O encontro espontâneo entre Luiz Viola, Ivana Wonder e Malka

Trio se reúne hoje (27/11) para sessão intimista do programa ORLA e fala ao Monkeybuzz sobre o projeto que, em dezembro, vai se transformar em EP

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Fotos: Alexandre Furcolin

Nada mais interessante do que a espontaneidade para criar encontros especiais traduzidos em música. Um bom exemplo disso é a conjunção formada por Ivana Wonder, Malka e Luiz Viola, artistas reunidos para uma sessão intimista do programa ORLA, que será exibido hoje, sexta-feira (27/11), às 21h, pela rádio digital Veneno.

Uma experiência multissensorial, as transmissões da Orla são feitas por um estúdio coletivo sob curadoria audiovisual de Ahmad Claudio, Bruno Conte, Daniella Domingues e Lucas Rampazzo. A produção é de Isadora Nunes e a produção executiva de Ahmad Claudio. O design assinado por Daniella Domingues, Lucas Rampazzo e Vini Studio.

O histórico do projeto tem gravações com Stefania Matuella (UK), Loa Szala (UK), Carla Boregas (Rakta), Felinto, Lucas Arr, Due (Carlos Capslock), Max Underson (Carlos Capslock), Mariana Dias, Matheus Leston, Marcelo Gerab, Luiz Bacchi, Cassius Augustos (ex-Dorgas), Paula Chalup e Ney Faustini. Uma equipe respeitável de artistas visuais com carreiras internacionais soma forças à produção sonora e, juntos, entregam uma identidade única ao projeto. Maura Grimaldi, Anna Costa e Silva, Modular Dreams, Lucas Wirz, Mateus Acioli, Gabriel Rolim, Kleber Matheus, Daniella Domingues, Lucas Rampazzo, Zex1000, Martinica Space e Caco Neves estão entre os nomes que fizeram produções inéditas para ORLA.

Segundo os organizadores, cada episódio transmite diálogos entre artistas de diferentes mídias e carregam a liberdade de não se prender a uma linha estética específica, estimulando trocas entre vertentes musicais e diferentes expressões visuais.

No episódio de hoje, composições autorais de Ivana Wonder, Luiz Viola e Malka Julieta compartilharão espaço com produções de Márcio Vermelho, Thiago Pethit, Ave Terrena Alves, Verônica Valentino e Gabriel Barbosa. Em dezembro, será lançado um EP com as faixas gravadas durante o episódio.

"Nós não trabalhamos com reprodução, não reproduzimos nada, criamos nosso próprio espaço. Por isso, as pessoas têm tanto medo de nós, pois conseguimos criar nosso próprio mundo, é algo muito poderoso. As pessoas têm tanto medo de nós, porque elas veem nas nossas vivências um mundo de possibilidades que para elas não existem. É difícil, porque nós vamos contra a corrente toda das coisas, mas criar seu próprio mundo é o jeito mais fácil de sobreviver nesse caos todo" - Ivana Wonder (Foto: Alexandre Furcolin)

Graduado em Regência pela ETEC de Artes, Luiz Viola é pianista, toca escaleta e acordeon, nutre forte atuação na performance e percussão corporal, além de ser pesquisador ferrenho dos instrumentos de teclas com foco em música brasileira, improvisação livre e música experimental. “Acredito que esse show é um marco para o nosso trabalho cuja estética é voltada para o improviso, desenvolvido através dessas músicas autorais maravilhosas de compositoras extremamente potentes inseridas no repertório. Isso conversa completamente com meu trabalho de improvisação livre voltado à música negra de raiz – é dela que vem o improviso. Acredito muito que esse trabalho vai ser maravilhoso, na verdade, já está sendo. Eu acho que o mais importante são esses encontros maravilhosos que acontecem na nossa vida. Encontrar com as almas e com outras pessoas como a Ivana e a Malka é essencial”, conta o multi-instrumentista ao Monkeybuzz.

