Prestes a lançar seu décimo álbum de estúdio, Lightning Bolt, na próxima semana, a impressão é a de que Pearl Jam causa expectativas para o lançamento por todos os lados, como poucos conseguem. Aliás, quantas bandas você conhece que são tão presentes em mídia ou públicos, com sucesso no mainstream e arrancando elogios do também em outras esferas?
A real é que Pearl Jam não é uma banda qualquer, nunca foi. Você pode compará-la a tantas outras, traçar quantos paralelos quiser, mas a turma de Eddie Vedder permanece como uma anomalia positiva na história do Rock, desde seu surgimento em 1990 até o que observamos agora com Lightning Bolt. E, talvez, essa percepção venha mais por uma audição atenta ao seu som do que por uma análise fria dos fatos e dados.
Tem um pouco a ver com o som não ter mudado tanto desde que o grupo nasceu, naquela Seattle que nos deu, na mesma época, Nirvana e Soundgarden. A banda já apareceu diferente de suas contemporâneas e conterrâneas, já que era formada por músicos que já tinham um certo renome na cena. Tanto é que eles preferiram não mergulhar naquele Grunge que as outras bandas estavam fazendo e apostaram em um Rock menos barulhento e mais melódico, o que acabou popularizando ainda mais o movimento.
Nas mãos de outros roqueiros, isso de apostar em solos de guitarra e grandes refrões, como manda o manual do Rock, poderia significar um som genérico e sem muita personalidade, mas isso Pearl Jam tem de sobra. Isso a gente nota no vocal marcante de Vedder, na profundidade das letras e na capacidade que os músicos tem de criar verdadeiros hinos que preenchem estádios sem perder a pose garageira de sempre ou o valor introspectivo das composições.
Essa dualidade aparece em muitas maneiras de ver a banda. Está em sua capacidade de fazer uma apresentação para uma multidão de milhares sem pirotecnias e artifícios de palco que shows desse porte costumam ter (e, ainda assim, mover toda a plateia só com sua música), ou ainda por ser um grupo de tiozões que pessoas das mais diversas idades curtem e que faz um som que não fica datado, mesmo sem grandes inovações no jeito de tocar ou compor.
Muito já foi dito e ainda será sobre Pearl Jam – o que dificulta muito a vida de qualquer redator incumbido de uma pauta que apresente a banda -, mas, quanto mais ouvi os hits de seus nove álbuns anteriores, mais tive certeza de duas coisas: 01. Sua obra fala e se explica por si só mais do que qualquer frase sobre essas qualidades; e 02. É só dar o play, principalmente nas músicas ao vivo, que você (e não importa seu grau de familiaridade com o trabalho da banda) logo percebe que não teria como Pearl Jam não estar entre os grandes nomes do Rock – seja da sua ou de qualquer outra geração.