Witch House: o Oculto e o Artístico

Nomeado por um de seus criadores em tom de brincadeira, o estilo que misturava batidas de eletrônico e Hip Hop com elementos obscuros ganhava nome e começava a repercutir no cenário musical

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Fotos: Salem

Na semana passada, tivemos o Halloween, o Dia das Bruxas, e hoje vamos falar de um estilo que combina com a festa: Witch House. Chamá-lo de estilo pode gerar, e já gerou, polêmica. Então vamos entender um pouco melhor essa discordância entre artistas e mídia.

Entre 2009 e 2010, alguns artistas começavam a fazer um som que misturava música eletrônica com elementos mais sombrios com influência do Drone, Gótico, Darkwave, Noise e Shoegaze em meio a algumas batidas de Hip Hop e House. Um dos artistas a darem início a esse com foi Travis Egedy, o nome por trás do Pictureplane. E foi o mesmo Edegy o responsável por dar o nome ao som que estava fazendo.

Como o próprio disse, o nome foi dado em tom de brincadeira e não era pra ser levado a sério, ainda mais que ao nomear o estilo como Witch House, Travis estava até usando de certa ironia com o “witch”, que fazia referência ao tom obscuro e místico de elementos da música. Entretanto, o nome pegou e fãs, blogs e sites especializados em música adotaram o nome, e assim surgia um estilo de uma certa maneira contraditória.

Deixando de lado a nomenclatura, é certo que uma cena underground de um Eletrônico mais soturno surgia. Além do já citado Picturplane, outro nome do início do Witch House foi Fever Ray, projeto solo de Karin Dreijer Andersson (The Knife). O primeiro disco, homônimo ao projeto, foi lançado em 2009 e já apresentava as características principais do estilo: temática sombria, camadas e sobreposições de ruídos, clipes com simbolismos ligados ao misticismo, magia negra, ocultistmo e bruxaria, downtempo e vocal soturno e arrastado. A partir daí, a fórmula esta criada, e os demais artistas iriam se espelhar para suas criações.

Apesar de ficar praticamente preso no underground, vide a pequena comercialidade do seu som, com uma certa exceção do oOoOO (lê-se “oh”) que apresenta um som menos alternativo e se aproxima do House, o Witch House ganhou um espaço principalmente em 2010/2011 ao, por exemplo, aparecer na trilha sonora da série Skins, com White Ring, influenciando bandas não especificamente do estilo, como é o caso do Crystal Castles, e quase sendo headliner do Sónar 2011, e com Salem, um dos principais nomes do estilo.

O uso de simbolismo, como dito anteriormente, é amplamente utilizado no Witch House. Os elementos atípicos fazem parte da composição artística do estilo, seja em samples dissonantes nas músicas, elementos visuais em clipes e capas de discos (como podem ser vistas na galeria ao final do post – Fonte: Triangle Records), quanto na adoção de diferente tipografia, oriundo muitas vezes de outros alfabetos, como o sânscrito, no nome das bandas, como por exemplo: †‡† (Ritualz), (Black Triangle), GR†LLGR†LL (grill grill) e o †☉ℳᴯℨ. Nomes estes que acabam sendo muitas vezes impronunciáveis, salvo algumas exceções como as listadas.

Apesar de toda essa imagem cabalística, ocultismo, satânica, herege, ou seja lá como muitos rotulam, o Witch House não passa na verdade de uma expressão artística. Como dito pelo próprio Edegy, o “estilo” surgiu sem nenhuma base cultural ou de seita, sendo apenas uma representação musical utilizando referências já conhecidas, principalmente o Industrial e da Darkwave. Desse modo, temos um estilo que não era pra ser estilo e um lado artístico não muito compreendido ou aceito. Mas o que fica é um música que foge do padrão, rompe conceitos e traz um toque, digamos, diferente ao cenário musical.

Discografia Básica:

Fever RayFever Ray SalemKing Night White RingBlack Earth That Made Me PicturplaneDark Rift GR†LLGR†LL*GR†LLGR†LL Mater Suspiria VisionSecond Coming oOoOOoOoOO EP Balam AcabWander/Wonder †‡††‡†

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Autor:

Marketeiro, baixista, e sempre ouvindo música. Precisa comer toneladas de arroz com feijão para chegar a ser um Thunderbird (mas faz o que pode).