Metronomy: Sintetizadores, Beats Dançantes e Experimentações Pop

Por mais diversa que seja a carreira do quarteto, há sempre uma tríade de elementos presente em todos seus registros

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Existem bandas que tem uma identidade tão forte e tão facilmente reconhecível que, ao se ouvir qualquer uma das faixas espalhadas por sua discografia, logo se reconhece os trejeitos e elementos que caracterizam aquele artista. Você deve ter na cabeça uma listinha com alguns nomes como esses e creio que entre estes Metronomy deva aparecer. O quarteto inglês, à primeira vista, não se encaixaria nessa seleção de grupos que se reconhece facilmente, mas a um olhar atento em qualquer extremo de sua carreira nota-se que há sim diversos elementos em comum e muita identidade em sua música.

O interessante ao se observar a discografia do quarteto é que, mesmo mudando bastante durante os anos, ele se se manteve “imutável”, ou pelo menos sempre deixou sua identidade sempre tão aparente. Pode parecer paradoxal, porém em uma breve visita pela sua discografia vamos notar que é bem isso que acontece.

Pip Paine (Pay the £5000 You Owe) (2006)

Um longo caminho foi percorrido pela banda até seu primeiro lançamento. São quase sete anos que separam sua formação (1999) e esse disco que praticamente definiu os terrenos que o grupo exploraria a partir dali. Ainda assim, essa é uma obra “esquisita” e fora da curva, seja para época ou mesmo para a produção de Joseph Mount (ainda de forma solo) a partir dali. Praticamente instrumental, ela basicamente mostrava o músico explorando o encontro de muitos sintetizadores, beats dançantes e experimentações Pop – tríade de ingredientes básicos para qualquer álbum do Metronomy.

Ele é bem obscuro e certamente o mais excêntrico que o grupo já produziu. Ainda assim, consegue traduzir muito bem as tendências que aconteciam naquela época: há um pouco da vibe New Rave em You Could Easily Have Me, algo à la LCD Soundsytem em Danger Song e algo que pode lembrar Bonobo em This Could Be Beautiful (It Is), entre outros. Tudo isso se unia sob uma aura experimental e eletrônica que seria suavizada nos próximos anos, porém encarada como a pedra fundamental da banda.

Nights Out (2008)

Algumas mudanças e o incremento vocal fizeram desta segunda obra algo que levaria ainda mais adiante a musicalidade da banda – e esse aumento no escopo deve-se também a Joseph chamar dois músicos para se juntarem a ele. Alguns elementos mais Pop e orgânicos foram absorvidos nesse segundo registro, que de certa forma já apontava para o que seria o belo The English Riviera, além de ser o responsável pelo primeiro buzz do grupo ainda no fim da década passada.

Tudo isso não foi á toa, afinal Nights Out basicamente melhorava todos os aspectos de seu antecessor e ainda trazia muitas novidades, porém mantendo a tríade fundamental composta pelos muitos sintetizadores, beats dançantes e experimentações Pop. E é exatamente esse tom mais experimental que torna esse disco tão válido quanto Saturdays=Youth (M83) e In Ghost Colours (Cut Copy), obras muito elogiadas na época e que apresentavam algumas semelhanças estilísticas.

The English Riviera (2011)

Partindo ainda mais para o lado Pop de sua produção, Metronomy mergulhou no clima veraneio e compôs um dos discos mais celebrados de 2011 – sendo indicado ao Mercury Prize e aparecendo em tudo que é lista de melhores álbuns do ano. Com um som ainda mais orgânico e ensolarado, clima da tal Riviera Inglesa, o agora quarteto (com a baterista Anna Prior completando o time) mostrava, além da sua trinca, novos elementos, como a maior presença das guitarras e das harmonias vocais.

Tudo isso é explorado sem esquecer o que foi feito anteriormente e até mesmo algumas faixas de discos passados parecem ecoar aqui de forma sutil, porém perceptível. Sem dúvidas, esse é um álbum ímpar na carreira do grupo, responásvel por impulsionar a carreira da banda no começo dos anos 2010, tornando-a um dos símbolos dessa nova musicalidade Pop híbrida entre Indie, Rock e Música Eletrônica.

Love Letters (2014)

Esta parece ser a obra mais “diferente” de toda a discografia do grupo e o principal motivo para isso parece ser que agora o quarteto busca inspirações em épocas diferentes. Se a década de 80 de certa forma sempre estive presente de forma incisiva ou pelo menos conduzindo grande parte da musicalidade de seus álbuns, aqui são os anos 60 e 70 que guiam a música de Joseph Mount e companhia. E isso não é tão difícil de perceber ao se ouvir os singles I’m Aquarius e (principalmente) Love Letters.

Mas perceba que também o que fez a banda chegar até aqui e se tornar um símbolo dentro do Indie Pop/Synthpop não foi esquecido e muitos dos elementos já explorados anteriormente voltam repaginados e com a cara desta nova obra. Love Letters é, sem dúvida alguma, um “Metronomy”, um disco que traz a tríade fundamental do grupo, porém sem apegar a ela completamente e, o mais importante, sabendo agregar boas novidades – que no caso é o apelo retrô.

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ARTISTA: Metronomy
MARCADORES: Redescobertas

Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts