Ruban: Sim, já faz alguns anos que tentamos ir ao Brasil, mas requer muito dinheiro. Talvez depois que o novo disco sair nós sejamos populares o suficiente para irmos (risos).

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Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.