Frenchkiss Records: Uma Grande Família

Selo nova-iorquino criou uma rede com outras tantas gravadoras e criou sua família

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Se existiu todo aquele papo de bandas salvadoras do Rock no começo dos anos 2000, é porque o estilo não andava lá muito bem no fim dos anos 90. Claro que ainda existiam diversas bandas novas propagando o nosso bom e velho Rock & Roll, mas era o Pop que estava em alta na época e, por consequência, se tornava mais relevante para um certo público – o Grunge radiofônico havia morrido junto com Kurt Cobain e não demorou para Boys e Girls Bands pipocarem novamente pelas rádios, sem contar o Hip-Hop/R&B que ganhava força e a Música Eletrônica feita para as pistas que conquistava ainda mais adeptos. Nesse cenário nada animador para os fãs do gênero, ainda existiam alguns que levantavam a bandeira e saíam à luta para trazer de volta um pouco de peso às rádios.

Uma dessas pessoas era Syd Buttler. O músico nova-iorquino estava procurando meios de lançar o segundo álbum de sua banda, Les Savy Fav, e o melhor meio que encontrou para isso foi abrindo seu próprio selo. Foi a partir daí que a Frenchkiss Records se estabeleceu como empresa e como propulsora do Rock no novo século. O mais interessante é saber que o selo nasceu quase ao mesmo tempo em que Música e Internet começaram a se combinar de fato. O advento do Napster e do compartilhamento de MP3 pela rede mudou todo o panorama da Indústria Fonográfica e se por um lado as grandes gravadoras estavam sofrendo com isto, as menores usariam essa nova tecnologia para se beneficiar. Uma vez que o que estava acontecendo ali era irreversível, nada melhor que se adaptar e tirar o melhor proveito do que a Web poderia oferecer.

Apesar das dificuldades enfrentadas por todos iniciantes, não demorou para que o selo conseguisse um catálogo com bons nomes e que ganhasse destaque para além da grande massa. Ao longo dos anos, nomes como The Drums, The Hold Steady, The Antlers, The Dodos, Local Natives e Passion Pit foram descobertos pela ótima curadoria de Syd e não à toa, tudo o que é lançado pela empresa sempre acaba recebendo uma atenção diferenciada. Nomes mais recentes como Crocodiles, Drowners, Johnny Aries e Tripwires também fazem parte do crescente rol de nomes do selo.

Com uma visão de negócios encontrada em um período que uma revolução tecnológica acontecia, Syd encontrou um modelo pensado e adaptado aos dias hoje. Não só na curadoria das bandas, mas nos processos que envolvem produção de shows e distribuição de CDs e merchs. Em uma entrevista dada ao artistshousemusic.org, o chefão do selo fala sobre sua maneira de gestão, além de dar uma panorama geral sobre a Indústria e os selos independentes.

Como o Rock sempre como norte, o selo se expandiu até onde conseguiu sem nunca perder sua indentidade roqueira, por mais que muitas das suas bandas tivessem um elemento ou outro de algum subgênero do estilo (por exemplo, o Tripwires, que brinca com a psicodelia e Britpop) ou tendências a experimentar com a música mais dançante (como Passion Pit, por exemplo). A solução para poder abrir o leque de possibilidades sem perder a identidade foi se juntar a outros selos e tornar-se um novo canal de descoberta e distribuição de música.

Inspirados em empresas como Dischord, Rough Trade, Touch & Go e tantas outras, a Frenchkiss se tornaria um grupo, rebatizado como Frenchkiss Label Group. A primeira união foi o com o canal de distribuição Orchard, no ano de 2012. Desde então, o selo já se juntou a outros 30 formando um grande conglomerado de pequenas iniciativas tão nobres quanto a empresa tinha (e ainda tem) em seus primeiros anos. Claro que com o aumento exponencial no número de artistas, aumentou também a oferta do grupo em estilos musicais. Nomes como ATP Recordings, Cult Records, Graveface Records, JAXART e Tsurumi Records estão hoje no que chamam de “Família Frechkiss”.

Discos de destaque

Em pouco mais de 15 anos, o selo lançou diversos discos que foram responsáveis não só por alavancar a carreira das bandas que os lançaram, mas também por trazer ainda mais credibilidade ao grupo. Vamos elencar cinco dos mais importantes, mesclando obras bombásticas com algumas de nossas apostas (como o ótimo Spacehopper, do Tripwires).

The Drums – Portamento

Tripwires – Spacehopper

The Antlers – Hospice

Passion Pit – Manners

Local Natives – Hummingbird

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Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts