O enigma de Hotaru (pt. 2)

A segunda e última etapa da viagem

Loading

Fotos: Reprodução

Após destrincharmos metade dos EPs na primeira parte do especial, é hora de finalizar a viagem em busca dos mistérios por trás dos edits de Hotaru.

PYRAMIDERNA

2. Ahmed Fakroun – Jama Al’ F’Na’.

Multi-instrumentista com muitos quilômetros rodados pelo mundo, Fakroun é considerado pioneiro da música pop árabe mundial. Instrumentos como baixo, sax, guitarra e synths dividiam espaço com itens típicos da sua terra natal, fator que fazia sua performance musical chamar atenção na Europa e nos Estados Unidos. Fakroun domina o uod, uma espécie de instrumento de cordas parecido com o alaúde, repleto de lendas que circundam seu uso milenar. Em pinturas egípcias de 2.000 aC é possível ver cidadãos em rituais empunhando o uod. A faixa “Jama Al’ F’Na’” integra o repertório do disco Mots D’Amour, lançado originalmente em 1987 através do selo francês Celluloid.

3. Harry Thumann – Sphinx

O repertório do disco Andromeda (1982) contém o clássico “Sphinx”, uma das faixas de maior sucesso do músico alemão Harry Thumann. Proprietário do Country Lane Studios na cidade de Munique, ele foi uma das primeiras pessoas no mundo a utilizar a tecnologia MIDI, além de ter criado sintetizadores e equipamentos de estúdio com tecnologias até então inexistentes na década de 1960. Thumman usou computadores Commodore 64 com placas MIDI, controlando um sistema que evoluiu para uma instalação de sintetizador, incluindo o sistema modular Fairlight II e Moog 3C. A track “Sphinx” serviu também de trilha da abertura de um seriado futurista muito cultuado nos anos 80, Knight Rider.

4. Su Kramer – Magic Dance

O furacão da Disco setentista se alastrou até a gélida Alemanha, onde o maior ícone do estilo é a cantora Su Kramer. Ela ficou famosa após ser escolhida entre 3 mil mulheres para ser a protagonista do musical Hair nos palcos alemães. Curiosamente, Donna Summer, esta sim a verdadeira diva mor da discoteca, fazia parte do conjunto do mesmo musical, dividindo palco com Su Kramer, época em que ela era conhecida pelo nome de Doona Gaines. Ex-professora de Jardim de Infância, Su Kramer se tornou um ícone dos musicais. A faixa “Magic Dance” faz parte do álbum Die Zwei Gesichter, gravado em 1978.

5. May East – Maraka

Em 1985, a cantora May East deu criou a miscelânea sonora intitulada Remota Batucada, na qual figura a música “Maraka”. Até os dias de hoje, o disco é cultuado entre colecionadores de vinis do mundo todo. Tão diversa quanto as influências musicais da artista brasileira, adepta da onda New Wave, é a lista de colaboradores da produção. Sem dúvida, May East tinha uma turma invejável de amigos. O músico Kodiak Bachine (Mumia) fez os vocais e drum machines da track “Idéias De Brincar”. Luiz Schiavon, do RPM, Fernando Deluqui, do Engenheiros do Hawaii, Marcelo Bonfá e até Renato Russo participaram da elaboração de algumas faixas. Nos dias atuais, May East direciona energias em causas envolvendo sustentabilidade, inclusive, em parcerias com a ONU. Por três anos seguidos, May figurou na lista das 100 Global Sustain Ability Leaders (maiores lideranças globais em sustentabilidade).

MIDNIGHT DRIVER

Minako Yoshida – Midnight Driver

Só quem sofreu bullying na infância sabe o gostinho bom de dar a volta por cima. A cantora japonesa Minako sofreu alguns anos na mão dos coleguinhas quando ela fazia parte da banda de sopro da escola – diziam que ela não tinha fôlego suficiente para tocar flauta. Mas o jogo virou quando chegou o ensino médio. Ela ficou na mesma turma que Haruomi Hosono, um dos fundadores da lendária Yellow Magic Orchestra, e, de prontidão, agarraram amizade assim que o novo colega pediu uma letra de música. A faixa “Midnight Driver” faz parte do álbum MONOCHROME, lançado em 1980 com descrédito por algumas gravadoras. O motivo era a abertura com um efeito sonoro de frequência 34HZ capaz de espantar todos os proprietários de selos, pois era considerado Noise demais.

