Fábio Cardelli: “Lançar Solo É como Lançar um Livro”

Álbum “A Palavra dos Olhos” registra musicalidade do artista adquirida ao longo da carreira

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Na música autoral, parece que a maioria dos discos tem um quê de autobiografia. É o caso de A Palavra dos Olhos, primeiro álbum solo do músico paulistano Fábio Cardelli, ainda que a história contada não seja necessariamente um registro cronológico de seus fatos e épocas, mas de sua musicalidade.

Em uma carreira que inclui trabalhos com as bandas Visitantes e Cabezas Flutuantes, Fábio colecionou referências distintas ao longo dos anos, o que resultou agora neste lançamento de dez faixas, escolhidas a partir de uma coleção de 30 composições.

“Eu tinha muita música represada”, conta ele, que voltou a compor e gravar demos em 2012, quando “essa barreira foi explodindo”. “No começo, pensei em guardar e ir lançando aos poucos em EPs, mas tinham muitas músicas boas e pensei ‘quer saber? Vai ser um disco cheio’”, conta ele.

Foi nesse processo que aconteceram as tantas composições. “Sou um cara descomplicado pra trabalhar canção”, conta ele, “ arranjo, toco vários instrumentos. A música é meu habitat natural”. Daí também ele ter lançado a faixa Seu Nome – que não entrou no disco – em janeiro.

Independente das que ficaram de fora, o mais interessante é olhar as nuances presentes em A Palavra dos Olhos, características que constituíram sua história como artista. Não é difícil ouvir o álbum e pensar em naqueles discos, em tais bandas ou mesmo um período que o influencie mais que os outros. Não tem jeito: Um trabalho solo é também um retrato do músico – se não de sua pessoa, ao menos de sua relação com essa arte.

“Acho que, com banda, por mais que as composições sejam de uma pessoa só, a química entre os integrantes é o que comanda”, revela Fábio. “Já lançar solo é como lançar um livro”, continua, “evidencia mais a estrutura própria da cabeça do artista, as escolhas dele”.

E agora que o disco sai, já vem também seu show de lançamento (dia 30, na Serralheria, em São Paulo), naquela sensação de que cada evento é também um capítulo na história de Fábio Cardelli – da qual A Palavra dos Olhos é não o primeiro, mas um importante ato em sua trajetória.

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Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.