O Legado da Guided by Voices

Mergulhamos para redescobrir a longa e importante história de uma das icônicas bandas da história do chamado Indie Rock

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Com 31 anos de vida, Guided by Voices é tida como uma das principais bandas do que se chamou de Indie Rock/College Rock – junto a grupos como Pavement, Pixies e Dinosaur Jr. – e que ainda representa com as origens desses tais “estilos” até os dias de hoje, sempre com suas características específicas e sem perder o gás de seu início e sempre nos surpreendendo com a qualidade de toda a sua discografia até hoje.

Fundada em 1983 em Ohio, Meio Oeste dos Estados Unidos, Guided by Voices – ou GBV, como costuma ser abreviada – foi, e é, uma das referências para muitas bandas que se envolveram no chamado Indie Rock. Liderado por Robert Pollard, o grupo chega em 2014 com 21 álbuns que, mesmo mantendo a mesma receita, ainda nos faz parar para escutá-los.

Além de tal longa discografia, a banda possui a característica de lançar álbuns com grande quantidade de faixas – como em Alien Lanes, de 1995, que possui espantosas 28 faixas, ou discos de quatro lados, como Bushes Under the Star, de 1996, com 24 – sempre com muitos interlúdios ou canções de curta duração, o que dá a muitas de suas obras um toque de álbum conceito e se torna uma marca registrada da banda.

Vista essa característica do grupo, notamos, como citado anteriormente, a intensidade de Pollard – a cabeça pensante de GBV – em suas composições. Desde o primeiro lançamento de longa duração da banda, em 1987 com Devil Between My Toes, o conjunto tem uma média de um disco lançado a cada ano, muitas vezes lançados mais de um álbum por ano.

Um dos álbuns de destaque da banda é o citado anteriormente, Alien Lanes, o primeiro sob o selo da famosa Matador Records. Tal disco traz uma leve experimentação ao psicodelismo em meio aos ruídos Lo-Fi tão comuns da banda e sintetiza muito bem a coesão e bom senso do grupo, que, mesmo apresentando 28 canções neste disco, consegue sitentizar sua mensagem em apenas 41 minutos mostrando total domínio e auto-controle entre o ímpeto criativo – que muitos artistas não conseguem controlar – lapidando as composições para um formato final extremamente agradável para o ouvinte.

A admiração e reverência a tal grande obra não se limitou apenas a época de seu lançamento – como o cover de Jimmy Eat the World para a faixa Game of Pricks – como para bandas mais atuais, visto o cover de A Salty Salute feita por The Strokes e La Sera fazendo uma versão de Watch Me Jumpstar.

Após mais um bom número de lançamentos, totalizando até aquele momento 17 discos em 16 anos de banda, em 2004, junto do lançamento de Half Smiles of the Decomposed – último disco da banda pela Matador – é anunciado por Robert Pollard o fim da GBV. Segundo o músico, ele enxergava um final para o que tinha para passar, e não acreditava em um retorno aos palcos para turnês para tocar hits, salvo caso de um novo lançamento de álbum , o que o mesmo não acreditava ocorrer.

Nese período, Pollard deu foco à sua carreira solo – que já haiva se iniciado desde 1996 e que se mantém até hoje – e a banda chegou apenas a se reunir em 2007 para um show em comemoração aos 50 anos de seu vocalista.

Entretanto, em 2010, em uma festa em comemoração a Matador, a formação mais clássica da GBV se reuniria para um show, o que acenderia novamente em Robert a chama para reavivar a banda. No final de 2011, o grupo entraria em estúdio para a gravação de seu disco de retorno, Let’s Go Eat the Factory, lançado em 2012 já sob o selo próprio, GBV Inc., ao qual ainda está atrelado.

Ainda em 2012, o quinteto lançaria mais dois álbuns, Class Clown Spots a UFO e The Bears For Lunch, todos muito bem elogiados e mantendo o “selo GBV de qualidade”, fazendo com que tal ano fosse o mais produtivo de toda a sua carreira e surpreendendo fãs e crítica com tamanha capacidade produtiva e um retorno tão intenso, ainda mais para um banda que já havia sido dada como terminada por seu líder. Seguindo nesse pique, mais dois álbuns foram lançados, English Little League em 2013, o recém-lançado Motivational Jumpsuit, e Cool Planet esperado ainda para 2014.

Assim, mesmo após um bocado de anos parada e com tantos anos de estrada, Guided By Voices não decepciona e ainda mostra uma jovialidade tamanha em seus novos trabalhos, mostrando que não precisa se reinventar para continuar sua carreira, mas, trazendo aquele bom e velho som que estávamos acostumados, como aquela comida que tanto gostamos, que já sabemos o gosto que terá, mas mesmo assim ainda provamos e não nos arrependemos disso.

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Autor:

Marketeiro, baixista, e sempre ouvindo música. Precisa comer toneladas de arroz com feijão para chegar a ser um Thunderbird (mas faz o que pode).