Quem é ZHU?

Misterioso produtor australiano se tornou o DJ mais famoso do mundo

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Aparentemente seu nome é Steven. Por muitos meses, se perguntaram se tratava-se de um homem ou uma mulher. Zhu encantou o mundo não só por sua marcação pesada no Deep House, mas também pela indiferença pela fama. Todo o mistério por trás de quem se trata levantou e construiu o marketing que projetou o produtor da Austrália para o mundo.

Sem nenhum tipo de entrevista, sem shows ao vivo, sem página no Facebook ou perfil no Twitter. Foi assim desde o início. Zhu surgiu ainda em 2014, com um mashup de músicas do duo Outkast. Moves Like Mr. Jackson foi aclamada pelos fóruns principalmente por não ter nenhuma dica de quem produziu. Rumores e as línguas diziam que Disclosure estaria por trás disso, já que a dupla e o próprio Outkast, seriam os headliners do Coachella no mês seguinte. Mas, na mesma época do festival, a fofoca acabou com o próprio produtor adicionando seu pseudônimo na sua faixa: Zhu.

Mas o nome, por si só, não diz nada. E essa era a intenção. The Nightday EP, seu trabalho de estreia, estourou no mundo todo. Faded, o primeiro single, atingiu terceiro lugar em Londres e virou coringa de remixes entre os produtores do mundo inteiro. Seu logo virou seu torto e serve como marketing de guerrilha uma vez que suas redes sociais não servem como base de divulgação de seus shows. Hoje, as poucas performances que Steven faz, são divulgadas por Sydney através de posteres com seu logo, a data e o local.

É uma estratégia que choca, mas que, ao mesmo tempo, envolve e fascina. Bem como sua música. Zhu traz em suas produções estruturas mais pesadas do Techno para o Deep House. Os hiatos e os bumbos secos do Techno transitam entre os Grooves e vocais delicados do Deep House trazendo um resultado soturno, interessante e extremamente original. Zhu criou uma identidade própria, um território onde só ele pisa, um estilo onde ele está livre pra percorrer.

Hoje em dia, com a famosa Síndrome do Espetáculo, poucos se escondem em prol da arte. A sociedade dá mais valor ao criador do que à criação. A maioria dos artistas querem mais aparecer, jogar bolo no público do que tocar, estar no pedestal do que produzir, mostrar o rosto do que a música. E o público… boa parte vai pra ver o headliner e não ouvir, subir no barco inflável, esperar a progressão de um drop qualquer. No caso de Steven, não foi só em função da música. A Th3rd Brain Management, que representa Krewella e agora também o produtor, disse recentemente que em um cenário que tantos tem muito a dizer, existe muito mais poder no silêncio. Então viram no anonimato a jogada de marketing perfeita para atrair um público em primeira instância, instigar curiosos, ter aquele primeiro contato e conquistar.

Essa ideia não é nem de perto inovadora. Daft Punk até hoje sustenta, “em partes” (bem entre áspas mesmo), anonimato e construiu todo um barulho em cima disso. SBTKRT subiu no palco com cocar, Deadmau5 com sua cabeça de rato. Mas diferente de todos já citados, Zhu assemelha-se bastante com o que vimos da história de Burial. O produtor não tinha máscara, mas não aparecia. Não era marketing, não era vergonha. Era apenas uma forma de fazer com que dessem atenção ao que devem: somente á música, e não a ele. Seu anonimato foi para o ralo somente quando William Emmanuel ganhou Mercury Music Prize em 2008.

Embora a ansiedade seja grande, às vezes a grandiosidade da fama pode arruinar o processo de criação de um artista. Ou até mesmo estragar o que tornou um especial, como foi o caso de Zhu: sua mistificação em cima de sua identidade. Apesar de Aoki e Skrillex recentemente terem fingido em performances ao vivo serem o produtor (e muitos terem caído – ou acreditado até hoje) a lição que fica pra casa é pra tentar parar de resolver o mistério. Dessa forma, tudo fica melhor.

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ARTISTA: ZHU
MARCADORES: Deep House, EDM, Techno

Autor:

Publicitário que não sabe o que consome mais: música, jornalismo ou Burger King