Tantas Coisas com Victor Meira (Bratislava, Godasadog)

Músico comenta discos, shows e seu lugar favorito no mundo

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Nós já ouvimos as músicas, agora é a hora de conhecermos um pouquinho mais sobre as pessoas por trás dos discos que tanto ouvimos. No Tantas Coisas, os artistas revelam ao Monkeybuzz detalhes de suas histórias, suas carreiras e predileções, tudo sem enrolação.

Victor Meira (Bratislava, Godasadog)

(Com uma recém-lançada carreira solo, o músico ficou conhecido na cena independente de São Paulo como cabeça por trás dos dois projetos, o que revela também sua personalidade musical múltipla)

Quais discos você foi ouvir depois de muito tempo e se arrependeu de não ter ouvido antes?
“Cara, acho que dá pra falar de três bandas: Beatles, Radiohead e Los Hermanos. Não que eu tivesse algum tipo de resistência a elas antes (nunca fui esses caras chatos que ficam falando que não gostam de Los Hermanos… Morro de bode do mimimi), mas entrei no bonde bem tarde! Parei pra ouvir Beatles só em 2009, e mergulhei a ponto de me afogar e não conseguir escutar absolutamente mais nada por quase um ano. Só Beatles, Beatles, Beatles, jantando os discos, os documentários, os registros em video, versões, tudo o que eu encontrava. Radiohead também foi parecido, fui parar pra ouvir com calma só quando lançaram o In Rainbows (que continua sendo meu álbum preferido deles até hoje), e é safe to say que é uma das bandas da minha vida. Los Hermanos foi a mesma coisa: peguei o bonde já depois de lançarem o 4, e mergulhei, ouvi todos os discos até gastar”

Qual o primeiro show que você viu?
“Minha vida ‘ativa’ na música começou super tarde. Cresci numa casa muito cristã, meus pais e amigos de infância não iam a shows, não viam com bons olhos, olha que coisa maluca. Digo, acho maluco hoje, mas na época era perfeitamente normal. Eu cresci vendo muita música na igreja. Corais, quartetos de vozes, cantores acompanhados de piano ou violão. Meu pai era barítono de um quarteto a cappella quando eu era pequeno, foi ele quem me ensinou a cantar, a fazer harmonias vocais. Então, se não me falha a memória, o primeiro show de rock que eu fui foi quando fui morar em Toronto, em 2006, um festival da Virgin. E lembro que foi bem foda. Vi Raconteurs, Wolfmother e Strokes na mesma tarde, tudo pertinho da grade e sem aperto, bem tranquilo. Eu tinha 18 anos, estava no meio da maior epifania da minha vida (esses seis meses no Canadá), que foi justamente meu rompimento com as crenças da infância e tradições familiares, quando eu me entendi como um indivíduo no mundo. Então tenho muito apreço por essas memórias”

Qual seu lugar favorito no mundo?
“Atualmente? São Paulo. Eu sou apegado ao lugar onde eu crio meu sistema, minha rotina criativa, minhas venues preferidas pra ir ver shows, meus estúdios de ensaio preferidos, meu home studio, minhas coisas. Esse sistema me faz muito bem. Faz com que eu me sinta conectado com o mundo, me dá a sensação de fazer parte de algo grande e único, de um cenário ou de uma época cheia de coisas bonitas e feias, mas todas preciosas. Já morei em muitos lugares. São Paulo é a décima cidade onde eu moro, e mantenho contagem das casas também: tô na vigésima (tenho uma tatuagem no braço esquerdo que mantém a contagem das casas). Então estou acostumado com mudanças, mas tô muito feliz por estar em São Paulo há pouco mais de dez anos no total agora. Sou de Salvador, mas São Paulo é a cidade do meu coração”

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MARCADORES: Tantas Coisas

Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.