Gram: Agora sim em Nova Fase

Ferraz e Loschiavo revelam amadurecimento da banda desde lançamento de “Outro Seu”

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Gram não é a mesma. Se você acompanha a carreira da banda paulistana, sabe que ela teve duas fases muito distintas: Uma que durou até 2007, quando o então quinteto interrompeu as atividades, e outra que data de 2014, com uma nova formação em um novo álbum, o terceiro de sua discografia. E Gram não é a mesma justamente desde que assumiu seu retorno, em um processo que tem a ver com o quanto aprendeu sobre si mesma com esse recomeço.

Isso ficou claro no show que o grupo fez em São Paulo no sábado, 13 de junho, que tinha como pretexto mostrar em primeira mão o clipe de Sei, o segundo retirado de Outro Seu. Com um repertório que começava logo com grandes hits de outrora (Você Pode Ir na Janela, Faça Alguma Coisa e Antes do Fim na sequência), dava pra ver que a missão do agora quarteto era agradar o público, algo que continuou com as músicas novas, como Sem Saída e a faixa do vídeo, todas cantadas a plenos pulmões pelo público – formado em maioria por um pessoal que aparenta ter vivido com a mesma intensidade cada fase da banda.

O lançamento do videoclipe era emblemático também na maneira com que ele revela o atual momento do grupo como um projeto independente, diferente da realidade de outrora, que enfrenta as mesmas dificuldades das bandas novas, mesmo com o apoio de um público fiel há mais de uma década. “A gente lançou o disco sem estrutura nenhuma por uma simples vontade e curiosidade, pra botar de pé e ver o que tá acontecendo”, conta Marco Loschiavo, guitarrista, que conta também que só agora, dez meses após o disco ter saído, que vê o grupo entrando no circuito de shows independentes e uma maior inserção nesse mercado.

Foi ele quem dirigiu Sei, a partir de uma ideia que surgiu espontaneamente após alguns testes com a estética glitch em imagens “roubadas da Internet”, nas palavras dele. Esse processo quase artesanal de produzir um clipe tem a ver com essa fase de tomar as rédeas da própria carreira e fazer tudo acontecer. “Nós estamos mais confiantes”, diz Loschiavo, “e um dos motivos é o amadurecimento do Ferraz”.

O novo vocalista entrou pro grupo sob o olhar cauteloso do público, que parece hoje estar tão à vontade com ele no palco quanto o músico – foi o que o show em São Paulo no dia 22 mostrou. Ele já mostra desde que o disco saiu seu domínio e interpretação sobre as músicas, sejam elas novas ou já conhecidas, mas agora revela sua aceitação como vocal do grupo. Seu amadurecimento é percebido tanto por seus colegas de trabalho quanto por ele mesmo, que se sente muito mais desenvolto nos shows e nos bastidores, como uma voz mais ativa também nas decisões e processos criativos.

“Ele entrou em uma banda que já existia com outros quatro velhos chatos pra caralho”, brinca Loschiavo, que conta também que as gravações de uma nova música (ainda inédita) mostraram o quanto Ferraz cresceu em sua função. O mais interessante é notar como seu processo de crescimento faz parte desse amadurecimento que Gram tem passado como um todo. “A gente tá com os pés muito mais no chão”, conta Loschiavo, que comenta ainda que percebeu “como a cena funciona e que não tá fácil pra ninguém”, e completa que Gram quer ser “uma banda independente que faça um trabalho de qualidade pras poucas pessoas que quiserem ver. A gente já entendeu nosso lugar. Cem pessoas super queridas que cantam todas as músicas e se emocionam, isso pra gente é uma vitória. Já que a gente já tem isso, é no que a gente vai investir”.

Quem já acompanha o grupo há um bom tempo e aprova a nova fase, como o público que estava no show, só agradece.

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ARTISTA: Gram
MARCADORES: Entrevista

Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.