Future Garage: o lado Pop do eletrônico britânico

Saiba mais sobre o estilo por trás de grandes nomes como Disclosure e AlunaGeorge e porque sua existência é benéfica para cena eletrônica

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Como todo contexto que envolva a boa música, sempre vai haver uma boa polêmica. O que é, de fato, Deep House? De onde veio o novo R&B? O Post-Rock e o Dubstep bebem de qual fonte? Essas são só algumas perguntas que demandariam bons parágrafos e talvez não chegaria a um lugar específico. Dependem muito de uma questão ideológica e, às vezes, até territorial. Cenas nascem e morrem em tempos diferentes em países diferentes e cada uma injeta em um gênero suas influências locais, o que acaba gerando dois produtos diferentes. Eis que biforcamos o House, dos anos 80, bastante influenciado pelo Soul, sendo batizado como Garage de New Jersey. Dez anos depois, o som passou fronteiras e deu asas do outro lado do oceano. Nasceu o que conhecemos como UK Garage.

Os anos 90 vieram para batizar o estilo com uma batida mais acelerada que o tradicional house. O famoso “4 por 4” com percussão ágil deu dinamismo às faixas, o que também ganhou o sinônimo de “Speed Garage”. E então, quase vinte anos depois de toda metamorfose, produtores londrinos reergueram o estilo dando uma cara moderna. A nova roupagem se alimenta muito de influências da música Black, o que trouxe muito da marcação do Hip Hop às bases eletrônicas. O final dos anos 2000 foi batizado pela consagração do gênero fora da ilha, aceitação do público e crítica positiva.

Diante disso, alguns nomes conquistaram espaço nos maiores festivais, nos sites de música com maior credibilidade e, o mais importante, nas nossas playlists. Nos últimos meses, passamos por nomes como Hudson Mohawke até o mais estourados como AlunaGeorge e Disclosure. Mas o que pouco se percebe é que o, agora intitulado, Future Garage vem dominando os principais charts do mundo, com o incrível talento de hibridizar com estilos mais comerciais, como o RnB e/ou o Pop. Em seguida, alguns nomes que talvez você até conheça, mas que, definitivamente, precisa prestar mais atenção.

Bondax: Apesar de muito novos, é um nome bastante conhecido (e admirado) pelos amantes do gênero. Bondax é daquele tipo de projeto que se escuta e o som é tão confortável que parece que já conhecia há anos. George Townsend e Adam Kaye, intensamente há uns 18 meses, fazem do UK Garage um início para depositar tanto swing e corte vocal. O resultado disso? Uma música conceitual que é acessível (além de extremamente sexy). Autores de remixes incríveis (a arte de fazer remixes melhores que o original) e, por enquanto, de poucas originais. Ouça: Baby I Got That, Gold e Giving It All.

Duke Dumont: O Diplo do Speed Garage. Parece que tudo o que o produtor toca vira ouro. Desde Need U (100%), em parceria com A.M.E., que seu nome não sai dos charts mais importantes. Ouvir Dumont é como sentir na pele o calor do Groove do Deep House e se deliciar com um vocal Pop e forte, além da estrutura desconexa do Future. Ouça: Need U e Hold On.

SBTRKT: Seu mistério começa no personagem criado. “Subtract” é um produtor anônimo que usa uma máscara étnica, não para esconder quem é, pelo contrário, para doar tudo que tem como alma sem amarras de identidade. Suas produções marcadas dão jus à credibilidade que nomes como Basement Jaxx, Franz Ferdinand e Gorillaz tiveram para assinar seus remixes. Aqui suas faixas são minimalistas, misturando elementos do Dubstep com Funky House, às vezes um vocal bem suave para acompanhar. Tem a variedade de te imergir num lago de sensações até faixas para te fazer ir pegar um drink e ir para a beira da piscina. Ouça: Hold On, Wildfire e Pharaohs.

George FitzGerald: Há três anos construindo sua carreira fora da superfície, FitzGerald desde o início já teve suporte de um selo grande e foi amplamente comparado com um dos maiores nomes do gênero: Joy Orbison. O londrino não baseia suas produções no Future Garage, mas bebeu dessa fonte. Hoje tem que defenda seu gênero no Deep House (ou quem não o aceite, pelas perguntas do começo do artigo) e quem admita que ele perambula bastante pelo próprio House – até mesmo porque entre The Let Down para Child nem parece que passaram só de dois anos. Ouça: I can Tell, Child e Thinking of You.

Poderia ter sido justo pegando um pouco de Blawan? Julio Bashmore? Poderia. Mas enquanto uns têm nome marcado no UK Garage, o “Garage do Futuro” tem bem essa pegada de liquidificador de influências sob base 4 x 4. A estrutura fica mais próxima do Dubstep, Hip Hop, RnB ou Techno, mas a essência vem com o Pop na fórmula. E conquista. O gênero tem carta branca oficialmente há quase três anos e só ganha mais força. Uma ótima forma de disputa entre os “bangers” do EDM e um pouco mais contexto histórico musical com o “Brit Hop”, traz diversidade e cultura para um público que antes parecia estar estagnado e sedento por novidade. Seja com qual codinome for, o mais importante é que provou ser possível existir vida na pista sem tanto EDM. E que assim continue.

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Publicitário que não sabe o que consome mais: música, jornalismo ou Burger King