Os degraus criativos de The Maccabees

Enquanto o quarto disco, “Marks To Prove It”, não chega, reveja alguns hits dos londrinos

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O rock britânico dos anos 2000 deixou memórias sonoras bastante relacionadas a guitarras aceleradas e capitaneadas por acordes, levadinhas dançantes, baterias mais diretas e um timbre vocal notoriamente acentuado. Dentre seus representantes alardeados pela imprensa local estava The Maccabees, de Londres, que surgiu em 2004 e logo foi colocado no mesmo balaio de Bloc Party, Kaiser Chiefs e Arctic Monkeys. Sobreviver criativamente a essa sonoridade que colocava diversas bandas sob um mesmo guarda-chuva foi uma proposta identificável em The Maccabees, que no dia 31 de julho irá lançar seu quarto disco, Marks to Prove It. Enquanto a novidade é apenas teoria, vale rever alguns hits da carreira para entender a evolução desse quinteto.

X-Ray

X-Ray aparece no disco de estreia, Colour It In, de 2007, mas é anterior, de 2005. É a responsável por colocar The Maccabees no frutífero mapa musical britânico, ainda que não tenha obtido o relevo desejado. Faz sentido, de certa forma: a canção é uma grande mescla de referências contemporâneas, evocando Arcade Fire em alguns momentos, e o vocal de Orlando Weeks soa afetado e artificial.

Lachtmere

O efeito radiofônico de X-Ray já tinha se mostrado evidente, e a sucessão com Lachtmere deixou clara a facilidade de The Maccabees em criar hits e fidelizar ouvintes. O clipe ajudou a construir o imaginário lúdico, colorido e alegre com o qual a banda é frequentemente associada.

First Love

Pode-se cobrar criatividade do grupo, mas é inegável o carisma da banda e seus ganchos pop deliciosamente apelativos. First Love assinala com firmeza essa tendência, especialmente nos recortes Math Rock dos vocais de Orlando Weeks.

Toothpaste Kisses

Sabe aquele vídeo com um filhote de cocker spaniel de orelha quilométrica alimentando um filhote de gatinho órfão enquanto ambos são observados por um filhote de panda resfriado que não para de espirrar? Então.

No Kind Words

A paleta colorida de outrora ganhou tons mais escuros no segundo disco, Wall of Arms, de 2009, e marca uma postura positiva de não se acomodar ao sucesso adquirido. As paradas britânicas já eram alvo conquistado, mas não assegurariam longevidade a quem quer que pertencesse àquela onda inicial de bandas. Os vizinhos Arctic Monkeys já tinham se ligado nisso, como ouvimos em Humbug. Estava na hora de The Maccabees mostrar os azedumes da vida.

Young Lions

Spoiler: aqui você encontra uma incômoda semelhança com o Arcade Fire da safra Neon Bible, o que é tecnicamente justificado pelo fato de ambas as bandas terem adotado a produção de Markus Dravs. Mas se ignorar a similaridade, vai ser feliz.

Feel to Follow

Eis aqui outra característica positiva e recorrente nesses londrinos: eles não só são cientes de sua conhecida habilidade em costurar o Pop aos ouvidos alheios, como conseguem dinamizar as abordagens e abrir o leque de possibilidade. É uma fábrica de hits notavelmente reconhecida.

Pelican

The Maccabees arrisca um simulacro de Kraut em Pelican e acaba desenvolvendo uma interessante abordagem Pop com ênfase no vocal. Depois de abraçar as cores no primeiro disco e acolher algumas cruezas no segundo, chegou a vez de experimentar identidades no terceiro, Given to the Wild.

Something Like Happiness

Cartão de visita do disco que virá, Something Like Happiness já nos denuncia algumas intenções da banda, como arranjos mais encorpados e uma apropriação maior do que The Maccabees pode chamar de sua identidade: ganchos intensos no refrão, grande uso dos vocais como uma espécie de fraseado extra na guitarra, baixo mais grave e percussão mais elaborada. As motivações líricas e inspiracionais são de gente grande: a especulação imobiliária em Londres e o processo de exclusão de antigos moradores. Música mais pensada, enfim.

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ARTISTA: The Maccabees
MARCADORES: Redescobertas