Rico Dalasam: “Acho que minha música aponta para o futuro”

Rapper comenta o trabalho que faz em shows, como na atual turnê “Balanga Raba”

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“Negros, gays, rappers, quantos no Brasil?” – Rico Dalasam é sempre um acúmulo de classificações, seja na figura que ele apresenta em toda sua comunicação, dos vídeos aos shows, ou na mistura que caracteriza seu som, além do fator social que os versos de sua Dalasam, esses que abrem o parágrafo, trazem. Em todos os aspectos, o rapper paulistano não se delimita, mas caracteriza-se pela soma. “Um ornitorrinco”, como ele brincou em entrevista ao Monkeybuzz, e concordamos que, em 2017, seria mesmo estranho tentar separar-se em apenas uma ou outra característica.

Quem acompanha seu trabalho, seja em vídeos ou em apresentações, como da atual turnê Balanga Raba, sabe que a unidade que ele constrói vem da adição de tantas partes. “O que a gente coloca nos videoclipes, a gente de alguma forma tenta levar para o palco”, conta ele ao site, “o que é muito mágico”. “Nos shows, eu fui entendendo qual a energia e o calor que minha mensagem precisava passar, mais do que só música, mas como meu corpo precisava reagir àquelas batidas e o andamento disso”, explica.

Tal postura veio com a experiência de excursionar pelo país, chamando atenção por onde passa pelo boca a boca (“as pessoas comentam que o show ‘é quente, é pressão, é barril’ (risos)”) e por sua figura, naturalmente longe do convencional, nunca passar desapercebida. “Em um primeiro instante, eu via um monte de gente com uma intenção de avaliar se aquilo era legítimo, se era o que a crítica estava dizendo”, conta ele, “hoje eu vejo uma galera que leva um calor porque sabe que vai receber um calor também”.

“Os shows me levaram a conhecer o país, e isso foi muito importante para a construção musical e para a bagagem que serve para as novas coisas que estou fazendo”, comenta Rico, “a minha música ganhou mil e outras possibilidades depois que eu fiz turnê no Norte e no Nordeste”. “Eu sou uma construção dos anos 1990, né?”, diz o rapper, “eu nasci em 89, periferia da Zona Sul de SP. O Pagode, o Forró, Mastruz com Leite, o Axé, Daniela, Araketu, não tem como tirar isso da minha construção. E em certas horas, eu me vejo como um cantor de Axé no palco (risos), em outras como um cantor de Rock, e o Rap no meio de tudo. Quero estar sempre desbravando isso”.

Vocalizar essa formação de estilos não “aceitos” pelo meio dito Alternativo pode ainda, mesmo em 2017, surpreender alguns, mas ir na contramão parece estar na natureza do que é ser Rico Dalasam, assim como mostra seu papel no cenário em que está inserido. “Eu acho que a música que a galera da minha idade está fazendo remete ao passado, um saudosismo na produção musical brasileira como intenção de ser assertivo. E eu vejo algo na minha música que não consegue passar por isso”, conta ele, “não é uma crítica, é só uma característica. Eu acho que minha música aponta para o futuro. E acho que essa é uma característica nossa, mostra algo que você não tinha visto ainda na nossa cultura”.

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ARTISTA: Rico Dalasam
MARCADORES: Entrevista

Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.