Jovens Mainstream, Música Alternativa

“Segundas Intenções” reuniu em sua trilha a intersecção de dois mundos para sonorizar uma história de sedução e vingança em 1999

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À beira da virada do milênio, a adaptação de um romance do século 18 tornou-se um dos filmes mais marcantes para quem era adolescente na época e parte da culpa é sua trilha, que tentou (e conseguiu) agradar gostos musicais variados e retratar uma certa intersecção entre sons mais alternativos e o que era mainstream no momento.

Segundas Intenções (Cruel Intentions, 1999) conta uma história de sedução e vingança entre jovens ricos, como no francês Ligações Perigosas, do escritor Choderlos de Laclos publicado pela primeira vez em 1782. Além do misto de sexo, drogas e riqueza, os queridinhos Sarah Michelle Gellar (a Buffy, lembra?), Ryan Phillippe e Reese Witherspoon, todos super novinhos, formavam o trio de protagonistas da trama. Sucesso na certa.

Essas músicas do trailer acabaram não entrando na trilha oficial, dando espaço para um raio-X bem múltiplo do que se ouvia na época. São faixas que combinam entre si não por serem parecidas (aliás, quase nenhuma tem a ver com a outra, com uma ou outra exceção), mas justamente por serem super boas e pelo sucesso que faziam naquele período. Outra característica dessa compilação é que todas as músicas são muito marcantes por si só, então cada uma vem, faz uma presença nem forte e dá espaço para a próxima.

Alguns grandes hits do ano estão ali, como Coffee & TV, do Blur, Every You Every Me, do Placebo e Praise You, do Fatboy Slim – aliás, são esses três que abrem empolgadamente o disco. Ao longo da compilação, ainda há espaço para gente do Rock Alternativo, como Marcy Playground, e aqueles grupos bacanas ingleses da época, como Skunk Anansie e Faithless – aquelas bandas que fazem um som considerado “moderninho” até hoje.

O grande destaque fica com Bitter Sweet Symphony, o maior hit do The Verve e um dos maiores “clássicos” do fim da década/século/milênio. Na época, o diretor Roger Kumble revelou que a música tinha os mesmos ritmo e progressão que o filme, fazendo dela a escolha certa para ser a cara de Segundas Intenções. Pena que a banda não pôde aproveitar tanto da exposição causada pela trilha, já que acabou logo depois (para se reunir novamente em 2007 e se dissipar em 2009).

O que fica é uma ótima compilação de sons típicos do período que continuam muito bons até hoje. Já o filme… Ele foi ficando mais e mais bobinho com o tempo, um pouco dramático demais, e chega até a parecer datado, já que sua cena mais famosa, a do beijo entre Sarah Michelle Gellar e Selma Blair, já não tem mais tanto impacto hoje (não era tão comum ver meninas se beijando em filmes ou TV na época). Vale pela nostalgia.

Placebo – Every You Every Me

Blur – Coffee & TV

The Verve – Bitter Sweet Symphony

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MARCADORES: Trilha-Sonora

Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.