“Viva La Vida” e Viva Coldplay!

Quarto disco da banda foi o passaporte para se tornarem a maior banda do mundo naquela época

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Sabe aquele disco lançado há algum tempo que você carrega sempre com você em iPod, playlist e coração, mas ninguém mais parece falar sobre ele? A equipe Monkeybuzz coleciona álbuns assim e decidiu tirar cada um deles de seu baú pessoal e trazê-los à luz do dia. Toda semana, damos uma dica de obra que pode não ser nova, mas nunca ficará velha.

Coldplay – Viva La Vida Or Death And All His Friends (2008)

Cansado das eternas discussões sobre a qualidade de Coldplay como banda, pularei qualquer menção a isso e assumirei que se você optou por ler esta coluna sobre eles, é por gostar tanto quanto eu. *Viva La Vida Or Death And All His Friends não é meu disco favorito da banda, mas foi o que me fez entender melhor a essência de Chris Martin e companhia, além de ter sido o responsável por torná-los uma das maiores bandas do mundo – se não a maior durante aquele período.

O grupo carregado de melancolia que aprendemos a amar em Parachutes e em A Rush of Blood To The Head ainda estava lá, mas agora contaminado – positivamente – com alguns experimentos feitos em X&Y, ou seja, era uma banda em busca de um novo formato, uma nova linguagem que transmitisse para o seu público a mensagem que queriam passar. Tudo isso poderia não ter se desenvolvido tão bem, não fosse o comandante convidado para botar ordem nessa confusão Pop, Brian Eno.

Me lembro até hoje de ler uma matéria na revista Rolling Stone sobre a produção deste novo álbum, foi um daqueles momentos chaves para estimularem o meu interesse em saber o que está por trás da música que ouvimos. A entrevista continha depoimentos da banda completamente frustrada com o caminho que estavam tomando, sempre repetindo a mesma fórmula das baladas românticas que puxaram seu sucesso. O que eu imaginava ali eram amigos desesperados em busca de um caminho sincero para eles, mas ao mesmo tempo que agradasse o público e consequentemente aliviasse as pressões de gravadora e todos os envolvidos que certamente apostaram muitas fichas nos ingleses.

A partir dali, desde o primeiro site liberado pela banda, em que se não me engano, podíamos ouvir Violet Hill, comecei a olhar para eles de uma outra forma. Sim, eles querem o sucesso, planejaram “músicas de arena” como muitos gostam de chamar, mas no fundo eu ainda conseguia enxergar aquela chama de banda independente que atraiu nossos olhares em primeiro lugar.

Por diversos motivos, mesmo não sendo meu preferido, Viva La Vida foi o álbum da banda que eu mais desfrutei. O único que cheguei a comprar um CD, pois a arte era bem bonita – apesar de ouvir tudo no iPod -, e o único em que pude assistir a dois shows da turnê. Um inesquecível na Califórnia, num anfiteatro perfeito para a ocasião e outro em São Paulo, no Estádio do Morumbi, com outras dimensões. Em ambos, levando para casa um CD com versões ao vivo, que em minhas ingênuas mãos ganhou ares de raridade pois era “exclusivo” para quem foi vê-los ao vivo – mas obviamente tudo já estava disponível na Internet há tempos -, além de diversas borboletinhas de papel colorido que eram jogadas no final da apresentação e que devem estar gaurdadas em algum livro meu até hoje.

Viva La Vida And All His Friends foi responsável pelo momento em que vi uma de minhas bandas preferidas saindo do meu controle e conquistando o mundo como ainda não havia feito. Mas a sinceridade que eu ainda conseguia enxergar naqueles hits todos – quem ainda não abre um sorrisinho ouvindo o início de Viva La Vida ou de Lost, por mais batido que seja -, mesclados com algumas experimentações bastante interessantes, tornaram essa transição muito mais fácil. A partir daí, continuei gostando muito da banda, mas por me envolver cada vez mais com música e desenvolver outros gostos, minha relação nunca mais foi tão próxima. Por isso meu sentimento nostálgico com este disco, foi como um último momento bom com aquele seu amigo do colégio que você ainda guarda no coração, mas que escolheu caminhos diferentes dos seus em algum momento da vida.

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ARTISTA: Coldplay
MARCADORES: Fora de Época

Autor:

Nerd de música e fundador do Monkeybuzz.