Medeski Martin & Wood para crianças

Trio levou seu Jazz a um novo público e conquistou ainda mais os fãs

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Sabe aquele disco lançado há algum tempo que você carrega sempre com você em iPod, playlist e coração, mas ninguém mais parece falar sobre ele? A equipe Monkeybuzz coleciona álbuns assim e decidiu tirar cada um deles de seu baú pessoal e trazê-los à luz do dia. Toda semana, damos uma dica de obra que pode não ser nova, mas nunca ficará velha.

Let’s Go Everywhere

Os verbos brincar e tocar dividem a mesma palavra na língua inglesa, play, que ainda se encaixa na tradução de interpretar, no sentido teatral. O álbum Let’s Go Everywhere, lançado em 2008 pelo então já conhecido trio estadunidense Medeski Martin & Wood, parece ter vindo da intersecção de tais conceitos, resultando em uma obra específica – se considerarmos outros trabalhos dos rapazes e a faixa etária média de ouvintes de Jazz – que se torna um achado em tempos de galinhas pintadinhas e afins.

A ideia dos rapazes em gravar um disco mirando o público infantil veio após observarem seus filhos brincando certo dia. Pergunte a uma criança de onde vem a criatividade e a provável reação seja uma expressão de confusão, pois a eles o conceito parece estar muito mais próximo a um estado de espírito do que algo a ser alcançado através de qualquer tipo de esforço. O tom seguido pelo disco é exatamente o de uma brincadeira, que conquista seu mérito exatamente ao não se levar tão a sério.

As faixas recebem, além do Jazz que tornou o trio famoso, convidados mirins em participações aqui e acolá. A dosagem de elementos infantis é feita com tanto bom gosto que o disco acaba conquistando não só seu público alvo como também o adulto que (provavelmente) o ouvirá por tabela, um alívio para viagens longas e outros momentos onde não existe muita democracia na hora de escolher qual som ouvir.

No menu de quinze músicas, o grupo passa por uma releitura de I’ve Been Everywhere (canção de Geoff Mack que ficou conhecida em vozes como Hank Snow e Johnny Cash) intitulada Let’s Go Everywhere e que dá o nome ao disco, uma criativa história para dormir chamada The Squalb e um pirata que canta orgulhoso para as crianças não esquecerem de ouvir seus “piratas interiores” (em Pirates Don’t Take Baths), passando por lindezas como We’re All Connected, um quase samba solfejado por uma das crianças que participam da obra.

O disco funciona como um parênteses na elogiada discografia do trio, talvez um lembrete a eles mesmos para não esquecerem de se divertirem durante a jornada, conselho esse que é valioso a qualquer pessoa, sem distinção de idade.

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Autor:

Videomaker, ator e Jedi