Vaporwave: diferente, retrô, kitsch e experimentador

Misturas de estilos, rupturas , slow motion e estética retrô formam o estilo que pode soar diferente para alguns ouvidos, mas vale pela experimentação musical

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Muitos estilos provém de outros, ou ao menos nos remetem a algo que já ouvimos. Dessa maneira, a sua “cara” nos vem sem causar estranhamento ou uma possível rejeição. No caso do Vaporwave, a situação é justamente a oposta, visto seu aspecto diferente e que não cai no gosto da maioria das pessoas.

Surgido no final de 2010 nos Estados Unidos e Japão, ele possui um apelo Pop e artístico muito grande. Baseado em intervenções visuais e sonoras, o estilo se pauta visualmente em duas referências. A primeira delas é a utilização de trechos de comerciais e infomerciais dos anos 80 e 90 dando a tônica altamente retrô ao estilo, sua marca registrada. A segunda fica por conta da conotação kitsch, brega e, até certo ponto, trash. Um dos exemplos fica com a capa alternativa do disco homônimo de 情報デスクVIRTUAL, na qual vemos uma imagem espelhada contendo um avião, uma mulher de lenço na cabeça com fundo de uma vista aérea de uma cidade e um logo do Windows 98 no canto. Vale ressaltar que tal saturação estética é proposital e faz parte da ideia da maioria dos artistas do estilo, que é a de que suas músicas soem como algo alienado e outro mundo, alucinógeno, algo que não soe familiar pra o ouvinte.

Na questão sonora, o Vaporwave é constituído de forte presença de loopings (tanto no áudio quanto nos vídeos – importantíssimos por passarem a questão estética e artística do estilo por completo), reduções de velocidade com slow motion principalmente nos vocais, sons dissonantes e de ruptura, compressões, samples de músicas famosas das décadas passadas, reverbs e ecos (daí um dos outros nomes pelo qual o estilo é chamado, Ecco Jamz). Além disso, existem as inflexões de tons nas notas em sintetizadores, que podem se apresentar desde em faixas mais frenéticas e com mais intervenções, como Wat do $PL▲$H ¢LUB 7 , quanto nas mais calmas e que chegam a soar, de maneira proposital, como músicas de fundo de fitas K7 e VHS de cursos de inglês, que é o caso de Wave Temple do INTERNET CLUB

A atmosfera que se cria com artistas do estilo, como Macintosh Plus e New Dreams Ltd., além dos já citados, é uma mistura entorpecente, alucinógena e certas vezes estranha. As principais referências musicais do Vaporwave se baseiam no R&B, Synth Funk, Smooth Jazz e Eletropop, tudo em meio a variações de velocidade, loopings que tornam o estilo muito próximo de uma arte pós-moderna e pós-Lo-Fi, se aproximando de uma cena artística underground, digital sem deixar o analógico, e amadora, no sentido de artesanal.

Com pouco mais de dois anos de existência, o Vaporwave com certeza não é um estilo comercial – aliás, nem é esse o intuito. Há quem diga que seja mais que um mero estilo, mas um movimento artístico anti-capitalismo e contra ao consumismo dos tempos modernos, e que imagens de comercias televisivos e de referências tecnológicas seriam usadas como ferramenta de sarcasmo e ironia ao modelo ideológico. Se isso realmente é o objetivo dos artistas, não se sabe ao certo. O que é claro é que os nomes do Vaporwave vieram pra trazer um som que, mesmo que não irá agradar a alguns, vemos que os artistas do estilo possuem o experimentalismo e a busca de novos sons, que é o mais importante.

Discografia:

情報デスクVIRTUAL情報デスクVIRTUAL INTERNET CLUBFinal Tears Macintosh PlusFloral Shoppe $PL▲$H ¢LUB 7SysWOW64 YYUTimeTime&Time Computer DreamsComputer Dreams New Dreams Ltd.New Dreams Ltd.

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Autor:

Marketeiro, baixista, e sempre ouvindo música. Precisa comer toneladas de arroz com feijão para chegar a ser um Thunderbird (mas faz o que pode).