Sabe aquele disco lançado há algum tempo que você carrega sempre com você em iPod, playlist e coração, mas ninguém mais parece falar sobre ele? A equipe Monkeybuzz coleciona álbuns assim e decidiu tirar cada um deles de seu baú pessoal e trazê-los à luz do dia. Toda semana, damos uma dica de obra que pode não ser nova, mas nunca ficará velha.
Seven Swans
Carrie & Lowell mostrou-se um dos lançamentos mais celebrados do início de 2015, principalmente por quem já acompanha a carreira de Sufjan Stevens há um tempo. Se olharmos para sua discografia como um todo, seu álbum que mais se assemelha ao novo é certamente Seven Swans, em forma e conteúdo.
O disco de 2004 é um dos momentos mais Folk do músico, com banjo e violão como coadjuvantes de destaque nos belos arranjos que compõem o registro. É também um grande pico de introspecção em sua obra, principalmente quando comparado a trabalhos como The Age of Adz (2010) ou mesmo o tão falado Illinoise (2005). Ao contrário desses, o que fica da audição de Seven Swans é o dedilhado e o vocal sussurrado.
Ainda assim, o álbum possui seus momentos de dimensões maiores, como as mais roqueiras Sister e A Good Man Is Hard to Find – em arranjos de maior peso que o resto para acompanhar as emoções de cada faixa – e a derradeira The Transfiguration, com uma atmosfera grandiosa que dava dicas do que veríamos a seguir em Illinoise.
Essa última carrega em si muito da temática da obra, a fé bíblica com a dualidade entre uma divindade cheia de graça e a natureza humana no outro lado da moeda. São passagens bíblicas narradas nas palavras do músico (como nessa e em Abraham) ou conceitos espirituais debatidos por ele (como em In the Devil’s Territory e A Good Man Is Hard to Find).
Tudo isso é contado de maneira bastante íntima pelo artista. Fica claro que são suas visões sobre a fé, respostas bastante humanas a crenças, ensinamentos e experiências com espiritualidade – assim como ele deixa claro em Carrie & Lowell.
Um dos motivos desse novo disco ser tão elogiado é justamente a maneira como ele trabalha essa identidade já construída por Sufjan Stevens no passado de uma maneira devidamente evoluída. Vale a pena cavar sua história e desenterrar Seven Swans para apreciar ainda mais seu recente lançamento.