Yearbook of Techno: Valentina

Toda semana, vamos apresentar por aqui um formando diferente da “Escola do Techno”

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Fotos: Eduardo Urzedo/Monkeybuzz

Valentina Luz, 22 anos, Mandaguaçu Paraná, viciada em macarrão, cuidados com a pele, maquiagem e moda

Daqui dez anos eu…

Vou conhecer o mundo vivendo da minha arte. É difícil imaginar isso agora, mas quem sabe? Quero fazer turnê na Europa, mostrar o meu trabalho de música para outros públicos. Penso na Itália e na Espanha, mas musicalmente falando Berlim é o close, não é mesmo!?

Se eu pudesse escolher um poder seria…

O de curar tanto as doenças físicas quanto as mentais, porque no Brasil temos muitos casos assim. E queria também ajudar as pessoas a terem discernimento para aceitarem o próximo. Acho que isso seria um poder bafo.

Se eu fosse dominar o mundo…

Existiria muita comida para todos, não teria espaço para o padrão e a política implementada seria a do amor. Um amor com o próximo real e sem julgamentos.

No meu baile de formatura eu quero entrar com…

Queria entrar com a minha mãe. Eu perdi ela aos 18 anos e, hoje, com 22, sinto muita falta. Queria a minha mãe entrando comigo neste momento tão especial.

E na entrada do baile eu quero ouvir…

Fango. Especificamente “Rectum”, que eu adoro e acho muito chique.

O meu look do baile é…

Um Valentino vermelho. Seria tudo!

E vou servir o ponche batizado para…

Eu mesma. Sou mood “fritness”. Eu vou dar para alguém se eu mesma posso ficar bem louca?

Na Escola do Techno o meu grupo é…

Todos. Eu levo o conceito do grupo de uma maneira muito pessoal. Cada um se encontra em uma cena de alguma forma. Eu acabei me encontrando bastante com a galera fechada, mas sou muito aberta. Então acredito que eu consiga me encaixar em todos os grupos. Tem dia que eu não tenho humor nem para dar oi, mas tem dias que eu to realmente com todo mundo.

O maior mico que eu já passei em uma festa…

Foi na minha primeira Mamba Negra como artista. Fiz uma performance muito legal, com aquele techno todo. Eu amei. Então eu fui para um after de rua da festa CALDO e tava lá bem louca e nananã… De repente, me deu uma vontade de fazer xixi, fui no banheiro químico e estava um nojo. Pensei: “meu Deus, quem faz isso?”. Tive que fazer o xixi na rua, coisa que eu não indico pra ninguém. Tirei só uma parte da calcinha, mas o meu estômago virou aquela coisa e eu “chequei” no after! Cheguei nos meus amigos, aquele micão louca, e eles já falaram: “a gente sabe o que aconteceu, vai embora porque o cheiro tá horrível”. Eu fui embora, tomei banho, coloquei a roupa de molho e ainda voltei para o after. Não lembro de passar por nada mais vergonhoso do que isso e eu nunca mais reclamei de banheiro sujo na vida.

O clube que eu fundaria na Escola do Techno é o…

Das fashionistas, porque o que mais tem no rolê é fashionista. Acho que elas precisam de um cantinho só pra elas. E funcionaria de acordo com o look: se estiver ok, pode entrar e, se não estiver ok, vem aqui que tem stylist para te ajudar. Seria ótimo para ajudar algumas amigas.

Eu sou o orgulho da minha família e dos meus amigos, porque…

Eu vivo a minha verdade diariamente como uma mulher trans. Desde a minha adolescência, eu me reconheço como uma e vivo essa verdade encarando a sociedade de frente. Mostrei isso para a minha família, inclusive, que não tinha acesso a informação e pensou que eu viraria garota de programa ou morreria na rua. Eu mostrei que eu estou aqui trabalhando com arte e superando estatísticas. Isso é um orgulho para mim e para todos.

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