O que é Hip Hop na atualidade?

Conheça um pouco mais sobre alguns estilos e vertentes dentro do gênero, assim como os artistas mais importantes nesta nova cena.

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Como caracterizar um elemento na atualidade? Defini-lo como pertencente àquele tempo e não aos demais, ou seja, algo que só poderia acontecer no momento presente. Pensar em comunicação instantânea, por exemplo, nos leva a crer que estamos no século 21 com nossos smartphones, computadores e tablets, conectados 24 horas por dia na rede. Dentro da música, a definição de atual é bastante relativa, mas uma análise um pouco mais aprofundada nos leva a entender o que existe hoje e que não poderia existir há 10 anos atrás e quais evoluções permitiram isso.

O Hip Hop assim como diversos outros gêneros que podem ser considerados como populares e abrangentes, com diversas vertentes e escolas, mudou bastante nos últimos tempos. Tornou-se mais diverso, inovador e experimental na cena independente. Alguns nomes começam a surgir um pouco mais fortes no mainstream, e disputam espaço e reconhecimento diante de grandes nomes do estilo como Jay-Z e Kanye West, os quais tem o papel de sempre ditar as próximas tendências no cenário.

Mas começando pelo novos nomes, se existe um grupo de artistas que praticamente influencia os demais e se destaca fortemente na atualidade, este grupo é o OFWGKTA. Liderado por Tyler, the Creator, um dos rappers que começou a ganhar notoriedade no Hip Hop atual ao abordá-lo de forma independente, confessional e o violenta, o Odd Future é um coletivo plural e criativo, constituído por jovens querendo expor o seu talento. Mas o que no som deles existe só na atualidade? Peso não é uma resposta pois este elemento é intrínseco ao Rap, mas a retomada de versos cantadas de uma forma mais crua, direto e fugindo totalmente das letras sobre carros, mulheres e dinheiro, fizeram de Tyler um contraventor. Earl Sweatshirt segue a tendência e adiciona um pouco mais de psicodelia com seus loops repetidos e samples simples.

O experimentalismo aparece quando o Hip Hop começa a seguir os passos do Jazz na livre instrumentação ou “sampleagem”, desfragmenta-se em pequenos pedaços e torna os versos alguns pequenos argumentos dentro das batidas. Esta possibilidade só existe e consegue alcançar diversos cantos do planeta com a evolução da produção musical e de suas ferramentas. Os computadores são acessíveis a todos, mas nem todo mundo é genial a ponto de conseguir criar música sintética nestas maquinas. Os músicos que dominam a computação conseguem criar samples a partir de quase nada, e a tendência na atualidade é deixar as batidas serem levadas a partir do feeling e que mesmo desconexas, estranhas, façam sentido no final. Shabazz Palaces com seu disco Black Up e neste ano, Jerermiah Jae com Bad Jokes mostram que o Jazz é a inspiração do Hip Hop atual.

Como se inspirar no passado é sempre uma possibilidade muito interessante, vemos nomes como Joey Bada$$ retomando a década de 90 com um Hip Hop mais lento, letárgico e urbano, Chance the Rapper se inspirando na diversão e excentricidade do grande Outkast da mesma época. Vale ressaltar que com a evolução da produção sonora, estas “meras” releituras são acrescidas de samples mais precisos, ideias mais interessantes e a quebra de estruturas constantes na música como a famosa fórmula verso-refrão-verso do estilo no mainstream.

Diante de tantas possibilidades e influências, “os nomes antigos” tentam se recriar e mostrar o seu poder sobre a cena musical do Hip Hop. Como não se referir a Kanye West e o seu mais recente disco, Yeezus Mudando totalmente o espírito visto nas suas obras anteriores, West cria samples e músicas com cortes secos, como a edição cinematográfica atual pede e mostra que a violência e agressividade voltaram as batidas e as músicas. Chega um pouco daquele clima paz e amor e a que a vida é muito fácil quando se é um rapper.

No entanto, o que faz o Hip Hop atual ser considerado desta época é o seu público. Constituído por outra geração de ouvintes e músicos, a cena tomou os ares do pluralismo, de se fazer várias coisas ao mesmo tempo. Como uma comunhão entre o querer e o poder através de uma produção musical mais acessível a todos, e a tentativa de se inovar no estilo fazem com o que gênero se encontre em um momento único, e com cada vez mais background para poder incorporar outros elementos, tendências e faze-lo evoluir.

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Autor:

Economista musical, viciado em games, filmes, astrofísica e arte em geral.