LIPSTICK CLUB

1. Koshi Miharu – Scandal Night

Menina prodígio, a cantora japonesa Koshi Miharu começou a tocar piano aos três anos de idade. Cinco anos depois, ela já criava as primeiras composições, graças aos pais, músicos de uma orquestra japonesa. Mas foi na Chanson francesa em que ela encontrou seu estilo musical preferido, aos 11 anos, característica marcante por toda sua carreira. Após gravar uma demo cantando e tocando synths, Koshi despertou a atenção de Haruomi Hosono. O encontro rendeu a gravação do disco Tutu, em 1983, no qual está a faixa “Scandal Night”. Posteriormente, Koshi resolveu se aventurar nos palcos como bailarina clássica.

2. Nathalie Letertre ‎– Rêveur

Longe dos holofotes, a trajetória da cantora francesa Nathalie se resume a um disco gravado em 1986, no qual figura a faixa homônima “Rêveur”. Nos synths, estão Freddy Brua e Christian Schittenhelm, dois músicos ativos na cena Disco francesa ao longo dos anos 1980. Vale a pena conferir a participação da Nathalie em um programa da NTS Radio para saber mais sobre ela.

3. Meri D. Marshall – The Goodbye

Atriz nascida no Texas, Meri protagonizou uma fugaz, mas intensa carreira na música embalada por sintetizadores dos anos 1980. Entre seus rolês pelos Estados Unidos, ela se apresentou até com Jeff Buckley em Los Angeles. Em 1987, atuou no filme As Garotas do Carro, no qual ela é uma jovem que sonha em ser cantora e, ao lado da sua melhor amiga, trabalha como manobrista em uma festa em Malibu para conhecer os figurões da indústria de Hollywood. O single “The Goodbye” saiu pela gravadora Atlantic em 1985.

4. Šizike ‎– Don’t Stop

Novamente Hotaru e sua pesquisa diversificada levam os ouvintes para a Sérvia. Desta vez, com a banda Šizike. Idealizada pelos integrantes Zoran Vračević, Zoran Jevti, pioneiros da música eletrônica Sérvia, o projeto era paralelo à banda Data. Para os vocais, foram escaladas Jasmina Branković e as irmãs Jasna e Ljiljana Dimitrijević, ambas namoradas dos “Zorans”. Eles também fizeram parte da The Master Scratch Band, primeira banda de Breakbeat e Hip Hop da Sérvia. A imagem da capa é assinada pela renomada fotógrafa Goranka Matić, que ficou conhecida em sua terra natal devido aos históricos registros de bandas de rock nos 1980 e 1990. A faixa “Don’t Stop” faz parte do disco U Zemlji Čuda, de 1986.

5. Loukas Thanos ‎– Jazzburger

Nascido em Atenas, Loukas Thanos é uma referência artística muito grande em seu país nas funções de compositor, coreógrafo e tradutor de clássicos da literatura mundial para o grego. Formado em Filosofia, Dança Contemporânea e Teatro, ele lançou o álbum Jazzburguer em 1984, durante a fase em que mergulhou na música eletrônica em voga pelo Synthpop e New Wave. Nos anos seguintes, seguiu carreira musical compondo para orquestras e dirigindo espetáculos de ópera.

6. GRAF+ZYX – I Use You

A dupla de artistas audiovisuais austríacos formada por Inge Graf e Walter Eber surpreende pela diversidade de atuação. Ambos se conheceram na Universidade de Viena onde Inge estudou ciências políticas e jornalismo e Walter se formou em filosofia e sociologia. Porém, foi na área musical que eles atuaram de forma surpreendente. Desde os anos 1970, a dupla encabeça instalações audiovisuais nos mais renomados museus do mundo, atuando em diversos segmentos como instalações, videoarte, estruturas arquitetônicas e mais uma grande lista de trabalhos incríveis. A faixa “I Used You” faz parte de um compilado de diversas épocas do duo, o Trust No Woman Plus, que carrega influências de Synthpop e New Wave.

7. Denis & Denis ‎– Čuvaj Se!

Considerado uma referência no Synthpop croata oitentista, o duo Denis & Denis surgiu após Marina Perazić conhecer o tecladista Davor Tolja na faculdade de engenharia. A cantora é bisneta de um respeitado escritor e político na Sérvia e, para ela, é normal andar na cidade e encontrar diversas ruas com o sobrenome da família. Marina saiu do projeto e Denis & Denis perdeu a vibe Synthpop, pois Davor se enveredou pelo rock, para tristeza dos fãs. A track “Čuvaj Se!” integra o repertório do disco homônimo, lançado em 1984.

8. Claudia (69) – Tanz Auf Dem Planeten

Tão misteriosa quanto a própria Hotaru é a cantora alemã Claudia (69). Pouco se sabe a respeito dela, apenas que nasceu em 1976 e ganhou algum holofote quando ganhou um concurso de música promovido pela marca de lingerie Triumph.

ORGAZAM VOL. 2

1. Du Du A- Du – Znaš Li Devojku

Formada inicialmente pela dupla Dejan Kostic e Zoran Zagorcic, a Du Du A- Du é uma das bandas instrumentais mais cultuadas da antiga Belgrado dos anos 1980. A faixa “Znaš Li Devojku” faz parte do disco Primitivni Ples, gravado em 1983, e trouxe uma mistura inusitada de estilos como funk, reggae, rap e dance, numa fusão até então inédita na Iugoslávia.

2. Bajaga I Instruktori ‎– Dvadeseti Vek

Uma das poucas bandas ativas que estão presentes nos edits de Hotaru, a Instruktori é formada por multi-instrumentistas responsáveis pelas bases musicais do cantor Bajaga. Nos anos 1980, o grupo ficou no auge da cena roqueira de Belgrado, ao lado de outras bandas do estilo, como Bijelo Dugme e Riblja Čorba.

3. Dorian Gray – Tonemo U Mrak

Liderada pelo vocalista Massimo Savić, a banda Dorian Gray marcou a década de 1980 com uma pegada roqueira New Wave. Apesar da breve atuação, o grupo se manteve na ativa entre 82 e 86 e, até os dias de hoje, é considerado um dos principais projetos roqueiros iugoslavos. Formada por estudantes de Zagreb, a banda despontou no festival de música YURM (Yugoslav Rock Moment). A faixa “Tonemo U Mrak” faz parte do disco Za Tvoje Oči, lançado em 1985 através do Jogoton, selo referência de vinis e cassetes iugoslavos na época.

SMøRGASBORD

1. Li Berg ‎– The Smørgasbord

O single da faixa homônima estilo Disco despontou a cantora Li Berg em 1983 na Suécia, sua terra de origem. Na sequência, ela gravou Vill Du (1984) e Li (1985). A carreira fugaz como cantora deu espaço para a dublagem. Li Berg marcou a infância das crianças suecas fazendo as vozes da Sailor Moon e de personagens dos Muppets e das Tartarugas Ninjas.

2. Nina Hagen – Was Es Ist

Causar polêmica é especialidade da cantora alemã Nina Hagen desde criança, quando era uma cantora prodígio de ópera. Filha de uma atriz de teatro, ela foi expulsa da Alemanha Oriental junto com seu padrasto, poeta e compositor nos anos 1970. A mudança possibilitou viagens para outros locais da Europa, como Londres, onde ela acompanhou o auge da onda punk. De volta a Berlim, ela causou com performances punks para lá de teatrais aliadas a letras feministas e de protesto. Em 1979, ela participou de um programa de entrevistas de um canal Austríaco e o episódio ficou imortalizado pelo momento em que ela resolveu mostrar como uma mulher atinge o orgasmo através da masturbação, motivo para demissão do apresentador no dia seguinte. Ufóloga, ela se mantém mais ativa em causas pró-animais. “Was Es Ist” está no repertório do álbum Angstlos, feito em 1983, ao lado de grandes músicos, como o baixista e tecladista Karl Rucker, que também gravou com Jackson 5, Diana Ross, Donna Summer e Village People.

3. The Little Dabs ‎– E.T. (Every Time)

Em 1982, o single “”ET (Every Time)” fez tanto sucesso que ganhou até um disco de ouro no Canadá. A dupla The Little Dabs era formada por dois irmãos de quatro e seis anos, filhos do baterista Russel Dabney, integrante da Gypsy Lane, banda de apoio do Village People e The Ritchie Family.

4. Scan Man – Arabian

Um dos precursores do Hip Hop espanhol, o produtor Marcos Manzanares começou a discotecar em uma boate aos 15 anos de idade e se tornou um especialista em sonorização de espetáculos. Em 1988, ele soltou um single com a alcunha de “Scan Man” no selo de sua autoria, o Lago Records, cheio de pérolas da Boogie e Disco espanhola. Ex-editor de uma renomada revista especializada de áudio, a Pro Audio, atualmente, ele realiza projetos de condicionamento acústico para salas de controle e salas de gravação, construindo difusores PRD e QRD.

PORTRAITS 3

1. Kuniko Yamada – Tetsugaku Shiyo

Atuar como humorista e atriz é a especialidade da icônica artista japonesa Kuniko Yamada, que também é novelista.”Tetsugaku Shiyo” faz parte dos dois álbuns lançados por Kuniko em 1982, com letras divertidas e cômicas. O destaque fica por conta da produção feita por Haruomi Hosono, forte influência de diversas cantoras japonesas de Synthpop.

2. Группа «Президиум» ‎– Звёздный Циферблат

Não se assuste com o nome russo, a banda intitulada Presidium é mais um exemplo de sucessos fugazes, mas intensos do Synthpop soviético. Encabeçado pelo músico Vladimir Savenok, compositor de todas as faixas do grupo, o Presidium se destaca pelos vocais intensos, que contavam com apoio de seis cantoras. O único disco da banda, «Звёздный циферблат», foi gravado no verão de 1989 na Leningrad Radio House.

3. Kyoto ‎– Venetian Blinds

Algumas questões polêmicas giram em torno da banda Kyoto. O vocal do single “Venetian Blinds”, gravado em 1984, é creditado a uma cantora chamada Gaby Lang. Porém, Belinda De Bruyn atesta que ela, sim, é a vocalista. E, no caso, Gaby Lang teria feito apenas o backing vocal, mas foi privilegiada por ser namorada de Rose Windels, produtor da banda e dono do selo ARS. A cantora belga fala com tristeza sobre o episódio, no qual se sentiu ludibriada, pois ainda teve que posar “envolta em um saco plástico numa mesa, como se fosse um sacrifício” para fotos da capa que não foram utilizadas. É possível reconhecer a semelhança entre os vocais de outras gravações de Belinda e o da faixa “Venetian Blinds”. Nos dias de hoje, Belinda trabalha como coach, apresentadora de eventos corporativos e tradutora.

4. Karen Marks ‎– Cold Café

A ex-jornalista de rock e manager de bandas, Karen Marks teve uma atuação simbólica no movimento New Wave. A track “Cold Café”, uma das precursoras do gênero na Austrália, foi originalmente lançada em 1981. No ano passado, o selo Efficient Space relançou toda a obra da cantora, que trouxe algumas pérolas escondidas em fitas cassetes.

 

HOT SOCKS

San Giovanni Bassista – Hot Socks

Neste caso, a pesquisa de Hotaru se expande pela Ítalo-Disco com uma faixa do grupo italiano San grupo San Giovanni. O compacto saiu pelas mãos do Fuzz Dance em 1985 , selo repleto de lançamentos icônicos da época. Com três músicas, o disco Don’t Go trouxe uma faixa homônima dona do título de maior sucesso da banda liderada por Claudio Bonaiuti, que faleceu em 2003. No lado B estão “Hot Socks” e “Summer Sweat”. Alexander Robotnick, um dos produtores do disco e grande amigo de Bonaiuti, relançou as 24 faixas originais do disco através da sua label Hot Elephant Music.

SOM BRASIL

1. Naná Vasconcelos – Bush Dance

A pista agradece este edit feito a partir da rica obra do percussionista Naná Vasconcelos, que colaborou com Brian Eno, Pat Metheny, Don Cherry, Björk, Jan Garbarek, Egberto Gismonti, Gato Barbieri e muito mais, em uma lista de colaborações impressionante. O álbum Bush Dance também é repleto de grandes músicos na produção. Arto Lindsay está nas guitarras, Peter Scherer, professor de música na Bern University of the Arts na Suíça, comanda os synths e Martin Bisi – cujo histórico contempla gravações de clássicos do Sonic Youth, Afrika Bambaataa, Swans, entre outros – é responsável pela gravação e mixagem.

2. Jair Rodrigues ‎– Deixa Isso Pra Lá

Wilson Simonal perdeu a chance de ter sido o cara que cantou o primeiro Rap brasileiro, a clássica “Deixa Isso Pra Lá”. Os compositores Alberto Paz e Edson Menezes ofereceram os versos à Simonal, que acabou deixando para lá mesmo. Edson Menezes era um poeta nato, as canções escritas por ele ganharam a voz de Jackson do Pandeiro, Elza Soares, Elis Regina e mais uma série de grandes cantores brasileiros.

