Spoon e a Transição Entre as Décadas 1990 e 2000

Mesmo sem muitos holofotes, banda se mostrou importante nessa mudança de décadas e ainda se mostra relevante e atualizada

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Colônia – Alemanha, início da década de 70. A banda Can era uma das referências do torto e robótico estilo Krautrock. Em um de seus singles, o nome: Spoon. Mal sabia-se que a partir de uma faixa de uma banda referência de sua época se daria o nome de batismo de outra que seria formada três décadas depois e que seria, do mesmo jeito, referência para sua época.

Spoon nunca foi um grupo de se vender revistas – ao menos para o além mares – e de extrema exposição e marco midiático como alguns de seus colegas de época. Entretanto, ali, para o público que se aventurava na busca garimpeira do do it yourself em um mundo que engatinhava no que hoje nos é fácil de obter informações – a Internet -, a banda era um dos nomes que figuravam nos ingressos, pôsteres e discos nas mãos dos jovens.

Formada em 1993 na capital do Texas, Austin, e tendo seu compacto de estreia lançado no ano seguinte, Spoon era uma banda que surgiu em num entremeio estilístico da “ponte aérea” EUA x Reino Unido. Se em sua terra natal a época era do ápice do chamado College Rock – figurada com bandas como Pixies, Pavement e Breeders -, a terra da rainha era outro pólo de atenção do mundo da música, onde surgia o Britpop – de Stone Roses, Happy Mondays e The Charlatans -, Spoon conseguiria ao longo de sua carreira uma sinergia dessa conexão entre países e a colocava no seu som, o que faziam os ouvidos lhe darem a atenção devida.

Logo no álbum de estreia, Telephono, de 1996, a banda mostrava uma identidade que bebia primeiramente apenas de um lado dessa futura sinergia. A influência da banda de Kim Deal e Francis Bean era notória logo na faixa inicial – Don’t Buy The Realistic – ou em outras boas selecionáveis do disco, como a inquietante Cvantez ou então em All The Negative Have Been Destroyed que lembrava um pouco do clima sujo – mas aqui mais bem produzido – do que J. Mascis e companhia fizeram em seu disco de estreia.

Se tal fórmula mais intensa ainda se repetiria em A Series of Sneaks – o sucessor do primogênito – em Girls Can Tell, lançado em 2000, logo em Everything Hits at Once, ou em Anything You Want, já se notaria um diminuída no ritmo do grupo, indo para o lado mais Pop e do que se vinha propondo no Britpop. Tal ritmo daria prosseguimento no disco seguinte, Gimme Fiction, o qual foi responsável por uma maior exposição da banda em listas da mídia musical e abriu um espaço maior para a disseminação de seu som.

Disseminação essa que teve por canal – com o perdão do trocadilho – séries de TV e filmes. Foi a partir de então que músicas dos discos seguintes, como I Summon You, The Infinite Pet, The Underdog e Got Nuffin, tocariam na série Scrubs, no filme 500 Dias Com Ela, nas séries How I Met Your Mother e Chuck – respectivamente. Esta última música citada inclusive, que pertence a Transferece, até então último álbum do grupo, que foi lançado em 2010 e se tornou extremamente bem sucedido nos rankings, e que além de Got Nuffin ainda nos brindava com o ótimo singles Written In Reverse.

“Último disco até então”, pois estamos próximos do lançamento de They Want My Soul, o oitavo disco da banda e que já teve seus “tira gostos” para o público com os singles, lançados inclusive com clipe, Rent I Pay, Do You e a belíssima Inside Out. Tocando neste fim de semana no Lollapalooza Chicago e em show com Arcade Fire, Spoon se mostra uma figura, mesmo que sem muitos holofotes, de nome importante e que com certeza já serviu de inspiração para muitas bandas atuais. Quem sabe o ciclo se feche e tenhamos uma nova banda buscando uma inspiração de nome em alguns dos bons singles do grupo texano?

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ARTISTA: Spoon
MARCADORES: Redescobertas

Autor:

Marketeiro, baixista, e sempre ouvindo música. Precisa comer toneladas de arroz com feijão para chegar a ser um Thunderbird (mas faz o que pode).