Perth: o berço da nova Psicodelia Australiana

Cidade é o centro de uma grande cena Psicodélica que tem Tame Impala como grande expoente, mas que gerou outros nomes que, apesar de seguirem estilos diferentes, tem a lisergia como base de seu som

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Vem de Perth uma das cenas mais variadas e criativas que já passaram pelos solos australianos e, como em toda cena, existe um estilo que serve como base para as criações. Neste caso, o Rock Psicodélico é quem dá as cartas por lá, podendo assumir outras formas, mas sempre mantendo a psicodelia como base.

Se você (assim como eu) conhece mais de música do que de geografia, deve ter ouvido sobre a cidade quando descobriu Tame Impala, banda que mais se destaca em toda esta cena. Kevin Parker e seus amigos estão espalhados em diversos dos grupos que a formam e, cada um com sua característica principal, criam um mix bem interessante de bandas que seguem um mesmo propósito psicodélico, mas que atingem resultados bem diferentes.

Ácida – Mink Mussel Creek

Essa banda foi a gênese de toda a cena e dela nasceram os primeiros frutos e esforços coletivos que se ramificariam depois. Mink Mussel Creek nada mais era do que um grupo de amigos de escola que se juntavam para fazer um som e conseguir tocar onde quer que fosse possível. A formação era errática, mas o propósito era sólido e foi isso o que a manteve unida, mesmo depois de cada um montar seu próprio projeto.

A banda tem uma sonoridade bem crua, mas muito ácida e potente. Cheio de influências setentistas, seu som, em alguns momentos, pode lembrar os também australianos Wolfmother, que naquela mesma época chamava a atenção de grandes veículos com seu primeiro álbum.

Hoje, a banda existe de forma intermitente, se reunindo quando todos os membros voltam para Perth e se juntam para “brincar” em cima de um palco. Kevin Parker, Nick Allbrook e Joseph Ryan foram os responsáveis por começar tudo e, mesmo que neste projeto assumissem posições diferentes das que tem hoje (Kevin na bateria, Nick com os vocais e guitarra, e Joseph na guitarra), esse foi um grande início para os então adolescentes que começavam a trilhar seus caminhos psicodélicos.

Mainstream – Tame Impala

Não tem como falar desta cena sem bater várias vezes na tecla do Tame Impala. O grupo pode não ter sido o primeiro de sua geração, mas certamente foi o que ganhou maior visibilidade e número de fãs ao longo do tempo. Com seus dois discos, Innespeaker e Lonerism, o quinteto alcançou o “mainstream Indie” e recentemente está uma interminável turnê, que também passou pelo Brasil e já foi parar nos palcos de grandes festivais, como Coachella.

Liderada por Kevin Parker, a banda ainda conta com Nick Allbrook e Jay Watson, que vocês verão em mais alguns outros grupos desta cena. Dominic Simper e Julien Barbagallo completam o time.

Aventureiro – Pond

Dentre as bandas de Perth, o coletivo Pond se destaca por ter uma sonoridade com espírito aventureiro e experimentar com muita coisa. Sua formação é prova disso: com somente três membros fixos, Jay, Nick e Joseph, a banda conta com a participação de outros tantos músicos dependendo da complexidade do disco que os caras produzem em estúdio. Entre os membros honorários de maior destaque, se encontram Camerom Avery (atual baterista) e Kevin Parker (antigo baterista).

Quanto à sonoridade, o grupo explora uma diversidade de estilos, instrumentos e sons que só aumentam seu potencial psicodélico. A banda, que já chegou a descrever seu estilo como “Lo-Fi Psicodélico Tropical”, tem quatro discos em seu currículo, cada um explorando diferentes ambientações psicodélicas, e o mais recente deles, Beard, Wives, Denim, parece integrar a vibe de seus antecessores em só álbum.

O grupo parece não se importar tanto com o resultado final, contanto que os processos de gravar o álbum e, posteriormente, tocá-lo ao vivo sejam divertidos. E, realmente, se nota esse clima de descontração em suas músicas e em suas apresentações.

Pop – Allbrook/Avery

Nick Allbrook é um dos músicos mais prolíficos desta cena. Além do Tame Impala, Pond e Mink Mussel Creek, ele ainda arranja tempo para tocar em mais pelo menos três projetos: Gum (banda de Jay Watsom), Space Lime Peacock( também comandada por Nick) e o duo com Cameron Avery chamado Allbrook/Avery.

Seguindo uma linhagem um pouco mais Pop e dançante, Nick e seu companheiro de Pond dão ao estilo contornos psicodélicos e melodias despretensiosas, seguindo um clima bem divertido em suas faixas. Mesmo com pouco tempo de existência, o duo já gravou seu primeiro disco, Big ‘Art, lançado nesse ano.

R&B/Funk – Space Lime Peacock

Nas mãos de Nick até mesmo o R&B e o Funk podem ganhar formas psicodélicas. A maior prova disso é Space Lime Peacock, que consegue traduzir muito bem esses dois gêneros em um formato lisérgico e lhes traz uma nova cara que confere aos dois uma reinterpretação única, mesmo que já tenham sido reinventados de várias maneiras.

Infelizmente, a banda ainda não tem nenhum disco, EP ou qualquer coisa em formato físico, então ainda teremos de esperar mais um tempo para poder ouvir uma bolachinha sua.

Mas essas bandas são somente uma pequena amostra do que tem florescido no território tão fértil que tem se mostrado Perth e é claro que, além de Kevin Parker e seus amigos, a cena ainda tem mais outros ótimos representantes, que ainda podem desapontar como um dos nomes a se prestar atenção em um futuro muito próximo.

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Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts