Mumford & Sons e a Variação entre o Intrigante e o Grandioso

Autenticidade e sinceridade aos tiros dos instrumentos e letras no primeiro disco da carreira dos britânicos

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Mumford & Sons é uma banda Folk britânica que leva o nome do vocalista Marcus Mumford, apesar dos outros integrantes não serem seus filhos. Péssimos trocadilhos à parte, o grupo conta com quatro jovens músicos de Londres – além de Marcus, Ben Lovett, Winston Marshall e Ted Dwane – que orgulhosamente anunciaram sua autenticidade e sinceridade aos tiros dos instrumentos e letras das canções em seu primeiro disco de carreira, mostrando a que vieram. Eles combinaram o banjo, acordeão, guitarra, violão, baixo e um bigode característico na medida certa. Em um álbum que é tão intrigante quanto grandioso, a musicalidade de Sigh No More se focou em atingir um som próprio e, com sorte, Mumford & Sons trouxe um talento único através de seus integrantes, que pela unidade precisa, alcançaram com facilidade a ambição de conseguir um bom álbum de estreia.

Depois de um bom tempo, com diversas bandas Indies equipadas com afiados riffs de guitarra e letras pontiagudas, a música britânica começou a cuspir uma forma diferente de produto. Formada no final 2007 por um amor compartilhado entre o Folk e o Country, os integrantes já sabiam até onde queriam elevar seu patamar artístico e decidiram finalmente sair das sombras com Sigh No More, primeiro álbum de estúdio da banda, lançado no Reino Unido em outubro de 2009, e em fevereiro de 2010 nos Estados Unidos.

No ano seguinte, a banda foi nomeada para concorrer a dois Grammys: um para melhor artista revelação e outro para melhor música de rock, com Little Lion Man. Eles ganharam o ARIA Music Award na categoria de artista internacional mais popular de 2010, e o Brit Award em 2011 pelo melhor álbum britânico.

E lá estão eles, que explodiram para o mundo especialmente com a canção The Cave, levando a banda ao reconhecimento do grande público, mundialmente falando. O disco começa lento e suave, com uma guitarra que parece estar lamentando sobre o acompanhamento da voz de Marcus.

As próximas faixas tornam-se uma grande declaração otimista (ou nem tanto, dependendo do ponto de vista) sobre o amor, dando a partida e a sensação de que o álbum começou. Little Lion Man é outra que, como The Cave, caiu mais ligeiramente nas graças do público por ser mais positiva e animada, sendo um dos singles escolhidos pela banda para ganhar um clipe próprio.

Enquanto podemos encontrar declarações de amor e registros ensolarados e quentes de um verão, temos também o choque com outras canções mais introspectivas, que ecoam os fortes timbres dentro de cada um de nós. White Blank Page é uma canção de um amor lamentado, com um crescente acompanhamento e harmonização da faixa, movendo o álbum para um som de escala menor, mais introspectivo e de ares invernais. É uma música muito boa – apesar de nem sempre ser associada aos melhores sentimentos por esta que vos escreve.

I Gave You All é a primeira das três músicas realmente obscuras e introspectivas do registro, relatando os sentimentos de um coração partido, procurando a resposta de por que ele chegou a esse ponto, sendo um dos destaques do álbum. Timshel é a canção mais delicada do álbum e permanece suave até o fim, numa posição de oferecer conforto ao ouvinte, com “You are not alone in this” (Você não está sozinho nessa), quase como um hino da autoajuda.

Thistle & Weeds é uma música pesada e intensa, fazendo alusão a duas pessoas que lidam com algum tipo de trauma, mas parecem ter abandonado tudo por algum motivo até então desconhecido. É o tipo de faixa impactante que, assim como a maioria das faixas do registro, tem um crescente instrumental no refrão que surpreende e faz a música tornar-se realmente grande. Vem seguida por Awake My Soul, uma música que mais parece um hino religioso, mas ainda assim com tom de declaração, suave e delicada.

Dust Bowl Dance é um conto de vingança atmosférica e fecha as canções introspectivas, entrando em cheio no território do Rock ao longo de sua progressão. É um dos maiores destaques, sem dúvidas. After the Storm é a canção que encerra o disco, sendo mais lenta e soando muito aberta, ampla e positiva. Ela acaba preenchendo o espaço com os vocais de Marcus e algumas guitarras esparsas em um crescente acompanhado de cordas e do acordeão, como se fosse uma subida da faixa, apesar do seu ritmo lento .

Assim como na letra de Winter Winds, “Let love grow” (Deixe o amor crscer) é o que pede o álbum. Ele traz o ouvinte e o trata com uma coleção de canções cuidadosamente construídas em volta de temas como amor, paixão e angústias de um corpo que se entra conscientemente de seus sentimentos e aspirações elevadas, enquanto ocasionalmente tenha inclinações Pop o suficiente para permanecer entre o mainstream. É a estreia de uma banda que pacientemente juntou as necessidades de um público específico e colocou todas em um álbum, escolhendo o momento certo para agraciar os ouvidos do público necessitado de um sentimentalismo e verdade nas letras.

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Autor:

Largadora por vocação. Largou faculdades, o primeiro namorado e o interior. Hoje só quer saber de arte, cinema, música, fotografia e sair correndo pelo mundo.