Tony Hawk’s Pro Skater 2: O primeiro contato com músicas alternativas

Se hoje você tem seus 20 e poucos, pode ser que sua primeira influência musical tenha sido esse jogo que ajudou a formar a identidade musical de muita gente na época

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Sabe aquele disco lançado há algum tempo que você carrega sempre com você em iPod, playlist e coração, mas ninguém mais parece falar sobre ele? A equipe Monkeybuzz coleciona álbuns assim e decidiu tirar cada um deles de seu baú pessoal e trazê-los à luz do dia. Hoje com uma proposta diferente, trouxemos uma trilha sonora ao invés de um álbum e, para tal, escrevemos o texto a quatro mãos (Lucas Cassoli e Nik Silva).

Trilha sonora de Tony Hawk Pro Skater 2

Rádio, séries, Internet, amigos, revistas… apesar de serem os mais citados, estes não são os únicos meios disponíveis para se conhecer música. O videogame, principalmente a partir dos anos 90, quando os consoles se modernizaram e a qualidade de seus jogos aumentaram consideravelmente, se tornou mais uma importante plataforma de mídia e de difusão de música. Se tornando tão importante quanto os veículos citados no começo deste parágrafo, a Indústria dos Games foi responsável também por moldar o gosto musical de uma geração que empunhava um controle e passava horas na frente da telinha tentando controlar seus personagens animados.

Hoje no Fora De Época, vamos falar da trilha sonora de talvez um dos mais importantes jogos lançados, principalmente para quem tem hoje seu vinte e poucos anos: Tony Hawk’s Pro Skater 2, de 2000. Pois é, já se passaram treze anos desde que você passava horas a fio fazendo suas manobras com os skatistas mais famosos da época. Lançado para todos os consoles mais “modernos” da época, o jogo abrangia quase todo o tipo de público e não à toa se tornou uma febre instantânea (ainda mais por se tratar da continuação de um jogo que fez bastante sucesso). Dessa forma, por ter se tornado tão grande, sua trilha também se tornou.

Antes da Internet se tornar uma realidade como revelador de novos artistas, e com a TV se importando somente com o que era mais Pop, este era um dos poucos refúgios da Música Alternativa nos grandes veículos de massa, ainda mais para nós brasileiros que ainda tínhamos nesses veículos nossas principais fontes de conhecimento musical internacional. De certa forma o jogo foi responsável por apresentar música “diferente” a quem ainda não conhecia ou simplesmente não estava acostumado com gêneros como Hardcore, Punk, Rap, Dub, Metal e outros tantos que são englobados nas quinze faixas da trilha. Para nós e, acredito que para muitos de vocês também, o game serviu como uma porta de entrada para um mundo musical até então totalmente novo.

Como dito antes, o jogo abordou vários gêneros musicais. Sobre o Rap, o álbum procurava envolver algo mais pesado como as letras de Public Enemy e Rage Against The Machine, como algo mais dançante propício para as pistas de breakdance, como Naughty By Nature. Já nos domínios do Hardcore e Punk, a trilha escolhida agradava tanto aos fãs oldschool do gênero, tendo como maior representante Bad Religion, como a fãs da cena vigente na época que começava a se estabelecer, o Hardcore Melódico, representado por Millencolin.

O que é interessante perceber nessa trilha sonora é que ela não é apenas uma coletânea de músicas que ilustra o jogo, mas que ela traduz um conceito que hoje procuramos e admiramos muito em artistas: a fusão de gêneros. A escolha das faixas e bandas se dá de uma forma que é possível analisar tanto os gêneros musicais em sua forma pura como suas variações e combinações. Por exemplo, a faixa Bring The Noize mistura os versos agressivos e potentes do trio Public Enemy com os pedais duplos velozes e guitarras graves da banda de Trash Metal americana, Anthrax. Em Guerilla Radio, de Rage Against The Machine temos a mistura conhecida de Rap e “Metal”, que ganhou fama pela banda nos anos seguintes. Há até mesmo a combinação de elementos da música eletrônica com o tal gênero pesado, em When Worlds Collide, de Powerman 5000.

A trilha faz história por agregar os valores da cultura urbana musical (mistura de gêneros) que permanecem atuais até hoje, bem como agregar em um só registro bandas que viriam a se tornar favoritas de muitos fãs da série de jogos, bem como introduzir esse novo universo de músicas pesadas que depois influenciaram tantas pessoas a buscarem por coisas novas, diferentemente do que era pregado pela televisão e rádio. A trilha se encontra disponível para compra em sites americanos bem como compilada através de serviços de streaming como YouTube e Rdio.

E ainda tem gente com a pachorra de dizer que videogame não faz bem.

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Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts