Você Nunca Viu Tanta Música Ao Vivo

Streaming de vídeos oferece opções diversificadas pra artistas e público

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Você pode não ter percebido, mas é provavel que consuma mais música ao vivo hoje do que em outras épocas – e cito a probabilidade mesmo se você não vá a shows com frequência. Se você quer saber quem é o culpado por isso (seja para apontar o dedo ou para realizar seus agradecimentos), ele atende por YouTube.

Volta um pouquinho na história. Até pouco tempo atrás, a melhor maneira de ver um show de uma banda em vídeo era torcer pra sair um DVD (um recurso caro, que nem todos conseguiam realizar) ou ainda alguma emissora de TV exibir alguma apresentação, exclusiva ou não (opção também cara, que nem todos tinham interesse em fazer). Quando um grupo se apresentava em uma premiação, havia chances daquela ser a única vez que o público brasileiro veria a performance, por exemplo.

Vez ou outra, os canais por assinatura traziam alguma performance (muitas vezes, justamente a do DVD), mas isso só para bandas já muito bem amparadas no mainstream – os de “médio porte” já não teriam chances, por todos aqueles motivos de rentabilidade que conhecemos muito bem nessa discussão sobre o que é colocado para as massas e o que é enfornado em um nicho.

De poucos anos pra cá, contudo, qual é o artista que não tem algo ao vivo na Internet? Não é um papo de “quem ganha é o público”, porque todo mundo sai no lucro com isso: Quem ouve/vê, quem ganha exposição com isso e até quem escreve sobre música, porque acaba tendo um contato com o músico que nem sempre tem a possibilidade de ter pessoalmente, principalmente por questões geográficas.

Com o streaming gratuito de vídeos na Web, a nova forma de disseminar música causou algumas implicações que se desenvolveram ao longo do tempo. A primeira surgiu logo, quando algumas produções perceberam o potencial do formato ao vivo, que poderia ir além de uma apresentação convencional e criar algo mais semelhante ao videoclipe – com conceito e cuidado visual.

Depois do formato ser melhor desenvolvido, chegou a vez do ciclo das apresentações ao vivo que começou na televisão (anteriormente aos clipes, a música sempre esteve presente na TV, seja em programas de auditório ou nos famosos festivais) retornar ao lar das transmissões. Não só o playback que havia sido tão adotado foi sendo deixado de lado aos poucos, como foram aparecendo mais e mais atrações com espaço marcado para shows também no Brasil, sendo uma nova temporada remake que o Canal Viva prepara para o Globo de Ouro um dos exemplos mais notáveis.

Por último, as próprias bandas tem explorado o formato online e as possibilidades quase infinitas que ele proporciona. Tem gente que faz transmissão ao vivo do ensaio, enquanto outros improvisam verdadeiros shows completos com interação dos espectadores e alguns apostam em um formato reduzido do que um DVD seria, como o que SILVA lançou hoje. Isso gera uma oferta de produções cada vez mais criativas e diversificadas para o ouvinte/espectador/consumidor.

Houve um tempo para rádio, também para discos e outros formatos físicos, depois portabilidade e digitalização. Muito se fala do formato de distribuição de música por streaming, mas, talvez o que mais caracterize nosso tempo seja o consumo de vídeos ao vivo. O quanto eles são frequentes tanto para quem compra discos quanto pra quem paga mensalidade revela muito sobre isso.

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MARCADORES: Ao Vivo, Discussão

Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.