Quem não bobeou foi Jair Rodrigues, que topou gravar na hora. Mas não foi fácil encarar o desafio. Era muito difícil encontrar arranjadores e instrumentistas a fim de tocar uma música “falada”. Em 1964, o produtor Walter Silva se impressionou com a ginga e o groove de Jair interpretando o clássico em uma boate carioca. Graças ao cancelamento da participação de Baden Powell em um musical com Elis Regina, uma importante apresentação no Teatro Paramount, Walter Silva escalou Jair como substituto. As apresentações foram sucesso absoluto e renderam um LP de Elis e Jair, além de uma grande amizade entre os dois artistas.

3 .Azymuth e Jeanie Tracy ‎– May I Have This Dance (Concede-Me Esta Dança?)

Verdadeiros embaixadores da fusão entre jazz, funk e MPB, o Azymuth rodou o mundo nos anos 1970 e foi a primeira banda nacional a figurar no lineup do Festival de Montreaux. Os músicos Alex Malheiros, José Roberto Bertrami e Ivan Conti se conheceram no final dos anos 1960, quando eram escalados para banda de apoio de grandes artistas, como Raul Seixas e Rita Lee. Porém, ao conhecerem Marcos Valle, tudo mudou. Juntos, eles gravaram dois discos pouco conhecidos, como o Brazil by Music Fly Cruzeiro, feito para ser trilha sonora dos voos da companhia Cruzeiro, que era da família de Valle. Após o convite para fazer a trilha sonora do longa O Fabuloso Fittipaldi, dirigido por Roberto Farias e Hector Babenco, Valle e o trio oficializaram a relação e batizaram o grupo de Azymuth devido a uma música de nome análogo. Assim, surgia uma das bandas nacionais que mais rodou o mundo nos anos 70/80, além de dividir palco com Tim Maia, Clara Nunes, Hyldon, Belchior e outros. Afeito a parcerias, em 1982, o grupo gravou um compacto com Jeanie Autre Tracy, cantora Disco que despontou ao ser backing vocal de Sylvester, um dos primeiros cantores da discoteca a assumir publicamente a homossexualidade. Ela também dividia o microfone com a lendária Aretha Franklin. Recentemente, a banda Azymuth voltou à ativa por causa dos colecionadores de vinil. Muitos DJs também começaram a remixar as músicas do grupo, fazendo os clássicos aparecerem nas pistas de dança com uma nova roupagem.

4. Electric Boogies – Electric Boogies

Uma invasão do Break tomou o Brasil em 1983, ano da criação do Electric Boogies, grupo formado pelos breakdancers Marcelo, Claudinho, Ricardo, Paulinho e Renilsom. Algo como uma versão tupiniquim do Electric Boogaloos. O coletivo estreou a manobra “moinho e vento” em solo brasileiro, em que o dançarino gira e roda o corpo com as costas no chão, em movimento análogo ao de uma hélice. Alguns integrantes tinham vivido um tempo em Nova Iorque, por isso, mostravam passos inéditos e impressionavam.

Naquela época, o Break virou caso de polícia. As rodinhas foram perseguidas após muitas pessoas começaram a praticar a dança sem nenhuma experiência ou suporte, o que resultou em duas mortes de jovens causadas pela ruptura dos ossos do pescoço. Em paralelo às entrevistas constantes de médicos alertando sobre os riscos da prática, a televisão aberta ganhava pontos de audiência com batalhas do gênero. O Electric Boogies era figura constante do programa de auditório do apresentador Murilo Neri no SBT. O compacto Break Mandrake, com a faixa “Electric Boogies”, foi gravado em 1984 para ser a trilha sonora oficial do grupo de dança. Vale destacar que o DJ Iraí Campos fez os scratchs com vinis e o respeitado maestro Eduardo Assad comandou os synths.

C’MON STOP

Black Gold ‎– C’mon Stop

Outro exemplo de “one-hit wonder” dos bons. Em 1983, a aspirante a cantora Arlene Gold se juntou a dois amigos para gravar um single sem muita pretensão. Para a tarefa, escalou Don Casale, proprietário de um estúdio, e J. Robie, que gravaram as bases e fizeram a composição. O tecladista Robie era ajudante de Arthur Baker e juntos eles produziram e gravaram clássicos como “Planet Rock” do Afrikah Bambaataa e Soulsonic Force, um hit eterno que bombou em 1982. O álbum combinou elementos de duas gravações do Kraftwerk, “Trans Europe Express” e “Numbers”, que foram interpolados por músicos de estúdio, em vez de amostrados. A masterização de “C’mon Stop” é de Herb Powers Jr, verdadeiro rei da master que assinou clássicos de Grandmaster Flash, Fela Kuti, Sade, Run-D.M.C. Arlene seguiu a vida como designer de interiores, responsável por projetos domésticos e grandes eventos.

LIPSTICK VOLUME 2

1. Six Sed Red ‎– Shake It Right

Marc Almond conheceu Cindy Ecstasy numa noite no icônico Studio 54, quando ela se tornaria musa da dupla Soft Cell, conhecida pelo hit “Tainted Love”. Na real, Cindy salvou a brisa de Marc. O apelido “Cindy Ecstasy” é por conta da especialidade da então dealer especializada em vender bala na discoteca mais importante de NY. Além de alguns momentos como backing vocals, ela fez aparições nos vídeos “Memorabilia” e “Torch”, do Soft Cell. Cindy chegou a aparecer com a banda no clássico programa britânico de televisão Top of The Pops. Após gravar com Marc and The Mambas, ela e Almond se desentenderam. Ela seguiu adiante e formou a então Six Sed Red. O single “Shake It Right”, uma hipnotizante mistura de Synthpop com elementos de Electro cheia de groove, foi gravado em 1984 com o Cabaret Voltaire, uma das mais importantes bandas de som industrial na Inglaterra. A produção ficou por conta de Flood, o Mark Ellis, que trabalhou com New Order, U2, Nine Inch Nails, Depeche Mode, Nick Cave and the Bad Seeds, PJ Harvey, Sigur Rós, Smashing Pumpkins, The Killers, White Lies, Warpaint e mais muitos, muitos outros nomes. Porém, até hoje o paradeiro de Cindy é um mistério. Após a gravação do single, Cindy desapareceu do show biz.

2. Zwischenfall ‎– Sandy Eyes

Liderada pela então vocalista de 17 anos, Iben Larssen, a Zwischenfall teve uma breve existência marcada pelo hit “Sandy Eyes”. Mas após se formar em engenharia de som, a cantora dinamarquesa seguiu trabalhando na equipe técnica de áudio de bandas como Megadeth e Mindbomb. Nos dias de hoje, ela trabalha com Terapia Quântica e Reiki, áreas nas quais se especializou

3. Torch Song ‎– Don’t Look Now

Conectados pelo estúdio Guerrilla, Laurie Mayer e William Orbit formaram um trio de Synthpop com Rico Conning, engenheiro de áudio do espaço. Juntos, fizeram quatro álbuns e um relativo sucesso pela Europa surfando na New Wave e no Synthpop. William Orbit era o proprietário do estúdio em Londres, cujo histórico de gravações contempla clássicos como “Radioaktivität”, do Kraftwerk , “Justify My Love” e “Erotica” de Madonna, “Strangelove”, do Depeche Mode, “Gravity”, de James Brown, entre outros clássicos. A faixa título faz parte de um super single lançado em 1987. Em paralelo, William criou o selo Guerrilla em parceria com Disc O’Dell, que teve um papel importante ao projetar muitos artistas de Progressive House no começo dos anos 90.

4.Meg And The Suspects ‎– Fascination Tango

Pouco se sabe a respeito desse trio francês, que lançou um compacto com duas faixas em 1984 – “Meg And The Suspects” e “Fascination Tango”. A primeira é uma divertida recitação erótica e a segunda caiu nas graças de Hotaru e seus edits.

5. Suzy Andrews – Teenage Iceage

Paixões avassaladoras são capazes de fazer uma pessoa largar tudo ou até mudar de país. Este é o caso de Suzy Andrews, comediante e atriz californiana que excursionou pela Europa se apresentando no musical Rock Horror Show. Ao chegar em Paris, ela se enamorou pela cidade e por um rapaz, pediu demissão da companhia teatral e se manteve ilegalmente em solo francês por um tempo. Graças ao apoio de uma loja de discos ela conseguiu dar vazão à carreira musical, famosa pela montação e cabelos coloridos. Em 1982, ela gravou um disco homônimo que traz “Teenage Iceage” e um cover apaixonante de “Der Kommissar”, um do cantor austríaco Falco.

6. Cosa Rosa – Her Mit Dem Kindergeld

Rosemarie Precht e Reinhold Heil voltam a aparecer nos edits de Hotaru. A faixa “Her Mit Dem Kindergeld” faz parte do disco Traumstation, lançado em 1983.

Loading

ARTISTA: Hotaru

Autor: