Entrevista: WALLA

Quinteto multinacional comenta seu novo EP – “Gangsters of Suburbia” – Los Angeles e suas composições

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Já toquei as quatro faixas de Nature EP (2013) algumas vezes em algumas festas e sempre vem alguém me perguntar que banda é essa – e já aconteceu de virem me pedir WALLA. Culpa do quinteto de Los Angeles, com membros vindos de diferentes países (México/El Salvador, Itália, Indonésia, Coreia e Brasil) que fazem um som animadíssimo com uma pegada super pra cima.

E agora, eis que surge um novo EP, Gangsters of Suburbia, com três novas faixas e mais daquilo que ouvimos em Nature e na estreia Animal of Love. Nesta semana, ainda sai videoclipe novo (eu já vi, tá legal) e a vontade de dançar vai durar por meses. Aproveitamos a oportunidade e conversamos com Jonathan Hoonch Kim, o vocalista, sobre a sonoridade retrô, Califórnia e, é claro, seu trabalho.

Monkeybuzz: Vou ser sincero, estou muito animado pra este novo EP, já que Nature foi um dos meus favoritos do ano passado. Como foi trabalhar neste material novo?
WALLA: Este novo EP teve um processo diferente, porque decidimos produzir nós mesmos todas as músicas. Foi bem mais desafiador, mas também aprendemos muito ao longo do caminho e pudemos moldar nosso próprio som.

Monkeybuzz: Pra mim, este novo disco é um pouco menos dançante que o anterior. Ainda é bem animado, mas tem uma vibe diferente, mais lounge. Foi uma escolha de vocês ou acabou ficando assim naturalmente?
WALLA: Engraçado você dizer isso, porque nós sempre queremos que nossas músicas sejam dançantes, grooving, com muita ênfase no ritmo. Se ficou mais lounge, não foi intencional, mas esperamos que isso seja uma coisa boa.

Mb: O vídeo de Love Was On Your Mind deixa as influências dos anos 80 ainda mais explícitas. Assim como na pergunta anterior, isso é algo que vocês procuram fazer ou é um processo mais espontâneo?
Walla: Nós decidimos fazer este EP com influência dos anos 80, tentando deixá-lo com um som moderno. Amamos artistas como Fleetwood Mac, Prince, Talking Heads, Pet Shop Boys, etc, então queríamos recriar os sons deles, mas de uma forma nova, pros ouvintes escutarem algo novo, mas também nostálgico ao mesmo tempo. O vídeo de Love Was On Your Mind foi uma maneira perfeita de encapsular essa sensação nostálgica.

Mb: Aposto que isso é algo que vocês estão cansados de responder, mas eu queria ouvir de vocês: Como o background culturalmente diferente de cada um influencia sua música?
WALLA: Bem, em primeiro lugar, há muitas coisas que se perdem na tradução quando tentamos nos comunicar uns com os outros no estúdio, o que pode ser a razão pra termos demorado tanto para lançar um outro EP (risos). Mas, falando sério, nós tentamos incorporar os backgrounds e as perspectivas de cada um cada vez mais no nosso som. Sempre estamos mostrando músicas aleatórias de nossos países e algumas nós odiamos, mas outras nós amamos completamente. Isso ajuda a afiar nossa criatividade, porque temos a chance de estarmos expostos a músicas do mundo inteiro.

Mb: Além disso, que impacto Los Angeles tem em sua criatividade e no som que vocês fazem
WALLA: Mais do que o lugar, as pessoas de LA nos ajudam a ficarmos sempre com a criatividade em forma. Temos a oportunidade de conhecer e tocar com muitos músicos talentosos e diferentes, e sempre existem coisas novas para nos inspirar. Quanto à própria cidade, nós não gostamos tanto de estar nela e tentamos ir para ambientes mais naturais para escrevermos, como parques, praias e montanhas.

Mb: Pelo que vocês conversam com músicos em seus países de origem, qual é a diferença de ser uma banda independente na Califórnia e em outros lugares?
WALLA: Muito mais competição. Em Los Angeles, estamos lidando com os melhores entre os melhores músicos do mundo. Califórnia e LA são os lugares principais pros músicos serem descobertos, então é um grande desafio se destacar. Mesmo tentar tocar em algumas casas é complicado, porque músicos precisam pagar do próprio bolso só pra tocar. Mas estamos abertos ao desafio e tentamos nos fortalecer com ele.

Mb: Pra mim, há um bom senso de humor nas suas faixas. Quando vocês vão escrever, o que costuma vir primeiro: Letras ou música?
WALLA: É bom ouvir isso, porque nós tentamos ter um approach leve e divertido nas músicas, mas, ao mesmo tempo, falar de temas sérios. Para a música Gangsters of Suburbia, eu escrevi uma letra sobre como cresci em um subúrbio de classe média, mas agia como um marginal de Compton (uma cidade com alta criminalidade na região de Los Angeles). Eu queria fazer desta música uma sátira sobre como era fake, mas se achava cool. Então é bom escutar que os ouvintes percebem o espírito das letras ao invés de apenas verem literalmente.

Mb: Pra acabar, o que vocês tem ouvido ultimamente?
WALLA: Amamos muitas bandas Indie que estão saindo hoje um dia. Algumas delas seriam De Lux, porque faz um som que parece Talking Heads (o que, aliás, nós adoraríamos ver voltando) e The War on Drugs, em que o vocalista tem uma grande semelhança com Bob Dylan.

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ARTISTA: Walla
MARCADORES: Entrevista

Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.