Grooves & Games com Bruno Bruni

Super Mario World, Hermeto Pascoal e a busca pelo simples (e dançante) em teorias complexas fazem parte do universo de “Broovin 2”, lançado hoje

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Fotos: Maria Cau Levy, Jazzie Moyssiadis

É fácil se perder no mundo de Broovin 2, segundo disco de Bruno Bruni, músico paulistano e uma das cabeças produtivas por trás do Selo Freak. Seja pelas cores vibrantes na identidade gráfica quase pueril, que impulsiona facilmente o play nos dois singles de divulgação “A Onda” e “Banho de Sal”, ou pelo groove de um Jazz Funk Brasileiro cujos ecos vão de raízes brasileiras eruditas a trilhas sonoras de videogames, o disco é um universo dentro de si mesmo.

Este universo tem personagens especiais que se sintonizam à proposta de composição de Bruni, mesmo que fujam do que eles estão normalmente habituados. “A Laura Lavieri [cantora e intérprete de “Web Namorado”] me disse que nunca se imaginaria cantando uma música com essa letra ou mesmo andamento musical e teve a mesma sensação com outras do disco, como a que o Felipe S (Mombojó) cantou”, diz Bruni, contente com o resultado. A faixa cantada por Felipe é a excelente abertura do disco, “Troque A Faixa”, composta em parceria com Rubens Adati.

Em uma conversa via web, conseguimos perceber algumas influências no trabalho e tentamos trilhar o que ele tinha na cabeça quando compôs seu disco. O repertório traz diversos músicos convidados e realiza uma verdadeira celebração não apenas sonora, mas nostálgica – no caso, aos videogames, sua primeira referência musical. “Acho que a trilha sonora de Mario 64 e do Mario Kart 64 são, com certeza, a minha principal referência. Tem uma música do Mario 64 que de uma maneira inconsciente eu sempre tento colocar nas minhas músicas, que é ‘Bomb Omb Battlefield’”, conta Bruni, que costuma tocar ao vivo a faixa “Luigi’s Raceway” em seus shows. O belo trabalho gráfico do disco, feito por Maria Cau Levy (O´ Terno, Luiza Lian) e com fotos de Jazzie Moyssiadis, traz elementos gráficos fofos com formas básicas, um fácil reconhecimento e associação ao universo dos jogos eletrônicos.

Em uma conversa via web, conseguimos perceber algumas influências no trabalho e tentamos trilhar o que ele tinha na cabeça quando compôs seu disco. O repertório traz diversos músicos convidados e realiza uma verdadeira celebração não apenas sonora, mas nostálgica – no caso, aos videogames, sua primeira referência musical. “Acho que a trilha sonora de Mario 64 e do Mario Kart 64 são, com certeza, a minha principal referência. Tem uma música do Mario 64 que de uma maneira inconsciente eu sempre tento colocar nas minhas músicas, que é ‘Bomb Omb Battlefield’”, conta Bruni, que costuma tocar ao vivo a faixa “Luigi’s Raceway” em seus shows. O belo trabalho gráfico do disco, feito por Maria Cau Levy (O´ Terno, Luiza Lian) e com fotos de Jazzie Moyssiadis, traz elementos gráficos fofos com formas básicas, um fácil reconhecimento e associação ao universo dos jogos eletrônicos.

“Eu deixo o caos para quem convido para participar no disco, mas eu gosto de entender como consigo adaptar elementos muitas vezes complexos em um groove que te faça querer dançar”

No som, notamos também a VGM (Video Game Music) – pelos timbres de teclado escolhidos, com o mesmo chipset de consoles como Super Nintendo e Megadrive ou até pelos andamentos das canções: o groove é complexo, jazzístico, dançante, cíclico, como um loop de uma fase do Super Mario World. “Eu sempre penso muito nos compassos musicais mais estranhos e diferentes como 11/8, 9/4, normalmente ímpares e nem sempre no 4/4, e tento estudá-los para conseguir criar algo que tenha groove, movimento e que não seja simplesmente estranho”, define Bruni. É como querer expressar uma tese de doutorado no limite de caracteres de um tweet, é a busca por coesão e suingue, mesmo que a teoria seja exigente. Além das camadas de VGM e Jazz, Broovin 2 é ornamentado por uma percussão marcante e instrumentos de sopro que ressoam música brasileira do passado, do presente e do futuro.

Da mesma forma que Bruni, compositores clássicos de jogos de videogame – caso do japonês Koji Kondo – também têm seus vícios musicais. Como o gênero Ragtime, famoso no começo do século 20, com um nível dançante quase catártico, municiado por big bands que embalavam as festas populares norte-americanas. A sensação de Broovin 2 acaba sendo essa: uma grande celebração, complexa em arranjos e improvisos, mas que apesar disso soa encaixada, precisa. “Eu deixo o caos para quem eu convido para participar no disco, mas eu gosto de entender como eu consigo adaptar elementos muitas vezes complexos em um groove que te faça querer dançar”.

Formado em Piano Popular no Conservatório Souza Lima, Bruni se atenta intensamente à estrutura das suas músicas e se desafia inspirado por artistas como Charles Mingus, Herbie Hancock, Art Bankley, Bob Marey, Gilberto Gil e Hermeto Pascoal (sua foto no WhatsApp, inclusive, é com o nosso lendário maestro). Essa mentalidade, digamos, erudita abre muito espaço para improviso: além de Felipe e Laura, Ana Passarinho, Barabarelli, 2de1, Nico Paoliello (Garotas Suecas), Peter Pedro (Mel Azul), Tomás Souza, Joabe Reis e os irmãos Vicente e Felipe Pizzutiello (Suco de Lucuma), entre muitos outros em uma bela e imensa ficha técnica.

A sensação de que há uma gigantesca banda sendo regida por Bruno é o que permeia grande parte do disco e confesso que a vontade de ver isso ao vivo com todas as participações é gigante – esse dia há de chegar! Apesar feito quase todo a distância, com músicos mandando os trechos para que depois Bruni conduzisse sua orquestra no computador, é um disco com energia muito distante da virtual. Broovin 2 é uma orquestra brasileira que, por enquanto, pode entrar apenas virtualmente em nossas vidas, assim como um bom jogo de videogame de seu console favorito. Você pode experimentar esse fantástico mundo hoje, com o lançamento do disco.

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ARTISTA: Bruno Bruni

Autor:

Economista musical, viciado em games, filmes, astrofísica e arte em geral.