Gogol Bordello: Dominação Cigana Mundial

Prestes lançar seu novo disco, indicamos por onde começar a escutar a banda e sua relativamente extensa obra

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“Não mistura que não vai fazer bem…” – Uma vez na vida, você já deve ter escutado essa frase a fim de que você evitasse passar mal ao experimentar juntar duas coisas aparentemente antagônicas. O Gypsy Punk é a prova viva de que misturar faz muito bem e, se você tem alguma dúvida remanescente disso, o seu maior representante pode mudar sua concepção rapidinho: Gogol Bordello.

Com quase 15 anos de existência, a banda possui integrantes de diferentes nacionalidade (o que torna a reunião da banda um marco por si só). Países Eslavos, Israel, Trinidade e Tobago, Etiópia, Escócia e até mesmo um representante latino-americano vindo do Equador se juntaram para criar uma mistura que cativa seus ouvintes pela força, diversão (ainda que seja uma banda com uma força política) e originalidade musical. Entretanto muita gente ainda não conhece tanto o grupo, seja por desinformação ou por não saber por onde começar a escutar (afinal, o conjunto já lançou cinco discos de estúdio, sem contar EPs e álbuns ao vivo). Pensando nessa quantidade de registros – e considerando que ainda teremos mais um novo na semana que vem, com o lançamento de Pura Vida Conspiracy – e nos shows que Gogol Bordello fará pelo Brasil em setembro, temos aqui um pequeno guia para você redescobrir ou descobrir essa magnífica banda.

Álbuns de Estúdio

Por mais que uma banda seja incrível, ela tem seus melhores discos. No caso do Gogol Bordello, realmente é difícil selecionar alguns, porque todos possuem uma mágica própria. Mas com muito esforço conseguimos transformar os cinco registros que você não conseguia se decidir por qual começar, em dois álbuns pelos quais você pode começar a escutar.

Underdog World Strike (2005)

Ainda que o espírito cigano se manifeste intensamente dos primeiros discos da banda (como em Voi-La Intruder, de 2002) é interessante que você comece a escutar o conjunto pelo seu terceiro trabalho porque aqui, parece que a raíz do som do grupo e seu principal lema são demonstrados com total força. Tudo isso pode ser simplificado com o título da décima faixa desse registro: Think Locally, Fuck Globally. Ou seja, eles não querem que o ouvinte apenas curta sua música, mas sim, tome uma consciência global por escutar suas faixas. Por isso que há tantas nacionalidades envolvidas em um mesmo projeto. A ideia é que a parcela Punk de suas músicas (que é um movimento motivado pelas injustiças sociais locais, em uma primeira instância) cause em uma escala global. Desse disco, você pode começar escutando a música já citada, bem como composições para se revoltar e se mobilizar como Immigrant Punk, Start Wearing Purple e Sally. Uma garrafa de vinho e/ou rum é muito indicada durante a audição desse disco.

Super Taranta (2007)

Separados por apenas dois anos, a essência firme do Punk cigano se manteve nesse registro. O que pode servir de atrativo no disco para os desorientados de Gogol Bordello é o apelo Pop. Calma, a banda não se vendeu às grandes gravadoras para poder ganhar mais dinheiro com a venda de seus discos, como costuma ser a opinião de muita gente. O que justifica a inclusão de melodias mais fáceis de degustar é que esse apelo trabalha a favor do propósito da banda, ou seja, atingir o maior numero de pessoas para conquistar o mundo com sua música. Portanto, a parcela Pop das composições desse disco pode atrair o ouvinte leigo. Temos bastante faixas conhecidas no disco, como Wonderlust King e American Wedding, entretanto outras também mercem destaque como Dub The Frequence of Love, Super Taranta! e My Stange Uncles From Abroad.

Shows

Você pode conhecer Gogol Bordello escutando os discos indicados acima, mas pode passar pela mesma experiência que eu passei e conhecer suas músicas indo em um show deles às cegas. Aproveite que a banda está com datas marcadas no Brasil para Setembro, porque talvez esse seja a maneira mais eficaz de gostar da banda.

Conheci o grupo na apresentação que fizeram durante a primeira edição do festival Lollapalooza em 2012 e esse pode ter sido um dos, senão o melhor, show deste dia. Toda a energia das músicas e o espírito Gipsy Punk pode ser transferido para você através dos álbuns, mas quando todo mundo canta as músicas em uníssono e você sente a raíz das rodinhas de porrada ao seu redor, é que você sente a proposta do conjunto em sua total força. Recomendo fortemente que você aproveite esses próximos shows que eles farão aqui no país para sentir o espírito cigano com força.

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MARCADORES: Redescobertas

Autor:

Produtor, pesquisador musical e entusiasta de um bom lounge chique