Oasis na Terceira Temporada

“Be Here Now” confirmava identidade da banda e guiava rumo de sua história

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Sabe aquele disco lançado há algum tempo que você carrega sempre com você em iPod, playlist e coração, mas ninguém mais parece falar sobre ele? A equipe Monkeybuzz coleciona álbuns assim e decidiu tirar cada um deles de seu baú pessoal e trazê-los à luz do dia. Toda semana, damos uma dica de obra que pode não ser nova, mas nunca ficará velha.

Be Here Now

Em 1997, nem todo mundo discordava quando Oasis autoproclamava-se a “maior banda do planeta”. O capítulo de sua história que começava com o lançamento de seu terceiro álbum, Be Here Now, mostrava tanto argumentos contrários ao título, quanto, por si só, confirmava o posto. É a impressão que o olhar nostálgico traz 18 anos depois sobre a obra.

Be Here Now é um grande disco, porém, naturalmente, cheio de suas imperfeições. Sua estratégia de lançamento apoiou-se na mitologia em volta da banda e escolheu uma música excelente (D’You Know What I Mean?) sem o menor apelo de single para cumprir esse papel, na expectativa de que a qualidade da faixa e a popularidade da banda seriam suficientes para garantir que, sim, Oasis lançar um disco era praticamente um fato histórico. E foi, visto que a venda na primeira semana bateu recordes na época (350 mil cópias na Inglaterra), mas o fenômeno nas lojas não necessariamente acompanhou o sucesso do quinteto como “maior do mundo”.

Isso tem a ver também com os outros singles retirados do álbum: Stand by Me, Don’t Go Away e All Around the World, que ofuscou faixas do naipe de Fade In-Out, Magic Pie e My Big Mouth na identidade do disco perante o grande público não-fã que passou desapercebido por essas.

O problema com eles é o quanto são, por melhores que sejam, tentativas um tanto óbvias de sucesso, ou de manter-se em evidência – algo que os irmãos Gallagher dominam na mídia, particularmente a britânica. Stand by Me traz o mesmo conteúdo surrealista-otimista do ultra-sucesso Don’t Look Back in Anger, enquanto Don’t Go Away faz as vezes de balada tristinha da vez – é bonita, não há como negar, mas possui muito do que foi feito aos montes naquela década dentro do Pop Rock assumido ou do que flertava com as margens do mainstream.

All Around the World, com seus quase dez minutos, era a tentativa de suprir a (tediosa) expectativa de Oasis ser, de fato, uma “nova The Beatles”, com referência direta ao quarteto no videoclipe e uma vontade de agradar os gregos e os troianos fãs do Rock britânico como ele é mais conhecido. Soa mais ingênuo que ambicioso, na verdade. Tratando-se de Oasis – ainda mais de um Oasis daquele meio de década – a qualidade é garantida.

Noel e Liam Gallagher conseguiram tornar-se simultaneamente protagonistas e antagonistas de uma verdadeira epopéia do Rock da década de 1990 e além, e Be Here Now é o momento da história em que tanto os personagens quanto a trama já estavam bem estabelecidos. Quase vinte anos depois, sabendo como tudo termina, o álbum é aquela temporada quando a série que começou bombando e chamando atenção de todos continua com menos hype, mas grande devoção dos fãs. E sempre que você volta para assisti-la, mesmo reparando os furos no roteiro, pode se divertir e contemplar melhor a trama como um todo.

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ARTISTA: Oasis
MARCADORES: Fora de Época

Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.