Viagem ao Mondo Massari

Lançando seu livro de reportagem sobre Rock, Fábio Massari nos contou um pouco mais sobre ele, bem como suas impressões sobre a música atual

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Fábio Massari, o Reverendo, é uma figura mítica pra quem se interessou por música e jornalismo musical na virada dos anos 80/90. Alguns deram a sorte de ouvi-lo no rádio, outros só foram conhecê-lo através da MTV Brasil. O fato é que Massari, dono de um estilo único e fonte inesgotável de informação musical, teve oportunidade de vivenciar inúmeros causos, fazer entrevistas com gente pouco convencional e desfrutou de liberdade para explorar o lado obscuro da cena musical mundial. Era animador vê-lo discorrer sobre bandas islandesas, reverenciando seus ídolos, descobrindo bandas novas, sempre transmitindo confiança através da lógica: “se o Massari diz que é bom, tenho que ouvir”. Mondo Massari, praticamente uma marca registrada dessa maneira própria de ver a música pop, já foi programa de TV, coluna em revista e em site, agora chega em forma de um livro de quase 500 páginas, com um belíssimo apanhado de tudo que o Reverendo Massari testemunhou ao longo de sua trajetória. Conversamos com ele sobre o lançamento do livro, sua origem como engenheiro e seu status de “jornalista rock”.

MB: Vamos começar do começo. Conta pra nós como surgiu sua paixão pela música. Que banda ou artista te capturou pra sempre?

Massari: Algo naturalmente, espontâneo… Audições primais na vitrola de casa e radinhos de pilha e no carro. Primeiros registros fortes no radar pessoal, incluindo alguns dos primeiríssimos registros discográficos: Elvis Presley, Alice Cooper, Secos e Molhados, Elton John, Beatles (e John Lennon via Mind Games), Pink Floyd, Raul Seixas, Rolling Stones…

MB: E como foi pular da Engenharia para o Jornalismo?

Massari: Como não pular?! No meu caso fui parar na Engenharia no embalo dos tempos de colégio – cursei as “exatas” no colegial. Mas mesmo na Engenharia já vislumbrava algum tipo de caminho no âmbito jornalístico, algum campo em que pudesse explorar meus interesses culturais – principalmente sônico-discográficos.

MB: Seu início foi no rádio. Como surgiu a chance de ir pra lá?

Massari: Aliás fui parar no rádio – desde sempre meu veículo predileto – por causa de um professor de faculdade, o Serginho Groisman (esse mesmo!). Ele me indicou para uma conversa na Rádio 89FM, nos idos de 87 – estava no meio do curso.

MB: Ao longo de sua passagem pela MTV, como foi criando o conceito do “Mondo Massari”?

Massari: A “marca” Mondo Massari surgiu como projeto de TV, para a MTV Brasil, em 1999. Programa essencialmente de videoclipes – explorando novas/diferentes fronteiras. Foi meu programa pós-Lado B e pré-Jornal. Depois de um tempo, utilizei o nome numa coluna mensal na Rolling Stone e ainda coluna semanal no Yahoo!. O livro Mondo Massari reune todo material que eu produzi com a marca MM (TV, revista e portal), acrescido das transcrições das minhas entrevistas para o programa de rádio ETC, da Oifm. Como o ETC quase chamou Mondo Massari, fecha-se uma espécie de ciclo: tv, revista, portal e rádio.

MB: Como você vê o atual momento do rock brasileiro?

Massari: Sempre dá para reclamar, mas sou otimista: sempre acho que tem um monte de coisa boa rolando!

MB: Como você vê a presença da internet como um canal poderoso para conhecimento e divulgação do trabalho de novas bandas? Acha que ela – a internet – esvazia os outros canais como rádio, TV?

Massari: Se esvazia deveria estimular a reboque um certo espírito de renovação. Ou reinvenção. Para poder correr atrás do prejuízo e não se tornar anacrônico, ou obsoleto.

MB: Você acredita que o fim da indústria das gravadoras gerou um panorama que, por um lado pode favorecer os artistas em termos de distribuição e democratização do processo, mas feriu um aspecto importante como a presença da figura do produtor e do estúdio?

Massari: Não sei se as gravadoras acabaram “tanto” assim e imagino que de modo geral produtores existem independentemente de gravadoras.

MB: O que aconteceu com o termo “indie”, que foi do céu ao inferno em poucos anos?

Massari: Essas terminologias costumam ter vida curta. Esse até que durou bastante! Não é novidade. Lembra do Grunge? No dia seguinte nenhuma banda queria mais ser associada à  palavra-G!

MB: Quando surgiu a ideia de você escrever um livro sobre sua experiência na área do “jornalismo rock”?

Massari: Como eu disse, esse livro reúne meus trabalhos, ou a parte da minha produção com a assinatura Mondo Massari (mais o ETC). É uma coletânea que, com alguns saltos, cobre o período 1999 a 2012.

MB: Falando em jornalismo musical brasileiro, qual o maior mérito e o pior defeito da imprensa musical daqui?

Massari: O maior mérito é a existência de muita gente boa, que articula, pensa, escreve bem sobre o assunto (e honestamente não me incluo no topo dessa cadeia). O defeito é que parece que pouca gente presta a devida atenção, ou leva a sério como “arte”.

MB: O que você tem ouvido atualmente?

Massari: Não sei nem por onde começar!

MB: Arrisca um Top 5 de melhores discos do ano?

Meat Puppets – Rat Farm
Anjo Gabriel – Lucifer Rsisng
Suuns – Images du futur
Black Angels – Indigo Meadow
Viv Albertine – Vermilion Border (saiu no fim de 2012, mas ouvi o ano todo, é bom demais e eu recomendo!)

MB: Pretende fazer uma pequena tour de lançamento do livro?

• No Sleep Till Hammersmith!

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MARCADORES: Entrevista

Autor:

Carioca, rubro-negro, jornalista e historiador. Acha que o mundo acabou no meio da década de 1990 e ninguém notou. Escreve sobre música e cultura pop em geral. É fã de música de verdade, feita por gente de verdade e acredita que as porradas da vida são essenciais para a arte.