Gypsy Punk: A energia do Leste Europeu

Apesar de festivo, o estilo traz mensagens sócio-política-culturais, e faz jus tanto a cultura Romani como com ideias do Punk

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Um dos mais divertidos e exóticos estilos, o Gypsy Punk é uma mistura de dois mundos que podem até parecer totalmente diferentes, mas se olhados com atenção, possuem algumas coisas em comum. Podemos citar o DIY (Do It Yourself – Faça Você Mesmo) do movimento Punk com a divisão de tarefas da cultura cigana, a vivência alheia da sociedade pelo último e a tentativa de isolamento da mesma pelo primeiro, e um apego à sua cultura. Com isso, com a junção das duas culturas, temos um meio de expressar de maneira punk (com revolta) os preconceitos sofridos pela minoria imigrante, como as culturas indas do leste europeu, ou latino americanas, que buscam apenas um canto para viver, mas são maltratados e colocados para trabalhos inferiores e muitas vezes deportados. Além de poder dar uma roupagem nova à tradicional musicalidade romani.

As bandas começaram a surgir no início dos anos 2000. Já o termo surgiu por causa do título do terceiro álbum do Gogol Bordello, Gypsy Punks: Underdog World Strike, de 2005. Segundo o líder da banda, Eugene Hütz, não foi um rotulagem do som que faziam, porém o termo acabou sendo tomado pela mídia e usado para identificar bandas que fazia aquele tipo de som. O estilo, por assim dizer, acabou ganhando notoriedade e conhecimento no mainstream muito em virtude justamente do Gogol Bordello.

A sonoridade do Gypsy Punk tem como primeira base a música folclórica Romani – uma somatória de culturas do Leste Europeu, incluindo países como Bulgária, Ucrânia, Hungria, Baviera, Rússia, entre outros – com seus tradicionais acordeões, violinos, instrumentos de sopro, e percussões alternativas como bater de palmas, e sons oralizados, dando um ritmo bem característico. A outra base é dada pelo Punk Rock, com vocais fortemente entoados e em ritmo frenético e guitarras com riffs mais crus. Bandas como Kultur Shock, Blackbird Raum, Emir Kusturica & The No Smoking Orchestra, Zydepunks, são algumas das principais que compõe o leque do estilo.

Apesar do rótulo ser um só (o que justifica a sua errônea tomada e aplicação por parte da mídia), as bandas apresentam diferenças em seu som, com umas executando um som mais escrachado e cômico, outras com mais fúria e forte apelo Punk, e outras bem apegadas ao tradicionalismo, a penas adicionando mais ritmo, principalmente na percussão, usando bateria “tradicional”. Entretanto, é comum a todos a base gypsy, romani, cigana, ou como preferir chamar, que dão ao som de todas um encanto que pode não fisgar a todos, mas que a muitos contagia.

Com seu ritmo dançante e temáticas diversas, o Gypsy Punk faz qualquer um querer dançar de maneira livre. Não há certo nem errado. Fazendo jus a raiz cigana, o estilo se apega da energia festiva típica, e traz para suas composições músicas dignas de uma roda enorme de festeiros, porém apesar do ritmo divertido, trás toda uma carga sócio-política-cultural através de suas letras.

Discografia:

Gogol BordelloGypsy Punks: Underdog World Strike

Kultur ShockWe Come To Take Your Jobs Away

Blackbird RaumSwiden

Emir Kusturica & The No Smoking OrchestraLife is a Miracle Sound Track

ZydepunksExile Waltz

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Autor:

Marketeiro, baixista, e sempre ouvindo música. Precisa comer toneladas de arroz com feijão para chegar a ser um Thunderbird (mas faz o que pode).