Mercury Rev, sobre turnê “Deserter’s Songs”: “Tem sido o encontro do passado com o futuro”

Banda traz show de 20 anos do disco ao próximo Balaclava Fest

Loading

Fotos: Divulgação

Você já ouviu Deserter’s Songs? Lançado em 1998, o disco projetou a banda Mercury Rev a um dos nomes mais criativos do Rock Alternativo ali daquele fim de década com músicas que chamaram atenção suficiente da crítica para suas listas de melhores do ano e de um público que alçou a banda ao status de Cult. Vinte anos depois, ouvir faixas como Goddess on a Hiway é uma experiência forte, ainda impressionante, para quem acompanha o gênero e suas facetas ao longo das décadas.

“Musicalmente, ele estava à frente do seu tempo, então ele parece ter sido feito para hoje”, contou Sean Mackowiak (mais conhecido como Grasshopper) ao Monkeybuzz por telefone. O guitarrista e clarinetista da banda, um de seus membros fundadores, diz que a mistura de referenciais “da música Eletrônica até outros mais antigos, quase Ambient”, faz com que suas faixas casem bem com o clima eclético dos festivais de hoje em dia.

Não à toa, Mercury Rev trará o show comemorativo dos vinte anos do aniversário de Deserter’s Songs ao próximo Balaclava Fest (04 de novembro, em São Paulo). Para a ocasião, o músico espera transmitir esses sons para um público brasileiro variado, mesmo que tenha ido ao evento para ver as outras bandas. “Isso que é legal nesse disco, ele atinge públicos muito diferentes, porque tem verdades muito universais que podem tocar qualquer um”, explica, “é bem legal ver isso acontecendo”.

Essa oportunidade de tocar o álbum novamente rendeu dois resultados imediatos para os músicos. A primeira foi descobrir um público mais novo “que nunca tinha nos visto ao vivo antes”, como Grasshopper comenta: “No Twitter, um moleque falou ‘esses caras velhos comparecem mesmo”, a gente só diz “não somos tão velhos assim!’ (risos)”.

Por outro lado, há também um novo contato da própria banda com essas composições. “Essas músicas têm tanto significado para nós, e poder tocá-las assim novamente tem sido uma experiência muito forte, de trazer várias lembranças”, conta ele, “e enxergamos algumas coisas que não víamos antes aqui e ali”.

“Esse disco é atemporal para nós, parece que foi feito ontem, não parece que já foi há vinte anos”, continua, “as letras são bastante atemporais, parecem mantras que viajam dos nossos ancestrais até o futuro. Elas me fazem lembrar que aquilo que você planeja sempre acaba mudando, você precisa aceitar e seguir em frente”.

Por isso também ele comenta que a experiência ao vivo em 2018 “tem sido um encontro do passado com o futuro”. “Fomos influenciados por tantas bandas – Velvet Underground, Neil Young, Echo & the Bunnymen -, parece que fazemos parte de uma linhagem na qual influenciamos e também somos influenciados pelas bandas novas, com sua energia no palco”, conta Grasshopper, que, no maior estilo da grandiosidade introspectiva que Deserter’s Songs carrega, afirma: “a música para mim é uma entidade orgânica, é quase uma religião, ela te dá vida. O show é uma experiência de afirmação de vida”.

Loading

Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.