No final dos anos 60 e começo dos 70, uma vertente do Rock que pairava pelo mundo da música era o Psicodélico. Cheio de referências surrealistas em suas letras, assim como conflitos psicológicos e alucinações, o som era composto pelos instrumentos de sempre com a adição de mini órgão e outros não tão convencionais, como a cítara.
Um dos maiores, se não o maior, expoente do estilo psicodélico é o Pink Floyd com seus álbuns conceituais, como o grande The Wall. Com colagens sonoras no meio das músicas, sons experimentais e elementos “visuais” no meio das produções, a banda demonstra bem as características do estilo. Outros nomes da mesma época também marcaram presença forte, como The Doors, Jefferson Airplane e The Beatles (em sua fase mais setentista) e, por que não, Jimi Hendrix com suas guitarras psicodélicas.
Jefferson Airplane – White Rabbit
No Brasil, não ficamos atrás. Com o Tropicalismo (surgido como um movimento vanguardista ideológico e cultural de contramão ao formalismo extremo, temática burguesa e elitizada da Bossa Nova dos anos 50), a introdução da guitarra elétrica e a vinda do iê-iê-iê foram alguns elementos importados para nossa música da época. De tal maneira, também foi trazida a cultura do rock como um todo, na qual era a do Psicodelismo fortemente vigente nos EUA e Reino Unido – fonte maior da absorção da cultura do rock para o Brasil.
Com isso, Os Mutantes foi a principal banda do estilo em terras brasileiras. A banda apresentava um som bem característico do psicodélico dos países de fora e ainda adicionava um toque brasileiro que a fez famosa internacionalmente e, até hoje, é uma das bandas brasileiras mais citadas, respeitadas e adoradas por lá.
Os Mutantes – Panis et Circenses
O estilo Psicodélico caminhou por mais um tempo, chegando até o final dos anos 70 com o surgimento do Electro-Pop, que acabou pegando espaço do mainstream internacional e (em escala menor) nacional. Por isso, o estilo perdeu força e, assim, deu-se um hiato até o seu revival.
Esse novo movimento teve início no final dos anos 90 começo dos 2000 com nomes como Of Montreal e MGMT. É tão clara a influência das bandas sessentistas do estilo para o som dos caras que o Of Montreal chegou a fazer cover da música Bat Macumba dos Mutantes em uma das suas apresentações
Of Montreal – Bat Macumba
Tais bandas deram uma roupagem diferente ao psicodélico original, bebendo na fonte do Rock Alternativo e do Indie, gêneros que ganhavam espaço no mercado musical – o que tornava inevitável sua influência nessa nova roupagem e modelagem do estilo.
A novidade caiu nas graças do mainstream, no qual o MGMT foi muito importante para tal feito. Seu EP Time to Pretend, que continha a homônima ao álbum e o grande hit Kids, fez enorme sucesso – essa última chegou a ser trilha sonora do jogo FIFA 09, alcançando milhões de pessoas que não possuíam contato direto com o estilo ou com música em si.
Além dessa banda, a cena atual do Neo Psichedelic ou Novo Psicodélico traz grupos mais atuais como The Black Ryder , Tame Impala e The Laurels, que vem compondo o cenário com sons muito bem elaborados.
O Psicodélico, além de ter esse novo revival, vem servindo como influência para bandas de outros gêneros. É o caso dos experimentais do Animal Collective e do White Denim, com seu estilo particular e composto de várias influências, entre elas uma mistura de psicodélico com progressivo – observado, por exemplo, na faixa At the Farm.
É visto então que a cena do Psicodélico vem perdurando desde o final dos anos 60, seja no revival do Novo Psicodélico ou influenciando demais bandas, o que mostra a grande importância do estilo para o mundo da música ontem e hoje.
Tame Impala – Expectation