Uma das duas faces do projeto Vermelho Wonder, parceria com Márcio Vermelho, a cantora Ivana também acredita na espontaneidade como fator diferenciador na música produzida em formatos de improviso como o da ORLA. “Eu acho que são sentimentos variados, porque depende muito de como eu estou naquele dia, naquele instante, o que usei, o que eu bebi. Essa é a graça de nunca ser a mesma coisa, sabe. Nós sempre estaremos de um jeito diferente de alguma forma, é impossível reproduzir. Nós não trabalhamos com reprodução, não reproduzimos nada, criamos nosso próprio espaço. Por isso, as pessoas têm tanto medo de nós, pois conseguimos criar nosso próprio mundo, é algo muito poderoso. As pessoas têm tanto medo de nós, porque elas veem nas nossas vivências um mundo de possibilidades que para elas não existem. É difícil, porque nós vamos contra a corrente toda das coisas, mas criar seu próprio mundo é o jeito mais fácil de sobreviver nesse caos todo. A minha trajetória é meio engraçada, ela é feita de acasos e acho que essa é a graça toda”.

“A Ivana nunca teve a pretensão de ser algo grandioso, tornou-se algo grandioso e acho que isso faz a jornada ser muito mais empolgante porque cada vez é uma novidade. Da mesma forma que foi uma surpresa conhecer a Malka e o Viola, e depois descobrir que os dois se conheciam surpreendeu novamente. Tais ocasionalidades, menos planejadas e mais orgânicas, fazem a nossa música ser muito mais real, honesta e sincera.  A proposta da apresentação é ser uma coisa orgânica, um improviso que fala muito sobre sentimentos e os lugares que cada um de nós toca com nossas corpas e vivências. Tudo isso é importante porque nos expressamos através da música, afinal de contas, não somos nós que fazemos as músicas. Ela que acontece através de nós, de certa forma. Não é sobre nós. É sobre algo muito maior. Acho que essa é a graça de fazer a coisa toda, é muito bom, é muito bom cantar com eles. Porque é muito verdadeiro, honesto. Uma coisa que prezo muito enquanto artista e cantor é a honestidade e verdade musical, acho tais qualidades essenciais nos dias de hoje, principalmente”.

Alterar a perspectiva em relação à execução de seu próprio trabalho musical é o ponto forte das sessões de improviso na visão da multi-instrumentista Malka. Eu penso no poder de tocar minhas músicas de formas que eu nunca toquei antes. É muito enriquecedor para uma artista ver o próprio trabalho evoluindo para diversos lados, além de tocar as músicas da Ivana, do Thiago Petit e outras. Fiquei muito empolgada e feliz desde o primeiro ensaio, superou nossas expectativas. Fico muito feliz que este registro ficará para a posteridade. É um encontro muito importante da nossa geração. Sou grata por toda recepção que recebemos, da estrutura para fazer tudo que precisamos. Acho muito importante destacar a equipe envolvida em todo esse trabalho. Juntas, conseguimos construir espaço para transmitir nossa mensagem por meio do improviso, é lindo. A música, nos últimos anos, tem sido sobre fluência. Eu aprendi nos últimos tempos que preciso deixar acontecer naturalmente. Assim como a vida, isso é muito importante nesses últimos processos, para eu encarar como fazer os projetos. E também entender qual é o meu papel na música, ver a funcionalidade ao fazer shows como este com Ivana e Luiz Viola, basicamente, só de improvisos. Desta forma, pegamos nossas músicas e trabalhamos em cima cada vez de uma forma diferente. É um processo muito rico e importante, porque eu sempre acreditei numa música viva transformadora. Ela vai acontecendo. Os anos vão passando e vamos encontrando pessoas.  Minha amizade com Luiz Viola foi se aprofundando, com a Ivana também e hoje temos essa oportunidade de chegar em outros lugares”.

Ficha técnica:

Ivana Wonder: vocal

Luiza Viola: escaleta, piano, acordeon

Malka Julieta: piano, sintetizador, bateria elétrica, guitarra

Direção | Produção Executiva: Ahmad Claudio

Direção de fotografia: Alexandre Furcolin

Direção de arte: Vini Studio

Cenotécnico: Ricardo Ariel

Iluminação: Helô Duran (MIWI)

Figurino: Clara Lima

Assistente figurino: Junior Martins

Beleza: Ivana Wonder

Produção | assistente de captação de som: Bruno Conte

Produção | Making off: Isadora Nunes

Som direto: Teo Cozz

Masterização som: Malka Julieta

Equipamento som: Zero Db Sonorização

Edição: Ganso

Making Off: Camila Padilha

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