Tourist: “Há tantas maneiras diferentes de se expressar usando a música Eletrônica”

William Phillips comenta o contexto em que produziu seu mais recente EP, “Wash”

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“Engraçado, mas eu acho que, desta vez, eu não estava muito interessado em uma história, eu queria saber era de um novo som” – fiz questão de perguntar a William Phillips sobre a questão narrativa em seu recente Wash, já que, em entrevista há um ano e meio ele comentou sobre a necessidade de “contar uma história” com seu primeiro álbum, U.

Não é difícil notar que Tourist é praticamente outro artista hoje, assim que comparamos as duas obras. Enquanto seu álbum de estreia trabalhava uma espacialidade melancólica, o novo EP explora sonoridades do Synthpop em músicas mais solares, até mesmo dançantes, daí também não ser uma surpresa que ele tenha tido propostas diferentes para ambos.

Ele conta que as novas músicas foram escritas em junho do ano passado, enquanto as do álbum nasceram já há algum tempo, entre 2014 e 2015. “Acho que eu estava em um momento bem diferente tanto como músico, quanto como pessoa naquela época”, explicou ele por telefone, “eram tempos mais obscuros, mais pesados. Lançar o disco foi também um alívio, e foi isso o que me ajudou a lidar com tudo”.

“Quando escrevi Wash, eu tentei me distanciar um pouco de sons mais melancólicos e abraçar sons que fossem talvez mais felizes. Não acho que foi uma decisão consciente, acho que aconteceu naturalmente como uma reação ao meu trabalho anterior. Gosto da ideia de Tourist sempre mudar, sempre evoluir. Eu não sei ‘o que é meu som’, então só tento fazer coisas que eu gosto, que mostrem quem eu sou – o que muda o tempo todo”.

“Pode parecer um pouco cafona, mas gosto do nome Tourist porque me sinto viajando para diversos lugares dentro da música”, ele explica, “Há tantas maneiras diferentes de se expressar usando a música Eletrônica, seja com sintetizadores, soundpools ou drum machines. Para mim, é isso que é legal sobre a Eletrônica, não é só guitarra, baixo e bateria”.

Sendo as músicas mais antigas tão diferentes do momento atual em que ele se encontra, perguntei qual sua relação com elas. Phillips explica: “Você compõe as músicas e espera que elas sejam sinceras. Quando você as lança, elas viram outra coisa, porque são públicas, são para todos. Acho que seu significado muda com o tempo, você não olha para a música mais como ‘aquela composição que eu fiz no estúdio naquele dia’, as pessoas ouvem e projetam suas próprias histórias. E eu já toquei essas faixas tantas vezes que eu já nem as sinto mais, não tenho nenhuma dificuldade em tocá-las. Resumindo, eu não tenho nenhum arrependimento hoje de tê-las feito no passado”.

E o que de tão diferente há em sua vida hoje para o som sair tão mais feliz? “Estou noivo, na verdade”, ele responde, “você conhece gente nova, se apaixona de novo. Eu mudei como pessoa”. “Acho que Wash é o resultado de uma versão minha muito mais feliz”, comenta ele, que completa: “Acho que estava antes tentando usar os sons para conseguir sentir algo diferente, eu tentava contar uma história pelamúsica, e, desta vez, reconheci que esses sons têm um efeito em mim e tentei tirar um sentimento específico deles”.

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ARTISTA: Tourist
MARCADORES: Entrevista

Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.