The Bloody Beetroots: Rebelião Musical

Produtor italiano promete uma anarquia de sons no segundo dia do Lollapalooza Brasil

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1977 é o ano tatuado no peito de Bob Cornelius Rifo. Indica, além de seu ano de nascimento, uma forte influência da escola do Punk. Há quem tenha coragem de catalogar o som do produtor no Electro-Punk, eu não consigo. Não só eu, mas qualquer um que tenha respeito pelo Maximal. The Bloody Beetroots traz a anarquia consigo em suas produções (e de Dim Mak, seu parceiro no projeto) – e remixes assinados para The Whip, South Central, Naïve New Beaters, Audioporno, entre outros – o que fica ainda mais difícil de encaixá-lo em um gênero, mas, apesar da salada musical, o italiano traz consigo essa característica como identidade. E funciona.

Identidade é um assunto complicado para Rifo. Cresceu ouvindo de Bach a Massive Attack, sem nenhum tipo de preconceito e nesse meio-tempo preferiu trazer energia às suas faixas. Essa palavra cabe bem para definir o que é liberado por Bloody Beetroots. O típico excesso de informação do Maximal, com o apelo rasgado do Punk, barulho e muita dose visceral.

E esse cabo de guerra entre um pote de limitações não é um lugar confortável para eles. Ao se afastar dessa brincadeira, vestiu, de forma literal, máscara negras (estilo Venom, do Homem-Aranha) para distanciar as palavras de si e aproximar o mistério, a curiosidade pelo seu trabalho. Essa é a justificativa da peça que veste seu rosto e que espalha pra todos que fama não é seu foco.

Diante de toda discussão do EDM, de sua relevância pra música Eletrônica e a frustração de seus amantes, Rifo e Mak entra pro time que poucos (e admirados) produtores também jogam. Juntamente a Feed Me, Gesaffelstein, Daft Punk, entre outros, há a preocupação de trazer uma mensagem com seus lançamentos. No caso de Bloody Beetroots, é transformar em música um movimento histórico, artístico ou literário. Hide foi seu segundo álbum, recém lançado, e elevou bastante a credibilidade não só diante da cena eletrônica, mas de toda musical. Entre o time de colaboradores, estavam Tommy Lee e Peter Frampton, mas nada se comparava com o “Sir” Paul McCartney que, segundo o produtor, foi convidado pelo próprio Beatle surpreso depois de desconstruir uma base. É claro que trabalhar com o cantor já era um objetivo.

O trabalho tem pitadas de Heavy Metal, Disco, Electro e até Dubstep. Dois produtores incríveis e um guitarrista lendário, a energia de subir a energia pro céu, iluminar com o vocal de McCartney e ainda ter segurança de descer com Volevo Un Gatto Nero, uma peça lenta e erótica da obra. A soma de tudo vem pra quebrar o estigma de 2009 de que Warp, com Steve Aoki, foi o ápice do projeto. Rifo vem ao Brasil no dia 6 de abril, no Lollapalooza, e alimenta expectativa de trazer uma experiência diferente do que aconteceu no país há anos. Nem o sombrio que Rusko fez em 2009 ou o barulhento que Porter Robinson, ou pitadas pesadas do Aoki: Bloody Beetroots vem com bateria, guitarra e muita marcação pesada para o público. Estejam preparados para uma anarquia.

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Publicitário que não sabe o que consome mais: música, jornalismo ou Burger King