Kathleen Hanna: a explosão feminista com o tempero do Punk

Conheça mais sobre um dos grandes ícones do movimento feminista nos anos 90, líder de bandas como Bikini Kill e Le Tigre e um dos grandes nomes do Riot Grrrl, estilo também conhecido pelo seu viés pro-mulher

Loading

Creio que você deva conhecer Kathleen Hanna mesmo sem saber que é exatamente essa mulher. Suas participações especiais em obras musicais e algumas ilustres amizades poderiam dizer muito sobre Hanna, mas sua música consegue falar por si só e é (principalmente) sobre ela que abordaremos neste texto.

Se nada ainda lhe vem à mente ao ouvir este nome, saiba que a moça foi uma das mais importantes ativistas do movimento feminista no começo dos anos 90, além de fundar o Bikini Kill, uma das bandas precursoras do movimento Riot Grrrl (que também levantava a bandeira com ideário pró-mulher), e o Le Tigre (outra banda com essa proposta, mas com uma sonoridade diferente, ainda que muito abrasiva). E é por essa vertente ideológica que vamos começar a enumerar alguns móvitos pelo qual você deveria revistar as obras de Hanna lançadas durante os últimos 20 anos.

Feminismo e Riot Grrrl

Em muitas de suas entrevistas sobre o assunto, Kathleen deixou claro que desde criança foi influenciada pelo feminismo e muito disso se deve a sua mãe que lhe apresentou o movimento. Já em sua fase adulta, muita dessa ideologia se transformou em ação (e música posteriormente). No fim dos anos 80 após tentar mobilizar pessoas ao seu ideário por meio do teatro (em uma peça que discutia o sexismo), organizações voluntariais contra a violência domestica e diversos fanzines sobre assunto, foi na música que a moça encontrou sua verdadeira voz e conseguiu disseminar suas ideias.

Passando por algumas bandas e formações até chegar ao seminal Bikini Kill, Hanna também se dedicou a diversas publicações de fanzines, um deles o Riot Grrrl, revista que viria a nomear o movimento feminista de maior destaque nos anos 90. É claro que ela não estava sozinha nessa, mas Kathleen acabou por se tornar um dos grandes símbolos desse movimento e é também apontada como uma das fundadoras do estilo Riot Grrrl. Não só através dos textos, mas também em suas letras e atitude Punk (de questionar a sociedade, bom como o modo “faça você mesmo” de produzir suas obras) Kathleen levantava (e ainda hoje levanta) a bandeira feminista com muita influência do Punk e Hardcore em sua atitude e letras.

Amigos e relacionamentos

Além de ser casada com Ad-Rock (Adam Horovitz), do Beastie Boys, Hanna manteve contato com bastante gente legal ao longo da sua carreira (grande parte deles participantes da cena underground norte-americana do começo dos anos 90). Para você ter uma ideia do que estou falando, foi Ian MacKaye (membro de bandas como Fugazi e Minor Threat) quem produziu os primeiros singles e EPs do Bikini Kill. Além disso, a moça figurou em um clipe do Sonic Youth (Bull In The Heather, do disco Experimental Jet Set, Trash and No Star, de 1994), além de sem querer criar o nome do single de maior sucesso do Nirvana (ao brincar sobre o perfume que Kurt Cobain usava, dizendo “Kurt Smells Like Teen Spirit” e o nome da faixa você já deve imaginar qual é, não?).

Como se isso não fosse o bastante, a moça também ganhou diversos elogios de ninguém menos que James Murphy (co-fundador da DFA Records e ex-LCD Soundsystem), que além de lisonjear a moça ainda se ofereceu a mixar uma das faixas de sua nova obra, a qual falaremos daqui a pouco.

Suas Bandas

Apesar de até agora termos dado mais ênfase ao Bikini Kill, foi o Le Tigre que alcançou maior sucesso mercadológico entre suas bandas. Com um som que trazia uma aproximação ao Dance Punk e Eletroclash (sendo muito influente aos dois gêneros que se estabeleceriam dali a alguns anos flertando com mainstream em diversos momentos), a banda também mantinha sua letras carregadas de temas sociopolíticos, que abordavam principalmente o feminismo e os problemas da comunidade GLS.

Por mais que a carreira do Le Tigre não tenha oficialmente acabado, ele se encontra em um hiato desde 2006. Com três discos lançados, seu single mais lembrado até hoje é o que abre seu primeiro e autointitulado álbum (lançado em 1999). Decaptacon é até hoje um hit em baladas (e não só as GLS) e creio que você já deva ter ouvido em muitas delas.

Com o Bikini Kill, Hanna também lançou apenas três discos, em quase sete anos de banda, além de alguns split singles e EPs. Com muita influência do Punk e Hardcore, essa foi a base para o que se consolidou como o estilo Riot Grrrl (musicalmente e tematicamente). Muita abrasividade e agressividade eram as armas perfeitas para aquelas mulheres conseguirem ganhar força em seus discursos ideológicos no começo da década de 90.

Seu novo disco

Apesar do nome Julie Ruin já existir desde 1997, e até mesmo já ter debutado naquele mesmo ano com um disco autointitulado e gravado de forma solo pela Kathleen, foi somente em 2013 que ele resurgiu como uma banda completa (e a qual teve uma faixa mixada pelo James Murphy). Nomeado como Run Fast, o álbum é esperado para estrear em 3 de setembro, mas felizmente o streaming do disco foi liberado no começo da semana e você pode matar a curiosidade do que se tornou o retorno da moça aos estúdios desde 2004, com o This Island gravado pelo Le Tigre.

Com uma formação que conta também com a ex-Bikini Kill Kathi Wilcox (no baixo), Kenny Mellman (do Kiki and Herb no teclado), Carmine Covelli (na bateria), and Sara Landeau (na guitarra), a banda consegue explorar tanto o lado mais explosivo e abrasivo do Bikini Kill, quanto o lado mais divertido e dançante do Le Tigre. Então se prepare para muitos coros e versos “sing-along” com a marca registrada de Kathleen Hanna impressas neles.

Loading

Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts