O mistério Janet Jackson

Recém-lançado documentário é essencial para aficionados por música pop e contribui para que a artista – após duas décadas de tentativa de apagamento de seu legado pela grande mídia – retome a narrativa; selecionamos 10 canções fundamentais de uma das estrelas mais importantes e enigmáticas do pop

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Fotos: Anthony Barboza

Quem é Janet Jackson? Essa pergunta, feita pelo diretor Ben Hirsch a artistas como Missy Elliott, Ciara, Regina King, Janelle Monae, Samuel L. Jackson e Mariah Carey, tenta encontrar respostas para classificar uma das artistas mais influentes da música pop e que, apesar de quase cinco décadas de carreira, continua uma incógnita. Uma superstar, uma lenda, a maior performer de todos os tempos são algumas das respostas e, ainda que se apliquem à estadunidense, parecem não ser capazes de responder à indagação. Algo parece sempre escapar – ou permanecer mantido deliberadamente guardado – e esse talvez seja um dos grandes fascínios exercidos pela cantora, compositora e atriz, como mostra o recém-estreado documentário que leva seu nome e revisita momentos-chaves de sua trajetória (ainda não há previsão de exibição no Brasil).

Como a caçula da família Jackson, Janet cresceu sob os holofotes e aos sete anos já se apresentava no show de variedades da família, em Las Vegas. Para os Jacksons, estar nos palcos não era propriamente uma escolha, já que o patriarca, Joe Jackson, transformou toda a família em um lucrativo negócio. Enquanto os irmãos, especialmente Michael, ocupavam o topo das paradas musicais, Janet começava uma bem-sucedida carreira na televisão. Como ela conta no documentário, não havia a pretensão de seguir os passos dos irmãos. Seu pai, no entanto, não lhe deu escolha e, em 1982, aos 16 anos, ela lançou o primeiro disco, que leva seu nome, seguido por Dream Street, em 1984. Ambos contaram com a participação de familiares de Janet e seguiam fórmulas de sucesso da época, como resquícios da disco music, mas eram desprovidos de personalidade. A respeito desses primeiros trabalhos, Janet conta que não podia opinar nem sobre as fotos de divulgação, tamanha sua falta de autonomia.

Para fugir do controle rígido do pai, Janet se casou em segredo com o cantor James DeBarge, também membro de uma família de sucesso do R&B, mas a relação acabou em pouco tempo devido a problemas do músico com drogas. Disposta a dar uma última chance à carreira musical, ela demitiu o pai e se juntou a dois produtores iniciantes, Jimmy Jam & Terry Lewis, que integraram a banda The Time, expoente da efervescente cena de Minneapolis. Nas sessões criativas com a dupla, a cantora se colocou como parte do processo e, além de compor sobre suas experiências, participou da produção de todas as faixas. O resultado foi Control (1986), um dos trabalhos mais influentes da década de 1980, e responsável por estabelecer Janet como uma força artística e uma das pioneiras do new jack swing. Com composições que reivindicam autonomia, independência e respeito, Janet ajudou a fomentar discussões sobre o feminismo e, com coreografias intrincadas em seus clipes (criadas por Paula Abdul, que nos anos seguintes faria sucesso como artista solo), ajudou a moldar uma nova era do audiovisual na música, dominando, junto ao irmão, Michael, e Madonna, a fórmula que une música, dança e narrativas audiovisuais.

Control foi um fenômeno: mais de 10 milhões de cópias vendidas, capitaneadas por sucessos como “What Have You Done For Me Lately”, a faixa-título, “Nasty”, “When I Think of You”, a balada “Let’s Wait Awhile” e “The Pleasure Principle”. Ainda assim, a sombra de Michael, na época o maior popstar do planeta, ainda pairava sob Janet. A pressão para repetir o sucesso era grande e o álbum seguinte, Rhythm Nation, não só conseguiu o feito, como o superou. Robusto e eclético, o disco aborda temas como desigualdades sociais, racismo, drogas e os tiroteios em massa ocorridos em escolas nos Estados Unidos. De forma genial, Janet, Jimmy Jam e Terry Lewis tocaram nesses temas densos sem se afastar das pistas de dança e dialogando com o hip hop, ainda em ascensão, e suas mensagens de denúncia social. Para o remix de “Alright”, Janet convidou o rapper Heavy D, um dos pioneiros do gênero.

Além de reforçar seu compromisso com a comunidade afro-americana, Janet consolidava sua diversidade musical – processo que seria aprofundado ao longo da carreira, com o uso constante de samples que resgataram ícones de estilos como funk, r&b, jazz e soul. Alguns dos momentos mais instigantes do documentário Janet Jackson são gravações das sessões do Rhythm Nation, incluindo uma discussão entre a cantora e seus parceiros, e a composição da faixa-título, apresentada ainda em uma versão inicial, com outra melodia. Imagens da turnê do álbum, a primeira de Janet, também são um deleite para os fãs da artista e de música em geral, ao mostrarem a evolução do conceito de show dentro do universo pop, com superproduções, cenários e criações de narrativas, aproximando-se da noção de espetáculo. Considerada por muitos a turnê de estreia mais bem-sucedida da história – vista por mais de dois milhões de pessoas – a Rhythm Nation Tour é também resultado da competição (velada) entre Janet e Michael. Os produtores da cantora revelaram que após assistir ao show de Bad, do irmão, Janet percebeu que precisava também de uma produção grandiosa – e de repertório encorpado – e que, também por isso, optou não fazer shows durante a era Control.

Rhythm Nation consolidou Jackson no panteão do pop, garantindo a ela alguns recordes: os sete singles lançados alcançaram o top 5 da Billboard, principal parada de música dos EUA, com quatro deles chegando ao primeiro lugar. Foram 14 milhões de álbuns vendidos e a indicação de Janet ao Grammy como produtora do ano, tornando-a a primeira mulher a concorrer na categoria. O álbum influenciou vários artistas, incluindo Michael, que no álbum Dangerous se aproximava cada vez mais do que sua irmã mais nova vinha fazendo. Com o fim do contrato com a A&M, Janet virou alvo de uma disputa ferrenha entre gravadoras, que terminou com ela assinando com a Virgin Records,  em um contrato avaliado em 40 milhões de dólares, o maior já pago a um artista na época.

No documentário, é interessante perceber como, mesmo vivendo um dos melhores momentos da carreira, Janet ainda era cobrada pelas ações de Michael, sendo questionada sobre ele em quase todas as entrevistas. Em um dos momentos mais reveladores do projeto, Janet conta que após o sucesso de Thriller”, ela e Michael foram se afastando, com ele mais recluso no seu universo particular. Em 1993, ela abre mão do sobrenome e nomeia seu quinto álbum Janet. (Lê-se “Janet, period”, ou “Janet, ponto”, em português). Ela deixa de lado as batidas industriais que caracterizaram seus álbuns anteriores e aposta em uma sonoridade mais orgânica.

O disco é um divisor de águas para ela e para mulheres negras no pop. Ao tratar de sua sexualidade com naturalidade e pleiteando a agência sobre seu corpo e seu desejo, ela coloca o sexo como algo prazeroso, livre de culpas. Canções como “That’s the way love goes”, “If”, “Anytime, Anyplace” e “Throb” apresentam uma mulher no auge da carreira, mas disposta a correr riscos. O álbum passeia por vários gêneros (se aproximando inclusive da bossa nova, um dos ritmos favoritos de Janet, fã confessa de Caetano Veloso, Gal Costa, Gilberto Gil e João Gilberto), do rock ao country, passando pela house music, entre outros. É também o trabalho que consolida a artista, que até então se apresentava vestida da cabeça aos pés, como símbolo sexual. Apesar de majoritariamente focado no amor e no desejo, o álbum mantém a preocupação de Janet com o social, mas dessa vez a partir de suas próprias experiências (em Rhythm Nation, os temas são tratados com um olhar mais de observador externo). Em “New Agenda”, parceria com o rapper Chuck D, do Public Enemy, ela fala sobre sua experiência como mulher negra e os efeitos do racismo e da misoginia.

Os anos 1990 foram brilhantes para Janet, mas ela não deixou de ser afetada pelas acusações de pedofilia que Michael enfrentou na época. Ela apoiou o irmão em todos os momentos e, por isso, não saiu ilesa: no documentário, ela revela que perdeu um contrato milionário com a Coca-Cola após o processo contra Michael ser instaurado. Em 1995, ela atendeu ao pedido de Michael para um dueto e lançou “Scream”, produzida por ela, Jimmy Jam e Terry Lewis, e presente na coletânea dele, HIStory: Past, Present and  Future, Book 1. Cenas inéditas dos bastidores mostram os irmãos compondo a música e também no set de gravação do clipe, o mais caro da história e ainda usado como referência por vários artistas. Janet revelou que a equipe do irmão tentou estimular a rivalidade entre eles, impedindo-a de estar nas gravações exceto nas cenas em que deveriam estar juntos.

Continuando suas aventuras sonoras, em 1997 Janet lançou The Velvet Rope, seu trabalho mais ousado. Introspectivo, o disco foi gravado durante um processo de depressão e toca em temas como isolamento, melancolia, abusos domésticos, fluidez sexual, práticas sexuais não convencionais (sadomasoquismo, ménage, entre outros), homofobia e problemas de autoimagem. É um trabalho que desafia mais uma vez os limites de expressão da sexualidade por parte das mulheres negras e que abre espaço para que outras formas de pensar o corpo e o desejo sejam encontradas. Em “Free Xone”, Janet defende as relações LGBTQIA+ e se coloca como parte da conversa, ao sugerir o sexo com outra mulher em sua versão de “Tonight’s The Night”, de Rod Stewart. Em “Together Again”, ela trabalha seu luto ao celebrar a vida dos amigos que faleceram de AIDS em uma canção dançante que atingiu o primeiro lugar nas paradas. A influência do The Velvet Rope, rompendo barreiras de gênero dentro do espectro do R&B, pode ser sentida até hoje nos trabalhos de Solange, Kelela, Beyoncé, Normani, Ciara, Tinashe, Teyana Taylor, Dev Hynes, entre outros nomes celebrados do mainstream e da cena alternativa.

Na virada do milênio, com All For You (2001), ela continua dominando as paradas, mesmo com o surgimento de artistas mais jovens, como Britney Spears (que, apesar das comparações com Madonna, é discípula direta de Janet, principalmente no seu estilo de apresentação). O álbum foi um sucesso, com mais de 7 milhões de cópias vendidas e mostrava Jackson mais leve, de volta às pistas de dança. Naquele ano, Janet recebeu o “MTV Icon”, por suas contribuições para a música e a arte do videoclipe, sendo reverenciada por artistas como Aaliyah, Christina Aguilera, ‘Nsync, Macy Gray e Destiny’s Child.

O álbum seguinte, Damita Jo (2004) também é enérgico e contém algumas das melhores músicas dela naquela década, mas foi fortemente afetado pela polêmica do Superbowl: durante sua apresentação no intervalo da competição de futebol americano, Jackson teve o seio exposto por Justin Timberlake. A imagem não durou nem um segundo, mas foi responsável por macular uma carreira até então impecável. Enquanto Justin passou ileso ao episódio, Janet virou alvo de uma perseguição midiática que resultou no banimento de suas músicas e clipes por várias rádios e pela MTV. Naquele ano, ela foi desconvidada do Grammy, enquanto Timberlake não só foi à premiação, como saiu de lá com troféus. Damita Jo se tornou o primeiro álbum de Janet desde o Control a não estrear em primeiro lugar nas paradas dos EUA e os singles também foram ignorados pela mídia.

Janet é uma inovadora. Ela ajudou a moldar o que entendemos como popstar e, com suas aventuras musicais, criou obras complexas, que dialogam com seu tempo, mas não se prendem a ele. Sua influência está impressa na imagem de diversos artistas contemporâneos.

Ela ainda lançou outros dois discos, 20 YO (2006) e Discipline (2008), este o primeiro desde 1986 a não conter composições suas e nem a participação de Jimmy Jam e Terry Lewis. Apesar de bons momentos, os álbuns são irregulares e passam longe da originalidade da artista, seguindo tendências, ao invés de lançá-las. Janet só viria a lançar um novo álbum de inéditas em 2015, o excelente Unbreakable, que retoma a parceria com a dupla Jam & Lewis e mostra uma artista confortável em não precisar mais se explicar. É um trabalho maduro, introspectivo e sonoramente rico. Pouco depois, Janet, aos 50 anos, deu à luz seu primeiro filho, Eissa, e passou os anos seguintes em turnê.

Em 2018, quando Justin Timberlake foi anunciado como atração do Superbowl, o movimento #JusticeForJanet (Justiça para Janet) ganhou força e impulsionou uma reavaliação crítica do episódio que culminou na perseguição de uma lenda do pop, a alguém responsável por abrir portas para as mulheres, principalmente as negras. No ano seguinte, Janet, até então boicotada por conta do caso do Superbowl, foi finalmente conduzida ao Rock & Roll Hall of Fame, após anos elegível. Desde então, ela tem recebido diversas homenagens e prêmios especiais. No ano passado, o The New York Times, o mesmo responsável pelo documentário Framing Britney Spears, lançou Wardrobe Malfunction, sobre o incidente de 2004, mostrando como a investida persecutória a Janet foi resultado de uma combinação entre racismo e misoginia, aliada ainda ao clima político americano da época: o conservadorismo em alta e a crise por conta da Guerra do Iraque. Jackson serviu como bode expiatório, mas, apesar das tentativas da mídia de fazê-la abaixar a cabeça a assumir a culpa por um acidente, ela se manteve resoluta e focada em seu trabalho.

Janet é uma inovadora. Ela ajudou a moldar o que entendemos como popstar e, com suas aventuras musicais, criou obras complexas, que dialogam com seu tempo, mas não se prendem a ele. Ela tocou em tabus, sem comprometer sua visão artística em uma época em que um artista pop ser politizado era mal visto. Sua influência está impressa na imagem de diversos artistas contemporâneos.

Com imagens raras e inéditas de bastidores, Janet Jackson é uma obra essencial para os aficionados por música pop e ajuda a artista a retomar a narrativa, após duas décadas de tentativa de apagamento de seu legado por parte da grande mídia. Mas, seguindo os princípios de controle tão proclamados por ela, não mostra mais do que o permitido pela cantora. Responder quem é Janet Jackson continua uma tarefa impossível, mas a melhor forma de se aproximar dessa esfinge é por meio de sua rica discografia, composta por trabalhos que marcaram época e continuam a ecoar, pois transcendem a artista, misturando-se ao próprio tecido da música pop.

10 faixas fundamentais de Janet Jackson

“Nasty”

Um dos singles mais icônicos do Control, a canção captura o vigor de Janet assumindo sua independência. “Me dê uma batida”, ela proclama nos primeiros segundos, sendo atendida por Jimmy Jam & Terry Lewis em uma faixa agressiva e assertiva. Nela, a cantora confronta homens assediadores e demanda respeito, deixando claro quem está no comando. Os versos “No, my first name ain’t baby; it’s Janet, Ms. Jackson, if you’re nasty” estão encravados na cultura pop.

“Rhythm Nation”

A faixa-título do terceiro álbum de Janet é um chamado à luta: ela clama pelo fim das divisões raciais e pede para que, juntos, através da dança, os jovens se posicionem politicamente. A “nação rítmica” proposta por ela é utópica, mas vibrante: os sons industriais e a aproximação com o hip hop têm um apelo quase marcial. O clipe, com uma coreografia precisa e altamente sincronizada, é atemporal e, junto a “The Knowledge”, era o favorito do irmão, Michael.

“Love Will Never Do (without you)”

Inicialmente pensada como um dueto para ser interpretada por Janet e algum cantor (Prince era o nome na cabeça de Jam & Lewis), a canção acabou se tornando solo, mas com Jackson assumindo diferentes registros vocais. Com quase seis minutos de duração, a faixa vai crescendo até chegar ao ápice com um falsete de Janet, em uma montanha-russa emocional que parece ser cantada com um sorriso no rosto.

“That’s The Way Love Goes”

O primeiro single do disco Janet. (1993) marca a transição definitiva na imagem da cantora, que começa a explorar sua sexualidade de forma definitiva. Sensual e hipnótica, ela parece depreendida do tempo: não soa como de uma época específica e também não se encaixa em um só gênero, outra característica marcante do trabalho de Jackson, que dialoga com diferentes tempos da música (aqui, há dois samples “Impeach The President”, de The Honey Dippers”, e “Papa Don’t Take no Mess”, de James Brown, de 1973 e 1974, respectivamente). Curiosidade: Jennifer Lopez, que já afirmou ter decidido ser artista após assistir ao clipe de “The Pleasure Principle”, é uma das dançarinas do vídeo.

“If”

Em Janet., o sexo está mais na cabeça do que no corpo. Quase todas as faixas são sobre a vontade de concretizar o ato e talvez o maior exemplo disso seja “If”. Na faixa, Janet relata suas fantasias para um parceiro em uma interpretação que exala tesão. Ela canta quase como que recitando um mantra, chegando ao ápice no break conduzido por um riff de guitarra. Atenção também para as (geniais) camadas de harmonia vocal, uma marca de Janet, que parecem levar a intérprete para um lugar quase de perda de fôlego diante do alvo do desejo.  O clipe da canção é um dos mais icônicos de Janet, com uma coreografia marcante, considerada uma das mais influentes do pop.

“Got ‘til it’s Gone”

O primeiro single do The Velvet Rope sampleia “Big Yellow Taxi”, de Joni Mitchell, que não só permitiu o uso de sua voz na faixa, como também afirmou que tinha adorado o que Janet, Jam & Lewis fizeram com a música. O rapper Q-Tip também participa da canção, marcada por sentimentos complexos: é melancólica, mas resignada e, quando Janet solta uma risada no meio da canção, é quase catártica. O clipe confirma a ousadia artística de Janet e faz críticas ao apartheid, que havia caído há poucos anos, na África do Sul, celebrando a beleza e resiliência do povo negro.

“Empty”

Dentre as várias experimentações do The Velvet Rope, “Empty” é uma das mais simbólicas. Inspirada pelo trip hop que fazia a cabeça dos europeus, ela cria uma faixa calcada na música eletrônica sobre a necessidade de intimidade e o amor por alguém que ela nunca viu (Esse é um jeito novo de amar? Nunca cara a cara/ Isso é suficiente?, canta). A internet ainda estava a alguns anos de se popularizar e Janet já cantava sobre relacionamentos virtuais e projeções concretizadas por texto, telas e tudo que está nas entrelinhas.

“All For You”

A entrada de Janet nos anos 2000 foi triunfal. Após a introspecção de The Velvet Rope e o fim de seu casamento de dez anos com René Elizondo Jr., também seu parceiro criativo, a cantora apostou na leveza e lançou um dos seus maiores hits. Com um sample de “The Glow of Love,” da banda italiana Change, ela referencia disco music para cantar as delícias da vida de solteira e do flerte sem compromisso. O refrão é inescapável e, como em alguns dos melhores singles da cantora, convidam para a repetição quase inconsciente da melodia.

“All Nite (Don’t Stop)”

Lançada após a polêmica do Superbowl e em meio ao boicote à música de Janet nos EUA, “All Nite (Don’t Stop)”, teve pouca repercussão nas paradas musicais. A faixa, no entanto, merece mais atenção, assim como o “Damita Jo”, álbum no qual Janet trabalha expande sua lista de colaboradores, para além de Jimmy Jam e Terry Lewis, unindo-se a nomes como Kanye West, Dallas Austin, Scott Storch e Babyface. A faixa utiliza um sample de “Hang Up Your Hang Ups” (1975), de Herbie Hancock, para criar uma infusão de ritmos, que vão do house e dancehall ao funk, criando uma atmosfera pulsante e frenética perfeita para a pista de dança.

“No Sleeep”

Após um intervalo de oito anos sem lançar álbuns, Janet retornou em 2015 com “No Sleeep”, primeiro single do Unbreakable. Assim como fez com “That’s the way love goes”, duas décadas antes, há uma atmosfera sensual e intimista que fazem do sexo não um evento, mas um processo. Janet canta para um amante distante e vislumbra o reencontro e a materialização do desejo – o que, quando trazido para os tempos de pandemia, ganha outras nuances. A participação de J. Cole, que cita Michael em seus versos, é interessante, mas a versão solo é um testamento do magnetismo de Janet.

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ARTISTA: Janet Jackson